Restos de Colecção: Loja das Meias

12 de março de 2013

Loja das Meias

A “Loja das Meias” situada na esquina da Rua Augusta com o Rossio, em Lisboa, era em 1846 propriedade de Joaquim António Vieira. No ano de 1903 foi herdada por quatro empregados, dos quais um abandonou o estabelecimento e outros dois entretanto faleceram. Restou apenas um como proprietário, Francisco Pedro Rodrigues da Costa. A loja dedicou-se ao negócio de meias e espartilhos, e no ano de 1905 sofre algumas intervenções de fundo no seu aspecto e decoração.

“Loja das Meias” em 1917




gentilmente cedido por Carlos Caria

Em 1925 a “Loja das Meias” é ampliada com a ocupação do andar superior, introduzindo-lhe um elevador e rasgando as montras do primeiro andar com montras para a Rua Augusta e para o Rossio. Foi também adoptado nesse ano a originalidade de conceito de montras temáticas, tendo concorrido a diversos concursos de montras entretanto criados pelo “SPN - Secrtariado de Propaganda Nacional”.

Na década de 30 do século XX, realizaram-se obras de modernização luxuosa com projecto do arquitecto Raúl Lino e colaboração de artistas plásticos mais famosos na época. São remodeladas as fachadas exteriores, ampliada a loja e criadas novas secções. De referir o caso da secção de Perfumaria que surge em 1936, altura em que os perfumes se vendiam apenas em drogarias, a secção de Acessórios, com carteiras, cintos e bijuteria, e a Confecção de Senhora por medida. Foi nesta época que surgiram as primeiras meias de vidro (nylon) que fizeram grande sensação na época.

Loja das Meias” nos anos 50 do século XX com novo visual desde 1933

  

No início de 1960 a “Loja das Meias” é alvo de de grandes obras de remodelação e ampliação do espaço, com projecto do arquitecto Carlos Tojal, com a colaboração do artista plástico Querubim Lapa, tendo a obra ficado a cargo da empresa “Diamantino Tojal, Lda.”. Reabriria a “nova” loja em 17 de Outubro de 1960.

Em consequência deste facto, a “Loja das Meias” abre-se a uma nova clientela que surge nos anos 60 do século XX com grande poder de compra: os jovens. À clientela feminina e masculina é oferecido uma impressionante selecção de pronto a vestir, importado sobretudo da Itália, França e Inglaterra. No final desta década a “Loja das Meias” introduziu pela primeira vez em Portugal as calças jeans - da marca “Levi's” - com grande sucesso.  

16 de Outubro de 1960

Loja das Meias” com a fachada renovada em 1960

Interior da “Loja das Meias”

 

                               

  

 

Resultado da expansão da cidade de Lisboa e do início da alteração dos hábitos de consumo com o aparecimento de  novas zonas comerciais, abre em 1971  no “Centro Comercial Castil” , na Rua Castilho, a sua 2ª loja e servida de estacionamento automóvel.

Em 1981 e no seguimento da sua expansão, abre a sua 3ª loja em Lisboa, no “Centro Comercial das Amoreiras”, e projectada pelo arquitecto Carlos Tojal.

                                                                 

Numa pequena moradia dos anos 40 do século XX, situada no centro histórico de Cascais, era aberta no ano de 1995 uma nova loja. Foi responsável pela obra de restauro e adaptação da moradia, o arquitecto Francis Leon.

Em 2007 é encerrada a centenária loja na Rua Augusta e adquirido o seu espaço pela multinacional “Benetton”, sendo mantidas em funcionamento as restantes lojas em Lisboa e Cascais.

                                             “Benetton” no antigo espaço da “Loja das Meias”, na Rua Augusta

                                                             

A “Loja das Meias” está a preparar a sua estreia nos mercados internacionais, com a intenção de abrir lojas em Angola e Marrocos em regime de franchising. Já no mercado interno o grupo manterá as actuais três lojas.

Nota: para a elaboração do texto foi, também, consultado o blog Ruas de Lisboa com Alguma História

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Arquivo Municipal de Lisboa, Loja das Meias

2 comentários:

Manuel Tomaz disse...

Assisti ao seu apogeu e ao seu fim. Dir-se-ia que a Loja das Meias do Rossio, entre outras, simbolizam o declínio do Comercio da Baixa Pombalina.
Os meus cumprimentos
Manuel Tomaz

Unknown disse...

que sera feito do mr. Baptista que era extremammente atencioso ?