Restos de Colecção: Lisboa Penta Hotel

13 de janeiro de 2025

Lisboa Penta Hotel

O "Lisboa Penta Hotel", ou simplesmente "Hotel Penta", abriu ao público em 15 de Maio de 1975, na Avenida dos Combatentes, em Lisboa, avenida que o separava do vizinho "Hospital de Santa Maria" . Para a sua construção foi constituída a firma "Soteis- Sociedade de Turismo e Hotelaria, S.A.R.L.", formada com a participação nacional de bancos, de entidades privadas e ainda da "TAP - Transportes Aéreos Portugueses" e de mais quatro empresas europeias de transporte aéreo - "British Airways", "Lufthansa", "Air France", "Swissair" - que mantinham importante tráfego de passageiros com Lisboa. A exploração ficou a cargo da multinacional alemã criada em 1971: "Penta Hotels"

Com a sua construção iniciada pouco antes de 25 de Abril de 1974, o projeto de 1971, foi da responsabilidade dos arquitectos Frederico Henrique George (1915-1994), Manuel Guilherme Pardal Monteiro Magalhães (1939- ) e Daciano da Costa (1930-2005) nos interiores. Quanto à arquitectura e design dos interiores a equipe liderada por Daciano da Costa foi constituída por Cristóvão Macara, Oterelo dos Santos, Guilhermina Campos e Jorge Cid. Além das participações dos arquitectos paisagistas Gonçalo Ribeiro Telles e Francisco Caldeira Cabral, da empresa "Risco" (grafismos e sinalização interior), Fernando Conduto (escultura); Maria Velez, Sa Nogueira e "Charrua" (tapeçarias). O mobiliário foi fornecido pelas seguintes empresas: "Metalurgica da Longra, Lda.", "Móveis Sousa Braga", "Móveis Campos", "Móveis Olaio", António Martins Sampaio, além das alcatifas fornecidas pela "Fábrica de Tapetes Vitória".

De registar que, foi o único grande empreendimento turístico hoteleiro que, iniciado imediatamente antes do 25 de Abril de 1974, não interrompeu a sua construção nesse período. Logo na sequência de abertura do hotel, este ficou ocupado por retornados das ex-colónias em cerca de 75 por cento da sua capacidade. 

Como maior hotel de Portugal, e de 4 estrelas, oferecia na altura da sua abertura 592 quartos, 3 restaurantes - "Verde Pino", "Passarola Grill" e "Zurique" -  bar "Zodíaco", pequenino shopping center, lobby-bar, cabeleireiro, piscina, garagem, salas para conferências e festas, etc. 






Hall do oitavo piso


Ficha técnica da tapeçaria indicativa do oitavo piso da foto anterior (Atelier Daciano da Costa)



Ambas as fotos do restaurante "Verde Pino"



Ambas as fotos do Bar "Zodíaco" com Joel Branco a actuar


A 1 de Outubro de 1999, o "Hotel Penta" passa para a gestão do grupo "Marriott Hotels" (o maior do mundo, com 7 mil hotéis de 30 marcas, incluindo "Ritz-Carlton", "Sheraton" e "Meridien") na sequência do acordo assinado com a dona da unidade, "Soteis- Sociedade de Turismo e Hotelaria, S.A." já pertença do iraquiano Fares Albaker. 






"Passarola Grill"


Bar "Zodíaco"




Duas perspectivas de um quarto duplo




Em 2003, o "Lisbon Marriott Hotel" foi totalmente reabilitado, tornando os espaços mais modernos, acolhedores e luxuosos. A "Engexpor" foi a empresa responsável pela gestão do projeto, garantindo assim, de forma eficiente, os altos padrões de conforto e qualidade que a "Marriott Hotels" pretendia proporcionar aos seus hóspedes.

O professor João Paulo Martins da Universidade Técnica de Lisboa - Faculdade de Arquitectura (Departamento de Arte e Design) diria a propósito, numa entrevista:
«Ou os Marriott quando compraram o Penta. A primeira coisa que fizeram foi retirar os móveis modernos e pôr umas coisas com “bigodes”. De facto na altura, como diz, eram poucos os clientes e o processo produtivo era controlado por uma elite, mas eram esclarecidos. Tinham uma aposta determinada num gosto moderno.»

Classificado de 4 estrelas, e na sequência da sua profunda remodelação, os seus18 pisos acima do solo, acolhem 577 quartos de luxo, entre os quais 12 suites e uma suite presidencial, 18 salas de reunião que cobrem cerca de 2.000 m², bar e restaurante, fitness center, lojas e parque de estacionamento no subsolo com 6.000 m². As traseiras do hotel foram transformadas num jardim tropical que se estende por 4.000 m², onde está localizada a piscina ladeada de palmeiras. Continua a ser o maior hotel de Lisboa e do país.







Nota: não quero terminar, sem reconhecer, com inteira justiça, o trabalho desenvolvido, quer do ponto de vista histórico como fotográfico e documental das páginas de "Facebook" elaboradas por antigos funcionários do antigo "Lisboa Penta Hotel". Os meus públicos e merecidos agradecimentos.


6 comentários:

Anónimo disse...

O arquitecto Manuel Magalhães era de seu nome completo,Manuel Pardal Monteiro Magalhães e terá nascido 39/40

José Leite disse...

Grato pela informação adicional

Rui Figueiredo disse...

Uma pequena correcção factual ao início do seu notável post: Daciano da Costa não foi arquitecto, mas antes um mestre do design a quem devemos, entre outros, o equipamento de importantes edifícios públicos (FCG, CCB, BN, etc).
Tive a honra de ter sido seu aluno, tal como de Frederico George, nos idos de 77-78 do século passado

José Leite disse...

Caro Rui Figueiredo
Eu sei que Daciano da Costa era mestre em design e arquitrecto de interiores.
Mas no site do próprio gabinete de arquitectura Daciano da Costa a ficha deste projecto refere:

"Projecto Geral de Arquitectura:
Frederico George e Manuel Magalhães, com Daciano da Costa"

O que me levou a indicá-lo na equipe de projectistas
Grato pela sua "achega" e os meus cumprimentos.

Anónimo disse...

Tenho uma memória muito concreta do Penta: uma amiga dos meus pais era hospedeira da American Airlines, um dia veio a Lisboa e ficou lá instalada. Fomos visitá-la no quarto, espaçoso e confortável, eles ficaram tanto tempo na conversa que eu levei o meu gira-discos portátil Philips e ouvi o álbum completo dos Genesis "Nursery Crime". Deve ter sido tão agradável que sempre que ouço uma faixa desse disco vem-me à memória o ambiente acolhedor e confortável em tons de lã castanha, laranja e vermelha, tão características dos anos 70. Parabéns pelo seu trabalho que sigo há anos e que tem sido inestimável na preservação das memórias, sobretudo de Lisboa. Francamente acho que deveria ter um reconhecimento a nível oficial, isto é um serviço público meritório. O cuidado na pesquisa e documentação, bem como o gosto na apresentação são notáveis, temo o dia em que acabe. Obrigado.

José Leite disse...

Muito obrigado pelo seu amável comentário em relação ao meu trabalho. Igualmente interessante o que nos relata. Os meus cumprimentos.