Restos de Colecção: Prémios Valmor de Arquitectura (1)

1 de setembro de 2014

Prémios Valmor de Arquitectura (1)

Instituído há mais de um século, em 1902, o “Prémio Valmor de Arquitectura” surge na sequência de indicações deixadas no testamento do segundo e último Visconde de Valmor, Fausto Queiroz Guedes (1837-1898), diplomata, político, membro do Partido Progressista, par do reino, governador civil de Lisboa e grande apreciador de belas artes.

Recordo que o título de Visconde de Valmor, foi instituído por decreto do Rei Luís I de Portugal, de 11 de Março de 1867, em benefício de José Isidoro Guedes, que viria a ser o I Visconde de Valmor. O II Visconde Valmor seria Fausto Queiroz Guedes.

                 I Visconde de Valmor, José Isidoro Guedes               II Visconde de Valmor, Fausto Queiroz Guedes

                     

“Palácio Valmor”, no Campo dos Mártires da Pátria, actualmente Embaixada da Alemanha

Falecido em França em 1878, segundo o seu testamento, uma determinada quantia de dinheiro era doada à cidade de Lisboa de modo a criar-se um fundo. Este passaria a constituir um prémio a ser distribuído em partes iguais ao proprietário e ao arquiteto autor do projeto da mais bela casa ou prédio edificado.

Jazigo dos Viscondes de Valmor no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa

Seria dado o nome de Avenida Visconde Valmor a uma artéria perpendicular à então Avenida Ressano Garcia, que após a implantação da República em 1910 mudaria a sua designação para a actual Avenida da República.

Início da Avenida Visconde de Valmor. Na foto a casa de José Cândido Branco Rodrigues (Arq. Manuel Joaquim Norte Júnior). Menção Honrosa do Prémio Valmor 1908 e demolida em 1949

Surge assim, com o nome do seu instituidor, o “Prémio Valmor de Arquitectura”, cuja atribuição era da responsabilidade da Câmara Municipal de Lisboa, ficando esta sob fiscalização do “Asilo de Mendicidade de Lisboa”. A Câmara elaborou então um regulamento segundo o qual seria anualmente nomeado um júri de três membros, todos arquitectos, que avaliariam as várias edificações. Adaptando-se a mudanças, quer de mentalidade, quer no modo de fazer arquitectura, quer ainda a nível de regulamento, é um dos mais prestigiados prémios de arquitectura em Portugal.

“Anuário dos Arquitectos Portugueses” - II Ano 1906

Publicarei uma série de 4 artigos, evocando os primeiros 50 anos deste “Prémio Valmor de Arquitectura” no período entre 1902 a 1952.

Lista dos primeiros 50 anos

     Prémios Valmor de Arquitectura de 1902 a 1908

1902 - Palácio Lima Mayer, de Adolfo de Lima Mayer (Arq. Nicola Bigaglia), na Rua do Salitre
1903 - Casa Ventura Terra (Arq. Miguel Ventura Terra), na Rua Alexandre Herculano (à direita a Sinagoga de Lisboa)

 

1905 - Casa Malhôa, do pintor José Malhôa (arq. Manuel Norte Júnior), na Avenida 5 de Outubro
  1906 - Casa da Viscondessa de Valmor (viúva do visconde) (Arq. Miguel Ventura Terra), na Avenida da República

 

1907 - Casa de Ernesto Empis (Arq. António do Couto Abreu), na Rua Luciano Cordeiro
1908 - Prédio de Guilherme Augusto Coelho (Arq. Arnaldo Adães Bermudes), na Avenida Almirante Reis

 

Observação: não foi atribuído prémio no ano de 1904.

Outros 3 artigos se seguem referentes ao “Prémio Valmor de Arquitectura”, até 1952:

Prémios Valmor de Arquitectura (2);
Prémios Valmor de Arquitectura (3);
Prémios Valmor de Arquitectura (4)

fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Hemeroteca Digital

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