A "Livraria Ferreira" propriedade de Manuel José Ferreira, teve origem na livraria "Ferreira Lisboa & C.ª " que pro sua vez era sucessora da "Livraria Antonio José Fernandes Lopes", na Rua Áurea 132-134, em Lisboa. E foi uma das mais importantes livrarias de Lisboa, tendo sido «Livreiros de S. M. El-Rei» e «Depositarios das Publicações do Estado».
Ao longo das décadas foi propriedade de duas firmas: em 1876 era propriedade da firma "Ferreira , Lisboa & C.ª ", em 1905 da firma "Ferreira & Oliveira, Lda.". Como firmas editoras a "Ferreira & Oliveira, Lda. Editores" (1905) e a "Ferreira, Lda. Editores" (a partir de 1912). Entretanto, as suas instalações foram ampliadas vindo a ocupar os nos. 132 a 138 da Rua Áurea, tendo as respectivas obras ficado a cargo do «constructor civil diplomado» Francisco Duarte Leitão, estabelecido no Largo da Graça 37 a 41, em Lisboa.
Agosto de 1907
Em 1905, através da sua firma "Ferreira & Oliveira, Lda. Editores" adquire a revista "Serões", - que tinha iniciado a sua publicação em Março de 1901 e cessado a mesma em Dezembro de 1904 - ficando como seu diretor o capitão de mar-e-guerra Henriques Lopes de Mendonça - militar, historiador, arqueólogo naval, professor, conferencista, dramaturgo, cronista e romancista. Esta revista tinha sido fundada por Adrião Seixas, bibliófilo especialmente dedicado à obra de Camilo Castelo Branco.
A Sede da redacção e administração, passou para a Praça dos Restauradores, 27, o mesmo endereço da "Empreza Typographica do Annuario Commercial, S.A.R.L.", que, passava a ser a oficina de impressão e composição da revista. Na produção da revista "Serões", pelo menos na 2.ª série, interveio ainda a "Officina de Encadernação de Paulino Ferreira", sedeada na Rua Nova da Trindade, 82 em Lisboa.
As novidades resultaram, sobretudo, do aprofundamento de linhas editoriais já exploradas, da melhoria dos aspetos gráficos, do estímulo à participação do leitor e do público em geral e da projeção do livro na revista, isto é, das obras e dos autores publicados pela Livraria Ferreira & Oliveira.
Assim, o suplemento «Variedades» deu lugar à secção «Actualidades», do “magazine”, onde se concentrava o noticiário (curtas), arrumado por tópicos; outras secções novas foram: a «Correspondência dos Serões», localizada no primeiro caderno, ao lado da autopromoção e da publicidade dos anunciantes; «Os Serões dos bebés» e «Quebra cabeças». Os suplementos passaram a ser dois: «Os Serões das senhoras», com 16 páginas, e «A Música dos Serões», com 4 páginas. Tudo isto levou a um aumento significativo do número páginas (superior a cem), mas o preço de venda, quer a avulso, quer por assinatura, manteve-se inalterável! Em nossa opinião, a viabilidade dessa decisão não pode deixar de estar relacionada com as condições materiais e
financeiras que o novo proprietário, a Livraria Ferreira & Oliveira, dispunha; mas também traduz a sua confiança no mercado do livro e, consequentemente, no crescimento do número de leitores e na expansão da leitura.» Texto de Rita Correia (2012), in Hemeroteca Digital d a C.M.L. de Lisboa
«A publicação dos Serões é interrompido neste número. Aos nossos assignantes que acaso hajam pago importancias relativas a meses futuros, rogamos o obsequio de as reclamarem á Administração.»
Quanto à "Livraria Ferreira", que seguiu naturalmente o seu percurso, o jornal "A Capital" de 14 de Julho de 1916 escrevia:
A certa hora da tarde, a Livraria Ferreira, em determinados dias, é um verdadeiro cenaculo. Affonso Lopes Vieira ali tem o seu poiso preferido. Fialho, nos ultimos tempos de vida, era ali que parava quasi sempre.»
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