A “Base Aérea das Lajes” - Base Aérea nº 4 - fica na Vila Praia da Vitória, freguesia das Lajes, na Ilha Terceira do Arquipélago dos Açores. Tem ainda anexo o molhe norte do porto da Vila Praia da Vitória (Porto Militar), ao qual está ligada por uma estrada militar, além de instalações de telecomunicações e de armazenamento de combustíveis dispersas pela ilha, boa parte destas, hoje, já desactivadas.
1954
Em 1926 tem lugar a primeira ligação aérea nacional Lisboa-Açores, sendo realizada em hidroavião “Fokker”, oferecido à Aviação Portuguesa por açorianos residentes na América do Norte.
Em 1928, é nomeado o Tenente-Coronel aviador Alberto du Courtiils Cifka Duarte, então inspector de aeronáutica, para estudar a possibilidade de construir um aeroporto numa das Ilhas dos Açores, concluindo-se que a pista deveria ser construída na Achada, zona planáltica entre a cidade de Angra do Heroísmo e as Lajes, na Ilha Terceira.
Construído junto à estrada militar, era de terra batida, com 600 metros de comprimento por 70 de largura, em uma vasta área de pastagens. A inauguração ocorreu a 4 de Outubro de 1930, tendo um biplano “Avro” 504 K, dotado de um motor “Guome-Rhone” de 110 cv, alçado vôo sob os olhares de centenas de espectadores. A aeronave, batizada como "Açor", era pilotada pelo capitão piloto aviador Frederico Coelho de Melo.
Chegada do “Açor” ao campo de aviação da Achada Piloto Frederico de Melo
Em 1934, o Serviço de Engenharia Militar, na sequência de estudo do Coronel Eduardo Gomes da Silva, natural da Ilha Terceira, inicia a construção de uma pista de terra compactada na planície das Lajes, sob a supervisão do Capitão Eng.º Magro Romão.
Em 1941, face à evolução da II Guerra Mundial, o Governo Português destaca para os Açores um Corpo Expedicionário, entre o qual se contam duas Esquadrilhas de Caça equipadas com aviões “Gladiator”. Uma (N.° 1 - comandada pelo Capitão Piloto Aviador Rodrigues Costa) destina-se a Santana, em S. Miguel e a outra (N.° 2 - comandada pelo Tenente Piloto Aviador Manuel Pinto Machado de Barros) destina-se às Lages, na Ilha Terceira.
No dia 04 de Agosto de 1942, segundo narra o artigo 6. ° da Ordem de Serviço do Grupo de Esquadrilhas N.° 2, as Forças de Aeronáutica nos Açores passaram a constituir a Base Aérea N.°4, no Aeródromo de Santana em S. Miguel, e a Base Aérea N.° 5, no Aeródromo das Lages na Terceira.
Chegada de um dos primeiros aviões da RAF em 1943
A 08 de Outubro de 1943, após acordo assinado invocando a velha aliança existente entre Portugal e a Inglaterra, o Grupo-247 das Forças Inglesas chega à Terceira, aqui permanecendo até Junho de 1946. De entre os melhoramentos e construções efetuadas destaca-se o revestimento da pista, construída pelos portugueses, com placas metálicas. Trinta dias após o desembarque inicial das Forças inglesas era afundado o primeiro submarino alemão.
Presença britânica nas Lajes entre 1943 e 1946
Na última foto: Um “Ultra Fox life boat” a ser carregado num bombardeiro britânico «Vickers Warwick» ASR (o mesmo da antepenúltima foto).
«Com relação ao Campo da Achada, na Terceira, essa pista tinha a sua operação prejudicada pelo nevoeiro que a encobre durante parte do ano, e a solução encontrada foi deslocar as operações para a planicie das Lajes, construindo uma nova pista. Após extensas negociações, em acordo firmado entre Portugal e a Grã-Bretanha (1 de Agosto de 1943), o primeiro concedeu à segunda facilidades na Base Aérea nº 4 e na das Lajes, recebendo em troca a cessão de seis esquadrilhas de caças Hawker Hurricane. Desse modo, ainda naquele ano (1943) desembarcaram no porto de Pipas, em Angra, três mil militares ingleses, rumando para as Lajes, onde ampliaram e reforçaram a pista visando utilizá-la como base para a luta anti-submarina no Atlântico Norte. No início de 1944 foi a vez do desembarque de tropas estadunidenses, em Angra e em Praia da Vitória, um efetivo de 1400 homens transportando 1700 toneladas de equipamento para nova ampliação e reforço da pista das Lajes.» in: Nùcleo Filatélico de Angra do Heroísmo
Em Fevereiro de 1944 é a vez dos Estados Unidos aqui se instalarem com destacamentos da Força Aérea, da Marinha e do Exército. Em princípios de 1945, os EUA transferem o destacamento para a Ilha de Santa Maria onde constroem o Aeroporto a partir do qual operam, enquanto os ingleses se mantêm nas Lajes.
