Restos de Colecção: Jardim Passos Manoel

6 de março de 2013

Jardim Passos Manoel

O “Jardim Passos Manoel” foi inaugurado a 18 de Março de 1908, na Rua Passos Manuel na cidade do Porto.

Ao longo de três décadas foi local privilegiado das noites boémias portuenses, dos amantes do cinema - o animatógrafo mais evoluído da época - do music-hall e de outros acontecimentos culturais. Concebido com base nos jardins parisienses de então, apresentou os maiores êxitos musicais da época, que faziam furor por toda a Europa.

Jardim Passos Manoel (entrada)

Hall

O “Jardim Passos Manoel” era propriedade da empresa distribuidora de filmes “União Cinematographica Limitada”, de Raul Lopes Freire, e também proprietária dos animatógrafos Salão Central e do Chiado Terrasse ambos em Lisboa.

No início do século XX, a cidade do Porto assumia-se como o centro da actividade musical do país e o “Salão Jardim Passos Manuel”, onde se passava parte da vida do Porto, era o lugar da cultura e o ponto de encontro da sociedade portuense.

Em 1911, este Salão é renovado e ampliado, passando também a incluir jardim-esplanada, salão de festas, pavilhão restaurante, hall e um pequeno teatro. Um local elegante, com amplos jardins, que proporcionava todo o tipo de entretenimento.

1912

1913


Tinha um jardim-esplanada, um cinematógrafo, uma sala de "loto" (espaço que hoje é ocupado pelo “Cinema Passos Manuel”), um cinema ao ar livre, quiosques, um restaurante de luxo, um café de negócios, um café-concerto onde actuavam permanentemente uma orquestra e dois sextetos, um salão de festas, um clube nocturno, um coreto em forma de concha onde tocavam as bandas filarmónicas e um parque para as crianças.

                                                                            Salão de Concertos e Teatro

 

No nº 3 da revista "Cine-Revista" de 1 de Julho de 1912 lia-se:

«Trazendo-nos de assombro em assombro, a Casa Gaumont projectou a semana finda, no écran do Jardim Passos Manoel, uma autentica maravilha da Cinematografia.
Falamos do film "Ouro que fascina e mata", e bastará uma enunciação rapida da sua afabulação para dar a quem o não viu ideia clara da nova obra, formidavel de fantasia e enscenação que a Casa Gaumont acaba de realizar.
Nunca, talvez, a sensação da vertigem foi tão nitidmente transmittida a espectadores da Cinematografia.»

                                  Central eléctrica                                                                   Jardim e esplanada

 

                                                                                       Restaurante

                

No fim dos anos 20 do século XX, acompanhando a evolução dos hábitos e dos tempos, o “Jardim Passos Manoel” renovou-se. Abria as portas ao fim da tarde, como café-concerto. Às nove e meia começavam as sessões de cinema. No jardim, durante o Verão, havia exibições ao ar livre. Mas a grande boémia começava depois da meia-noite. O music-hall recebia uma clientela masculina de todas as idades e extractos sociais, atraída pela sedução das danças das coristas e pelo salero e sapateado das espanholas.

Palco exterior

 

Edifício do restaurante e palco coreto

1912


Estar no Porto e não ir ao “Jardim Passos Manoel” era como ir a Paris e não ver a Torre Eiffel ou ir a Roma e não ver o Vaticano. O espaço era de tal forma importante para a cidade, que até se cunhou uma moeda própria, aceite nas lojas e cafés das redondezas.

1912

Em 1938 o “Salão Jardim Passos Manuel” foi desactivado e posteriormente demolido para dar lugar ao Coliseu do Porto”, inaugurado a 19 de Dezembro de 1941, e ao “Cinema Passos Manuel”.

                                       Coliseu do Porto                                  Cinema Passos Manuel no edifício do Coliseu do Porto

                               

Fotos in: Coliseu do Porto, Cinemateca Portuguesa

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