A casa "Ramos & Silva", foi fundada em 1884 por Alfredo Inácio Ramos da Silva e seu irmão José Inácio da Silva que adoptaram esta denominação social . A primitiva sede foi numa modesta casa da Rua da Escola Politécnica, 26 transferida depois para instalações mais amplas na Rua Nova do Carmo, 6 onde se conservou até 1902. Neste ano passou então para o Chiado, 63 e 65, para uma loja que anteriormente tinha servido de "Deposito de Machinas de Costura", desde 1879.
Estas consideracões se nos teem dispertado, sempre que descemos o Chiado pelo lado direito e que olhamos o importante estabelecimento dos dois infatigaveis e probos irmaos. Alfredo Ignacio Ramos da Silva e Jose Ignacio da Silva, incansaveis propagadores do para-raios, em Portugal, a dois caracteres que se destacam tanto pela sua honradez como pelos elevados dotes de coração que possuem.
Naturaes do Pombalinho, concelho de Santarem, fundaram em 1884 em diverso local, o estabelecimento eletricista e occulista que hoje possuem. (…)
Alem dos para-raios, que são hoje o seu maior titulo de gloria e o mais Importante artificio da sua officina, que elles se orgulham de ter collocado nos edificios mais nobres de Portugal como se pode vêr pela relação que a todos gratuitamente fornecem, é importante a sua colecção de Instrumentos cirúrgicos, aparelhos electricos e multos outros objectos que vendem conscienciosamente.
Teem feito e continuam a fazer installações de luz electrica, tanto derivada da corrente fornecida pela Companhia, como mandada crear por particulares. Atualmente estão curando da instalação de telephones na Figueira e em Coimbra e pensando n'outros empreendimentos que os honram e contribuem para o bom nome de Portugal.» in: jornal "Vanguarda" de 16 de Novembro de 1906.
5 de Junho de 1897
Possuindo os proprietários da casa "Ramos & Silva" longa prática do ramo, adquirida enquanto empregados da especialidade, puderam iniciar com sólidas possibilidades de êxito os alicerces do que mais tarde viria a ser uma conceituada firma. Por isso, as transações avolumaram-se, obrigando a mudança sucessiva de instalações até aquelas que viriam a ocupar no Chiado.
Mas, em 27 de Fevereiro de 1909 Alfredo Inácio Ramos da Silva deixou de fazer parte da sociedade, o qual deu à firma a designação que subsistiu por muitas décadas . No "Diario do Governo" de 12 de Fevereiro de 1910: «Por escritura de 27 de Fevereiro de 1909, lavrada nas notas do cartorio do notário Rodrigues Grillo, d’esta cidade, foi dissolvida a sociedade que girava sob a firma Ramos & Silva, de que eram únicos socios Alfredo Ignacio liamos a Silva e José Ignacio da Silva, para o commercio de artigos de electricidade e optica e seus congeneres, ficando todo o activo e passivo a cargo do segundo, e exonerado o primeiro dos seus direitos e obrigações. Lisboa, 10 de fevereiro de 1910. - José Ignacio da Silva. (segue-se o reconhecimento)»
Contudo voltaria tudo a como dantes, e no "Diario do Governo" de 16 de Fevereiro de 1910: «Por escritura de 16 de fevereiro de 1910, lavrada nas notas do notario Rodrigues Grillo, d’esta cidade, foi constituida entre José Inácio da Silva e Alfredo Inácio Ramos da Silva uma sociedade em nome collectivo, sob firma Ramos & Silva, para o commercio de artigos de electricidade e óptica e correlativas, com sede em Lisboa e estabelecimento na Rua Garrett nº 63 e 65. Lisboa, 16 de fevereiro de 1910. - Ramos & Silva. - (Segue-se o reconhecimento).»
Dando um apreciável incremento aos negócios da casa, José Ignacio da Silva tomou de trespasse um estabelecimento congênere na Rua do Ouro, 140, onde em 1924 inaugurava uma filial.
1908
Por falecimento, em 1941, de Alfredo Inácio da Silva, passou a propriedade da firma à viúva e filhos, ficando a gerência atribuída a José Inácio Restani da Silva que desde 1926, apenas com a idade de 12 anos, colaborou incessantemente com o pais.
Entretanto, e com mais de meio século de existência a casa "Ramos & Silva, Sucessor" conseguiu um lugar de relevo e no comércio de óptica e electricidade. Guiada por mão firme e conscienciosa depressa se evidenciou, não só pela qualidade dos artigos à venda, como na honesta maneira de negociar.
13 de Maio de 1911
11 de Maio de 1934
Assim, Ramos & Silva, Sucessor infundiram a maior confiança entre os clientes que os distinguiram com a melhor preferência, sendo hoje fornecedores habituais de organismos do Estado, tais como, hospitais, Cooperativa Militar, Caminhos de Ferro Portugueses, etc. etc.
A lacuna deixada pela morte do proprietário e fundador da firma Ramos & Silva, Sucessor foi atenuada pela ocupação de tão elevado cargo por seu filho, que alia à prática conhecimentos vastos e profundos do assunto.
E' difícil o comércio de óptica e electricidade que exige, para o conduzir, pessoa tecnicamente habilitada e com perfeito grau de cultura. José Inácio Restani da Silva está nas condições impostas pela complicada na tureza do ramo, legado pelo pai. Herdando as qualidades de trabalho e honestidade do seu progenitor, continua impondo à consideração de todos o nome respeitoso da firma que tão brilhantemente triunfou na praça de Lisboa.
Esta firma é deposítária de lentes incolores, lentes em côr de diversas tonalidades, lentes bifocais de vários tipos das mais conhecidas marcas (Stigmal, Busch, Zeiss, etc), executando com rapidez e absoluta perfeição todo o receituário da clínica oftalmologista.» in: "Praça de Lisboa" (1945)
A loja da "Ramos & Silva, Lda." na Rua Garrett , seria completamente renovada sob projecto do arquitecto Fernando Silva (1914-1983), de 1964, e com projecto de estruturas do engenheiro Nuno Leitão Abrantes, tendo sido inaugurada a sua reabertura em 19 de Julho de 1966. A montra e porta eram amplas e em vidro temperado, a caixilharia era em alumínio anodizado em cor natural, e a moldura da montra em mármore de Estremoz branco, encimada por um pala rectangular. O design de interiores, da responsabilidade de Penaguião e Silva, assumia particular relevância em termos de modernidade, com as suas vitrines em aço, o seu mobiliário elegante, em tons creme, e toda a concepção em termos de iluminação, etc.
A Óptica "Ramos e Silva" - fundada em 1888, viria a ser adquirida em 2006 pela "André Ópticas", e passa a denominar-se "Óptica do Chiado", com oficina própria, contactologia, optometria e ortóptica. Era uma casa de referência, sócia nº 1 da "Associação Nacional de Ópticos". A loja manteve-se praticamente inalterada até ao dia em que encerrou por motivos de obras no prédio. As promessas de que iria reabrir após as ditas obras não se confirmaram, pelo que o seu encerramento definitivo foi declarado em 26 de Setembro de 2023.
Entretanto a "André Ópticas", em 22 de Março de 2023, já tinha aberto outra loja (lindíssima diga-se ...) no lugar da famosa "Sapataria Garrett", mesmo no "outro lado da rua" ...
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