Restos de Colecção: Termas e Águas do Vimeiro

15 de novembro de 2013

Termas e Águas do Vimeiro

A história das Termas e da actual “Empresa das Águas do Vimeiro, SA”, situadas a meio caminho entre a povoação da Maceira e a Praia do Porto Novo, remonta ao século XIX e intrinsecamente ligada à utilização da água para fins terapêuticos.

Alguns registos de descrições feitas em 1845 fazem notar, com alguma precariedade, a existência de dois banhos junto ao Rio Alcabrichel, na localidade de Maceira. A Norte existia um banho pertencente a um particular e a Sul um conjunto de banhos pertencentes ao Convento de Penafirme. A primeira análise destas águas foi realizada em 1867 por Agostinho Vicente Lourenço e, mais tarde, por Charles Lepierre, esta última constituindo a primeira análise oficial daquelas águas. Em 1895 as águas foram vistoriadas, tendo em vista a sua concessão. O alvará de licença foi emitido em 30 de Janeiro de 1896, por tempo ilimitado, após interesse manifestado pelo seu proprietário, José Pedro Cardoso, passando-se desta forma, à legal exploração das águas.

Em 1920 os herdeiros de José Pedro Cardoso obtêm o alvará de transmissão em nome da  “Empresa das Águas do Vimeiro Lda.”

Rótulo dos antigos garrafões de água

Apesar da existência de um concessionário, as instalações não ofereciam condições ao desenvolvimento da actividade termal e, em 1933, as termas foram colocadas à venda em hasta pública, encontrando-se a propriedade penhorada. A Câmara Municipal de Torres Vedras arremataria a compra, mas as deficiências manter-se-iam não se registando qualquer exploração das nascentes.

Em 1935, Levy Augusto de Vasconcelos, solicitou á então Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos a concessão das nascentes do Vimeiro com o fundamento do seu evidente abandono. Em 1938 a propriedade para Levy Augusto de Vasconcelos que demarcou imediatamente uma área de reserva mínima de 50 hectares.

Tomada de água

      

Em 1940, continua-se a constatar a precariedade das instalações que se manteve por alguns anos mais, até que em 1945, a gerência da “Empresa das Águas do Vimeiro, Lda.” foi assumida por Joaquim Belchior que, além de renovar o alvará de concessão, constrói um pequeno balneário e uma oficina de engarrafamento. Em 1946, é registada a presença de 305 inscrições no balneário e a venda de 5.000 garrafões de 5 litros da oficina de engarrafamento.

A “Empresa das Águas do Vimeiro, Lda.” foi-se desenvolvendo e com ela toda a região, acabando por se tornar na principal fonte de rendimentos para as populações das localidades mais próximas, tanto mais que a agricultura começava a declinar tornando-se uma simples actividade de subsistência.

Fonte dos Frades

 

Foram construídos dois Hotéis, um Junto à Praia, “Hotel Golf Mar”, construído no início dos anos 60 do século XX e ampliado e reformado em 1973, e outro junto às Termas, “Hotel das Termas”, dois Balneários junto das principais nascentes, “Fonte de Santa Isabel” e “Fonte dos Frades”, duas unidades de engarrafamento, uma de Água Mineral Natural e outra de Água Mineral Gaseificada e todos os terrenos eram aproveitados para a agricultura.

Antiga unidade de engarrafamento das “águas santas”            

  

Hotel Golf Mar

Hotel das Termas

 

Piscinas

Balneário de Santa Isabel:

Doenças da pele: dermatites e eczemas atróficos, psoríase, acne juvenil, eczema infantil, dermatoses crónicas e quelóides em cicatrizes.

Balneário dos Frades:

Aparelho digestivo: doenças esófago gastroduodenais, colites e patologia hepato-biliar (funcional e orgânica).
Aparelho circulatório: varizes, hemorróidas, hipertensão arterial (controlada) e enxaquecas.
Aparelho respiratório: rino-faringites crónicas, sinusites crónicas, laringites crónicas, asma e bronquite crónica.

     

   

Uma narrativa de curas milagrosas, constante a todas as apelidadas “águas santas” :
«Aqui o balneário é onde faziam os tratamentos para a pele. Vinha para cá um senhor da Nazaré, veio podre quando começou o tratamento, vinha mesmo podre, a gente até tinha nojo de passar por ele. Ainda existe a casa onde ele se hospedava, vinha duas vezes por ano, abalou daqui como nada ele tivesse. Ficou curado completamente, no último ano ele estava curado completamente. Á eczema verdadeira é que faz bem.»

Apesar do forte desenvolvimento operado em três décadas, a Empresa começa a sofrer uma depressão, agravada com a morte de Eduardo Belchior, filho de Joaquim Belchior, e poucos anos depois com o falecimento deste. Desde os anos 90 que a Empresa era motivo de notícias anunciando a sua falência e é em 17 de Outubro de 2001 que o Grupo Espírito Santo vem a adquirir todo o complexo, iniciando-se de imediato a sua recuperação. Solvidos de imediato os maiores problemas financeiros, dá-se início a um processo de recuperação das infra-estruturas que tem permitido retomar a boa imagem que a Empresa sempre teve.

 

Gama actual das águas do Vimeiro

A recuperação do “Hotel Golf Mar”, a remodelação efectuada no “Hotel das Termas”, as melhorias induzidas nas Termas, as visíveis melhorias de alguns espaços como sejam o campo de Golf, Centro Hípico, Piscinas Públicas e a inauguração, a 20 de Dezembro de 2005, das novas instalações da unidade de engarrafamento da “Empresa das Águas do Vimeiro, S.A.”, foram factores que permitiram dinamizar a Empresa e toda uma região que se encontra em franco desenvolvimento.

                               Hotel Golf Mar                                                                        Hotel das Termas

 

Nova unidade de engarrafamento da “Empresa das Águas do Vimeiro, S.A.”

fotos in: Água do Vimeiro, Delcampe.net, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

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