A 03 Junho de 1946, após o final da guerra, termina a cedência da Base Aérea das Lajes à Grã-Bretanha. A Bandeira Britânica é arriada, içando-se a Bandeira Portuguesa na presença de representantes dos governos Português e Britânico.
Em 1946, com a saída dos britânicos, um destacamento das Forças dos EUA transfere-se definitivamente para a Base Aérea nº 4 (Lajes).
Em 6 de Setembro de 1951 é estabelecido o "Acordo de Defesa entre Portugal e os Estados Unidos da América”, para cedência da utilização da Base das Lajes. Depois deste Acordo ter sido estendido em 13 de Dezembro de 1983, em 21 de Junho de 1995 viria a ser novamente prorrogado pelo novo acordo designado por: “Acordo de Cooperação e Defesa entre a República Portuguesa e os Estados Unidos da América” a par dos “Acordo Técnico” e do “Acordo Laboral”.
A partir daí o aeródromo passa por uma série de melhoramentos, a estrutura da Base é reorganizada e assiste-se a um aumento considerável do movimento de aeronaves, como os «Boeing» B-17, «Douglas» C-54, «Albatroz» SA-16, «Sykorsky» SH-19 e «Douglas» C-17 Dakota que passam a operar a partir das Lajes.
Presença americana desde 1946
Aviões tanque de reabastecimento “Mcdonnell Douglas” DC-10 em 1993
Dependências e habitações para pessoal da Base
Corpo de Bombeiros da Base das Lajes
À Base Aéra nº 4 foi atribuída a missão de Busca e Salvamento. Secundariamente, executam-se missões de Reconhecimento Meteorológico, de Transporte Aéreo e de Formação de Pilotos e Navegadores para aviões plurimotores.
De 1946 a 1961 a Base Aérea nº 4 cumpre eficazmente a sua missão, sendo notório o abrandamento da sua atividade a partir daí, uma vez que o centro das atenções se transfere então para a guerra em África.
Club da Base das Lajes
Em 1978 a Base Aérea nº4 é integrada no Comando Aéreo dos Açores, sendo-lhe atribuída uma missão que engloba a Busca e Salvamento, o Transporte Tático e o Patrulhamento Marítimo na área do Arquipélago, atividades que continuam hoje como parte integrante da sua missão. As suas unidades aéreas desempenham, ainda, um papel preponderante no apoio às populações e autoridades civis locais, nomeadamente através das evacuações sanitárias e do transporte inter-ilhas.
Base Aérea nº 4, actualmente
Testemunho do cabal cumprimento das missões atribuídas é a condecoração da BA4 com a medalha de ouro dos serviços distintos, concedida a 16 de julho de 1980 pelo Presidente da República, bem como o louvor e a medalha de ouro de serviços distintos concedidos ao Grupo Operacional 41 pelo Ministro da Defesa Nacional, respetivamente em 23 e 29 de maio de 1991.
Em 1993 o dispositivo da Força Aérea nos Açores sofre grandes alterações. Assim, a partir de 26 de Fevereiro de 1993, é extinto o Comando Aéreo dos Açores ficando a Força Aérea a dispor no Arquipélago unicamente de uma Unidade Base, a Base Aérea N.°4. Consequentemente, o Chefe do Estado Maior da Força Aérea, em 08 de Outubro de 1993, determina a reorganização da Base Aérea nº4, de que se salienta a extinção das Esquadras 503 e 752, aglutinadas numa única Esquadra, a 711, constituída por duas Esquadrilhas equipadas com as aeronaves das suas antecessoras e por uma Esquadrilha de Manutenção de Aeronaves.
Aeronaves americanas estacionadas nas Lajes
Fotos in: Old Portugal, Força Aérea Portuguesa, Delcampe.Net, Núcleo Filatélico de Angra do Heroísmo
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