A empresa "Cityrama - Viagens e Turismo, S.A." foi fundada em 1962, em Lisboa, pelos irmãos Artur e José Capristano, no mesmo ano que fundaram a "Capristanos - Viagens e Turismo, S.A.". De referir que a designação "Cityrama" já era utilizada em Paris e Londres, empresas de visita das cidades em autocarro.
Recordo que a primitiva empresa conhecida por “Capristanos” foi fundada como “Capristano & Ferreira, Lda.” no Bombarral, em 1933, cujos sócios fundadores foram Arthur Eduardo Capristano e Joaquim Ferreira dos Santos. Em 19 de Dezembro de 1961, a empresa “Capristanos” é vendida aos “Claras Transportes, S.A.R.L.”. A história destas duas empresas podem ser consultadas neste blog nos seguintes links: “Capristanos” e “Claras Transportes”
É para o ramo do Turismo que Artur e José Capristano (filhos de Arthur Capristano) decidem mudar. Nos anos 60 do século XX, começava o "boom" do turismo e, em 1962, os dois fundam a “Capristanos Viagens e Turismo, SA” e a “Cityrama - Viagens e Turismo, SA.” A ascensão de ambas é meteórica, segundo Artur Capristano (neto), para quem a mudança de ramo «não foi nada mau negócio». O fundador, Arthur Eduardo Capristano morre a 22 de Julho de 1967. Dois anos depois, os filhos desfazem a sociedade e repartem entre si as duas empresas de turismo. Artur Capristano (filho) morre em 1994, com 71 anos de idade, e o irmão, José, quatro anos depois, aos 78 anos.
Autocarro verde da “Capristanos” em Sintra e autocarro da “Cityrama” em Lisboa
A viagem inaugural num autocarro da marca “Saviem” modelo SC1, da "Cityrama" teve lugar em 20 de Abril de 1964, a convite de Artur Capristano e do engenheiro Pardal Monteiro, com partida dos Restauradores.
Na Avenida da Liberdade em Julho de 1964
«A descrição do trajecto é feita em português, sueco, italiano, espanhol, francês, alemão e inglês, por meio de um agradável texto gravado em fita magnética, e escrito, com leveza e espírito e sem empanturradelas históricas, por Francisco Mata. A locução em português, igualmente agradável, é de Maria Leonor, Fernando Pessa e Moreira da Camara, cujos comentários explicativos alternam com música portuguesa, numa boa montagem de Jorge Alves.
Lugares cómodos, vidros que permitem uma visão ampla, auscultadores para o turista ouvir as explicações na língua que deseje e um itinerário muito bem escolhido fazem do "Cityrama" o veículo ideal para os turistas que visitem Lisboa.
E por cerca de sessenta escudos ficam com uma ideia exacta da cidade.»
Fotogramas retirados de um documentário da RTP, rodado em 3 de Abril de 1974
O trajecto durava 2 horas e 45 minutos. «É curioso referir que, nesta viagem exclusiva foi uma turista. Por engano metera-se no autocarro. Era uma velha senhora australiana que ficou encantada com o "imprevisto".» citações anteriores in: “Diario de Lisbôa”
“Saviem” SC1 modelo de 1960
Desenho digital gentilmente cedido por Eugénio Santos, via “Memórias de Empresas e Autocarros Antigos”
Na mesma época o “sui generis” autocarro da “Cityrama” em Paris. “Citröen” U-55 com carroçeria “Currus”
1972 1973
1972
1974
O percurso - “Lisboa Sightseeing” - de um autocarro da “Cityrama” em 3 de Abril de 1974, era o seguinte:
Início na Rotunda do Marquês de Pombal; Campo Pequeno, pormenores exteriores da praça de touros; rotunda de Entrecampos, Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular; monumento ao Marechal Carmona, jardim do Campo Grande; Campus da Cidade Universitária, Reitoria e Faculdade de Letras; Avenida de Roma; Praça de Londres, exterior da igreja de São João de Deus e edifício do Ministério das Corporações; exterior do Instituto Superior Técnico; Monumento a António José de Almeida; exterior da Casa da Moeda; exterior e visita ao interior do Museu Nacional dos Coches; visita à Torre de Belém; monumento aos Descobrimentos; exterior e visita ao interior do Mosteiro dos Jerónimos; Praça do Comércio, estátua equestre de Dom José I; arco da Rua Augusta; Praça D.Pedro IV (Rossio); exterior do Teatro Nacional Dona Maria II; avenida da Liberdade e Marquês de Pombal.
1992
Actualmente, a “Cityrama - Viagens e Turismo, S.A.” está integrada no “Grupo Barraqueiro”, o maior grupo de transportes privados da Península Ibérica, e representante da marca “Gray Line”, uma cadeia de agências presente em mais de 700 destinos mundiais. Atualmente, a “Cityrama” é líder de mercado no segmento de mercado dos circuitos turísticos, onde detém 40% da respetiva quota de mercado.
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Fundação Portimagem, Memórias de Empresa e Autocarros Antigos
2 comentários:
Bem que me recordo de ver em miúdo esses autocarros da Cityrama nos finais dos anos 60, inícios dos anos 70. Os meus irmãos e eu ficávamos excitadíssimos com aquelas viaturas de amplas superfícies envidraçadas, que nos pareciam moderníssimas e depois lá dentro imensos estrangeiros, com um ar tão diferente do nosso. No fundo, aqueles autocarros representavam a Europa moderna, que visitava um país ainda muito provinciano. Hoje, já não ligamos nada aos modernos autocarros de turistas, pois a cidade está cheia deles e no fundo já não somos tão diferentes deles como isso.
Um abraço
Boas
Parabéns pelo blog, origem de muitos momentos de gosto e entretenimento.
Uma achega: nas fotos indicadas como sendo de 1974, a da esquerda é pelo menos de 1978/79; atrás do autocarro vislumbra-se uma ford transit 120 van de frente quadrada, cujo início de produção foi em meados de 1978. Além disso, também se podem ver dois volvos laranjas da carris, entrados ao serviço em finais de 1978.
Obrigado
Paulo Silva
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