Apesar da neutralidade de Portugal na II Grande Guerra Mundial (1939-1945), o país sofreu com racionamentos de bens essenciais (açúcar, arroz, bacalhau, massas, leite, café, etc.) e matérias primas, onde estavam, naturalmente, incluídos os combustíveis. Em 1942 a situação era dramática com as importações reduzidas entre 60 a 90%.
1942
Com a proibição do consumo privado de gasolina, em 1942, os veículos a motor (automóveis e camionetes) passam a utilizar os incómodos e enormes gasogénios, aparelhos que transformam, por combustão incompleta, o carvão ou a madeira em gás combustível capaz de mover veículos automóveis.
A partir desta altura, táxis, autocarros e alguns veículos particulares, passam a circular apenas com "trambolho" traseiro (gasogénio), tornando-se quotidiano em 1942. Em alternativa regressa, como opção, a tracção animal, que havia começado a ser extinta quatro décadas antes.
Apesar de não ser a esta tracção animal que me referia ... o projecto "Auto-Hipo", originário de Mangualde. Quando a gasolina acabava, entrava o cavalito em acção.
«Hoje, a meio da tarde, apareceu na baixa o primeiro taxi movido a gasogeneo. É equipado com um "Rema-Gás", construído nos laboratorios "Rema-Radio", utilizando um aspirador da Electro-Rapida, do Largo do Andaluz.
Fez o trajecto daquele largo até aos Restauradores sem que alguem o pretendesse - tal é já a descrença em encontrar um taxi "livre" ... a valer! E só perto do Avenida-Palace teve o primeiro cliente.
Os carros equipados com este gasogeneo desenvolvem mais de 1.300 calorias - quando o limite minimo é de 1.000 - e arrancam com um minuto, podendo arrancar imediatamente mesmo depois de estarem um quarto de hora parados. Trata-se, poi, do aparelho ideal para taxis.»
Por outro lado num texto de Ana Pago no site "Notícias Magazine", pode-se ficar a saber a origem do epíteto "fogareiro":
«(...) era o chamado «gás pobre» produzido pelos gasogénios que mantinha os veículos a andar como Ferraris, entre nuvens de fumo e chispas ao acelerar, dando um novo sentido ao epíteto de «fogareiros».
Mas como nesta vida «nem tudo são rosas" ... em 22 de Agosto de 1942 ...
Mas como nesta vida «nem tudo são rosas" ... em 22 de Agosto de 1942 ...
Autocarro de passageiros da "AVIC", da carreira Viana do castelo-Arcos de Valdevez, alimentado por gasogénio
Alguns anúncios publicitários de fabricantes de gasógenios
24 de Dezembro de 1942
29 de Agosto de 1942
24 de Dezembro de 1942
10 de Setembro de 1942
19 de Setembro de 1942
1943
Esta situação de racionamentos e mercado negro, em Portugal, só seria extinta em 1947 quando o recente Ministro da Economia Dr. Daniel Barbosa recorre ao ouro e divisas do Estado, acumulados durante a Guerra, para efectuar uma importação maciça de géneros que espelha por postos de venda tabelados, entretanto abertos nas ruas.
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Almanaque Silva, Diário de Notícias
1944
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Almanaque Silva, Diário de Notícias
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