O jardim, começou a ser criado com a plantação de um exuberante arvoredo no reinado de D. Maria I. no espaço do antigo “Campo 28 de Maio”, em Lisboa. Ao longo do século XIX este espaço de lazer serviu para circulação de carruagens e cavaleiros. Mais tarde, foi construído um lago para barcos de aluguer.
"O antigo Campo de Alvalade, o Grande. - Quando a Rainha Santa Isabel fez celebrar pazes entre seu esposo e filho ... - Alvalade, campo de manobras militares antes de «Alcácer-Quibir». - D. Maria I, benemérita do Campo Grande. - Nos tempos, aqueles, em que um poço dava dinheiro. - Um palácio, D. José e uma certa Madre Paula ... - Antigamente já havia hospitais «fora de portas ....» - Uma feira que era uma das maiores do país. - As corridas de cavalos ingleses e as aposta de muita valia." in: Revista Municipal (1948)
“Campo Grande” no início do século XX
Em 16 de Julho de 1948 a Comissão de Toponímia da cidade de Lisboa, alteraria a designação de Campo “28 de Maio”, para, simplesmente, “Campo Grande”. Igualmente seria mudada a designação da Avenida Alferes Malheiro, para Avenida do Brasil.
"O Campo Grande no tempo dos chapéus «de coco». - A fuga da gente «elegante». - A agitação política e o Campo Grande. - Quando havia em Lisboa risonhos «cafés» de «camareras» e trens de praça no Rossio. - Um macaco embalsamado que não metia susto a ninguém. - O Campo Grande, passeio predilecto de costureiras e «magalas». - Votado a um completo abandono ... - Procurando remediar o mal, com remédios de pouco efeito. - O ciclone de 1941 destruiu grande parte do que restava. - As grandiosas obras em curso no Campo «28 de Maio»." in Revista Municipal (1948)
Planta Topográfica 9P de Alberto Sá Correia, de Outubro de 1907
O “Lago do Campo Grande” estava dotado de barcos a remos e de um chalet / quiosque para venda de refrescos
Em 1944 o Ministro das Obras Públicas engº Duarte Pacheco manda remodelar profundamente em estilo modernista. Para tal encomenda o projecto ao arquitecto Keil do Amaral, e a obra irá decorrer entre 1944 e 1948. De referir que este arquitecto tinha sido o responsável do pavilhão de “Portugal na Exposição Internacional de Paris” em 1937., e do “Pavilhão de Chá” de Montes Claros, inaugurado em 9 de Julho de 1942, e que mais tarde viria a ser o Restaurante “Montes Claros”.
Projecto inicial para o Bar da Ilha do Lago
Escultura de Canto da Maya no topo da “Ilha do Botequim”
Esculturas de Rocha Correia na ponte para o pavilhão da esplanada
gentilmente cedido por Carlos Caria
"E é assim que a pradaria dos tempos da Rainha Santa Isabel e do aguerrido Rei Sebastião; o bosque do tempo de D. Maria I e do Conde de Linhares, D. Rodrigo de Sousa Coutinho, ministro de Estado; o parque da época queiroziana dos «Dâmasos Salcede» e dos «Conselheiros Acácios»; o «passeio» quase deserto dos nossos dias - o Campo Grande - se está integralmente modificando para nos proporcionar belas tardes de sol primaveril, ou de frescura estival, mas sempre de tranquilidade, de quietação ... de sossego, em certos dias tão desejadas, pelos dinâmicos habitantes de uma cidade trabalhadora e cosmopolita como é presentemente esta NOSSA LISBOA". in Revista Municipal (1948)
Pavilhão do “Restaurante Alvalade”
Interior do “Restaurante Alvalade”
Mais tarde, em 1970, este pavilhão restaurante seria demolido e daria lugar a um novo edifício de 2 pisos que albergaria 1 restaurante e 1 bar de luxo mantendo praticamente a mesma designação: “Alvalade restaurants”. Em 1974 e após encerramento deste restaurante, o edifício foi remodelado e transformado no seu interior, para ser o centro comercial e cinema “Caleidoscópio” inaugurado em 1 de Novembro de 1974.
“Alvalade Restaurants” inaugurado em 1972
fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Arquivo Municipal de Lisboa
5 comentários:
Ir à piscina de Alvalade, jogar hóquei em patins no Jardim do Campo Grande, levar a namorada para passear de barco a remos, ir á esplanada beber alguma coisa e terminar no cinema Caleidoscópio, foi algo que fez parte da minha infância e grande parte da minha adolescência. E foi com um sentimento forte de nostalgia e de algum aperto no coração que vi e senti este seu belíssimo post. Obrigado José Leite
Caro Paulo
Gostei muito das suas palavras relativas ao seu roteiro de outros tempos ...
Ainda em Agosto publicarei um artigo acerca da Piscina do Areeiro, assim como das piscinas do Campo Grande, que também frequentei na minha meninice.
Cumprimentos
José Leite
Óptimo trabalho, José Leite, como todos os que faz! Eu morei no Campo Grande trinta e tal anos e faço parte de uma meninice que também tomava banho no lago e pedia "boleia" nos barcos a quem ia sózinho. Mais tarde, na jukebox da "ilha" aprendi muita música e ensaiei os primeiros namoros. Que saudades, meu caro! Estou a preparar um post para um trabalho e vou-lhe "fanar" umas fotos, espero que não se zangue. Grande abraço!
Caro Zégalhão
Pode fanar o que quiser do meu blog, sem problema.
Abraço
Um lugar de lindas memórias para mim, tinha fotos tiradas com os cisnes por perto , fiz a 4ª classe e a comunhão solene no Campo Grande , morei 7 anos em Alvalade , fomos estrear a casa , assisti à construção da igreja de S João de Brito e durante os quase 20 anos que estive em Angola sofri as saudades desses lugares , ainda hoje é a área de Lisboa que mais me toca .
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