Restos de Colecção: "Jardim de Lisboa" de J. Peixinho & C.ª

25 de agosto de 2024

"Jardim de Lisboa" de J. Peixinho & C.ª

Tudo começou, em 1893, num vão de escada na Rua Nova do Carmo, 32, em Lisboa. A nova loja de flores e plantas naturais "Jardim de Lisboa", pertença da firma "Jose Gonçalves Peixinho & Paes", foi inaugurada a 9 de Abril de 1898, na Rua Nova do Carmo, 49 em Lisboa. A firma era formada por Jose Gonçalves Peixinho e seu sócio de apelido Paes. O nome "Jardim de Lisboa" viria a ser apresentado a registo, por "J. Peixinho & C.ª", com sede na Rua Nova do Carmo, em Lisboa, em 3 de Fevereiro de 1899. Pedido que foi registado com o nº 434 pelo "Diário do Governo" de 7 de Fevereiro de 1899.

"Jardim de Lisboa" na Rua Nova do Carmo

20 de Janeiro de 1894

José Gonçalves Peixinho iniciou a sua vida profissional como bandarilheiro, tendo tomado alternativa na Praça da Cruz Quebrada, em Agosto de 1893, em tarde de benefício que fez com Silvestre Calabaça. 

«(…) D'uma colhida que recebeu na praça de Santarem, resultou ficar 3 anos impossibilitado de trabalhar. (…)
Por occasiao da colhida a que nos referimos, Gonçalves Peixinho teve ensejo de avaliar a protecção que lhe dispensavam os srs. D. Luiz do Rego e o Conde da Folgosa. Estes cavalheiros, tomando em consideração o desastre que elle recebera auxiliaram-o na abertura do estabelecimento de florista, de que Gongalves Peixinho é proprietário na rua Nova do Carmo, n.º 32, um estabelecimento muitíssimo procurado pelo nosso mundo artistico que avalia, como deve, o bom gosto que elle tem na ornamentacão de corbeilles, coroas, etc.
Gonçalves Peixinho trabalha na praça da Cruz Quebrada, no dia 13 do corrente. Que mais uma vez receba do publico as palmas de que é digno, é o que sinceramente lhe desejamos.» in: jornal "Folha de Lisboa", de 10 de Junho de 1894.

No dia da inauguração da nova loja, 9 de Abril de 1898, o jornal "Diário Illustrado", noticiava:

«O Peixinho Florista
Sem duvida alguma, o sympathico Goncalves Peixinho é hoje o primeiro florista da capital: o que mais vende, o que melhor sortimento possue em novidades, e aquelle que, pelo razoavel dos preços, não pretende que Lisboa se pareca com Madrid, Paris e Londres.
Começou modestamente, em uma escada, na rua do Carmo, mas a freguezia alargou-se-lhe tanto, firmaram-se-lhe tão solidamente os seus creditos, que teve de estabelecer loja bonita, alegre, elegante, como convem a moldura em que se enquadrem flores.
O novo estabelecimento é tambem na rua do Carmo, n.° 49, e inaugura se hoje pelas 4 horas da tarde, e agradecemos lhe o convite que nos enviou para essa festa.»


9 de Abril de 1898

Por outro lado, em 14 de Abril de 1898  o jornal "Folha de Lisboa", noticiava igualmente:

«O nosso amigo e acreditado florista sr. Gonçalves Peixinho, inaugurou na rua Nova do Carmo, 49, um novo estabelecimento, de sociedade com o sr. Paes.
Bem digna é a nova casa do titulo que a designa e deve chamar a attenção da Lisboa elegante, porque o sr. Peixinho é realmente especialista no genero do seu commercio.
Não ha quem apresente em Lisboa mais frescas e formosas flôres, não há quem mostre mais gosto para fazer um «bouquet» ou adornar uma «corbeille» e por isso o «Jardim de
Lisboa» ha de em breve tornar-se um estabelecimento de primeira ordem.
Ao nosso bom amigo desejamos largas prosperidades.
Agradecemos a amabilidade do convite para a inauguração da casa.»


1 de Janeiro de 1901

O mesmo jornal, em tom de publicidade, a 1 de Janeiro de 1901 escrevia:

«Infelizmente não é o tempo proprio para flôres, mas o nosso amigo Peixinho, proprietario do Jardim de Lisboa, na rua do Carmo, tem taes artes que apresenta durante o tempo, mesmo n'este em que os prados se despem das suas galas, as flôres mais mimosas e captivantes.
Houtem visitámos este estabelecimento, e, com franqueza, ficámos pasmados perante as collecções de flôres que ali se expõem á venda.
Se este florista faz milagres, é que nós não sabemos, mas o que podemos affirmar, sem receio de desmentido, é que n'este estabelecimento se confeccionam ramos de flôres,
bouquets, corbeiles, corôas, tudo, emfim, por preços relativamente baratos e com fôres naturaes.
Uma vez que é este o tempo de se offerecer um ramo de flôres, aconselhamos a todos que procurem o Jardim de Lisboa, na rua do Carmo, e ali encontrarão, a par da desmedida attenção do conhecido Peixinho, o util aliado ao agradável.»


1 de Janeiro de 1902


1910

Em 1911 o "Jardim de Lisboa" abre a sua loja na Rua Garrett 66-68, onde tinha funcionado o "Grande Bazar Suisso" dos irmãos Barella, desde 1866 até 1910. A loja inicial na Rua Nova do Carmo ficava como filial. Contudo, esta nova loja não ficaria por lá muito tempo já que Jose Peixinho, incompatibilizou-se com o seu sócio capitalista, um médico homeopático e saiu da sociedade, abrindo, em 4 de Julho de 1913 uma loja no outro lado da Rua Garrett no nº 61, ao lado da loja "Ramos & Silva, Lda.", a que chamou de "Às Flôres do Chiado"

Loja na Rua Garrett 66-68

Em Julho de 1912 o "Jardim de Lisboa" faria uma parceria com a "Nutricia de Lisboa" com esta a instalar uma filial nas instalações da primeira, na Rua Garrett 66-68

1911


4 de Julho de 1913


Loja "Ás Flôres do Chiado", dentro do rectângulo desenhado, ao lado da casa "Ramos & Silva, Lda."


1915

Contudo, esta nova loja não ficaria por lá muito tempo já que Jose Peixinho, incompatibilizou-se com o seu sócio capitalista, um médico homeopático e saiu da sociedade, abrindo, em 4 de Julho de 1913 uma loja no outro lado da Rua Garrett no nº 61, ao lado da loja "Ramos & Silva, Lda.", a que chamou de "Ás Flores do Chiado". Quanto à loja "Jardim do Chiado",  encerraria pouco tempo de pois e daria lugar a outra loja do mesmo ramo pertença da firma "Lopes, Limitada".


Ex-"Jardim de Lisboa" e já a loja de flores e plantas "Lopes, Limitada"

Esta loja , ainda em 2023 funcionava como florista sob o nome de "Pequeno Jardim" - Carlos A. dos Santos ...


fotos in: Hemeroteca Digital de LisboaArquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital

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