Restos de Colecção: Viagem do Cardeal Cerejeira a Moçambique

12 de setembro de 2014

Viagem do Cardeal Cerejeira a Moçambique

Dom Manuel Gonçalves Cerejeira (1888-1977), Cardeal Patriarca de Lisboa - entre 1929 e 1971 - iniciava a 15 de Julho de 1944, uma viagem a Moçambique, a fim de inaugurar a Catedral da Arquidiocese de Lourenço Marques, em representação do Papa Pio XII.

Quadro retratando Cardeal Dom Gonçalves Cerejeira e o seu autor o pintor Henrique Medina (1901-1988)

O Cardeal Dom Gonçalves Cerejeira e sua comitiva embarcaram no paquete “Serpa Pinto”, o melhor navio daCCN - Companhia Colonial de Navegação na época, e que tinha sido “desviado” da habitual carreira da América, para esta viagem. Largou para Moçambique cumprindo o itinerário com as escalas habituais da carreira postal da África Oriental: Madeira, Cabo-Verde, São Tomé, Angola e Moçambique. Uma longa viagem de quase 3 meses que sou terminaria em Lisboa a 1 de Outubro do mesmo ano.

Cardeal Dom Gonçalves Cerejeira e comitiva que o acompanhou na viagem

Paquete “Serpa Pinto” (1940-1950)

Serpa Pinto (1940-1955)

Sala do trono e aposentos do Cardeal Dom Gonçalves Cerejeira no paquete “Serpa Pinto”

Paquete Serpa Pinto.3 Paquete Serpa Pinto.5

 

Chegada do Cardeal Dom Gonçalves Cerejeira a Lourenço Marques a 12 de Agosto de 1944

A seguir, fotos da inauguração da Catedral de Lourenço Marques a 14 de Agosto de 1944

Arcebispo de Lourenço Marques Cardeal DomTeodósio Clemente de Gouveia, Cardeal Dom Manuel Gonçalves Cerejeira e Governador-Geral de Moçambique General Tristão de Bettencourt

No número especial do “Boletim Geral das Colónias”, de Dezembro de 1944, e  dedicado a esta viagem do Cardeal Dom Gonçalves Cerejeira, podia-se ler na sua introdução:

«O facto, de largo alcance e profundo significado, não foi apenas valioso para os católicos dos nossos domínios africanos - que viram o Papa na pessoa veneranda do Seu Representante.
Nenhum português, digno dêsse nome, pode deixar de ligar ao acontecimento a alta importância de que êle se revestiu e o prestígio que ao Mundo provou o nosso País, porquanto o Sumo Pontífice quis dar mais um eloqüente testemunho da Sua paternal afeição pela Nação Portuguesa, nesta hora cheia de dúvidas que os povos estão vivendo, afirmando de tal forma, que continua a confiar a Portugal a missão bem complexa e honrosa de levar ao gentio a palavra civilizadora e salvadora do Evangelho.
Reconhecendo a nossa valia como nação missionária - que sempre o temos sido, com cêrca de sete séculos de actividade prodigiosa - , o Vigário de Cristo reforçou a Sua confiante distinção escolhendo para Legado Pontifício um Cardeal de Portugal.»

    

Esta seria a sua terceira grande viagem. A primeira tinha sido em 1934 deslocando-se ao Brasil e Argentina. A segunda no ano seguinte, em 1935, quando viajou à América do Norte, a fim de contactar as comunidades portuguesas lá estabelecidas.

Mas, apesar das três longas viagens em paquetes, e aquando da sua visita a Roma em 1939, para tomar parte no conclave que elegeu o Papa, o cardeal Paccelli (Pio XII), o Cardeal Dom Gonçalves Cerejeira ao descer do trimotor italiano em Sevilha, a caminho de Roma, declarou a um repórter do "Diario de Lisbôa" :

«- Mas, se Deus mandar o contrario (referia-se á possibilidade de ser eleito Papa) o Vaticano passará a ter um avião ao seu serviço, tal é o prazer que sinto em utilizar tão progressivo meio de transporte.»

fotos in:  Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Memorias d’Africa e d’Oriente, Blogue dos Navios e do Mar

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