Correios e meios de transporte estiveram sempre intrinsecamente ligados. Os correios sempre foram os pilares do desenvolvimento das comunicações ferroviárias, rodoviárias, fluviais, etc.
O transporte ferroviário de correio, Maria Keil, 1942
No início do século XX e durante a I República, nas carruagens integradas nas composições dos caminhos-de-ferro e que executavam o serviço postal, as condições de trabalho, manuseamento, tratamento e recolha eram bastante difíceis.
Muitas destas carruagens estavam em péssimo estado de conservação, pelo que se procedeu à sua recuperação e restauração, nas Oficinas Gerais. Estas transformaram o interior de algumas carruagens de passageiros em estações itinerantes,para que o tratamento postal fosse desenvolvido nos percursos em condições que, simultaneamente, permitissem a recolha de correspondência nas paragens. Este trabalho prolongar-se-á pelo período do Estado Novo.
Nesta época é inaugurado o comboio “Sud-Express” que circula com caixa-receptáculo, afixada no exterior da carruagem, para recolha de correspondência nas paragens.
O “Sud-Express” na Estação do Rossio
Já durante o período do Estado Novo, a maioria das carruagens-correio em uso datava de 1926, altura em que foram adquiridas 27 carruagens por conta das reparações alemãs. A estas, juntaram-se mais quatro em 1930. Entre 1930 e 1933 foram executados grandes trabalhos de conservação e reparação, pela Oficinas Gerais, quase traduziram num melhor apetrechamento do interior das ambulâncias. Doze carruagens foram retiradas definitivamente de serviço, porém, e quase em simultâneo, a administração dos CTT adquiriu cerca de vinte carruagens para substituição das que se encontravam em péssimo estado de conservação.
Oficinas Gerais
Em 1950 a aquisição de novas carruagens ambulâncias postais
O esquema da nova rede de ambulâncias ferroviárias permitiria, então, condições para a execução dos serviços postais levados a efeito no interior. O serviço de ambulâncias postais ferroviárias passava também a receber, no trajeto, telegramas a serem expedidos na estação telegráfica mais próxima. Os receptáculos, colocados no exterior das carruagens que transportam malas, eram abertos em todas as estações de trânsito da respetiva carreira e nas estações terminais. «A abertura dos receptáculos, nas estações de caminho-de-ferro, será feita pelos funcionários das ambulâncias postais ou pelos condutores de malas que seguirem no comboio, desde que, para isso, estejam autorizados» (Decreto 14/6/1902).
Emblema dos CTT e caixa de correio exteriores destas novas carruagens ambulâncias postais
Carregamento de sacas de correio em vagão de carga
Em 1975 seria inaugurado o primeiro comboio expresso postal.
Entretanto, e ainda no período da I República em Portugal, o transporte de correio, feito por barco a vapor, foi sendo, progressivamente, executado por avião. Eram utilizados aviões postais de carreira regular, com escalas de acordo com as conveniências, que transportavam correspondências postais, cartas e, mais tarde, também encomendas a partir de 1934.
“O transporte de correio marítimo”, Maria Keil, 1942
Nas ligações intercontinentais, o paquete foi, por excelência, o meio de transporte privilegiado. No entanto, em 1934, é estabelecida a primeira expedição de correio aéreo e, com o avanço da aviação comercial,o correio marítimo vai perdendo, progressivamente,a sua hegemonia.
“O transporte de correio aéreo”, Maria Keil, 1942
Nota: História destas companhias aéreas e de outras, consultar nas “Etiquetas” na barra lateral.
Mais tarde em 1951 é criado o serviço de auto-ambulâncias para transporte rodoviário de correio,
“À espera da auto-ambulância postal”
Em 1952 o serviço de auto-ambulâncias rodoviárias assume um carácter permanente, percorrendo zonas do interior, vetadas, até então, à maior parte dos serviços prestados pela empresa, já que a rede do caminho-de-ferro não chegava a todo o lado e, por isso, uma parte considerável da população ficava privada de contactos.Nestas ambulâncias, prestavam-se, no atendimento público, os serviços postais mais comuns, do aero-grama ao telefone e expedição de telegramas. Estas ambulâncias eram, genuinamente, estações dos correios ambulantes que visitavam, até, os lugarejos mais recônditos do País.
Auto-ambulâncias postais estacionadas na Estação dos Correios do Terreiro do Paço
Envelope postal de 10 de Julho de 1952
gentilmente cedido por Miguel Buzagalo
1957
fotos in: Fundação Portuguesa das Comunicações, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação Museu Nacional Ferroviário
6 comentários:
Estas ambulâncias eram realmente um ponto muito positivo no desenvolvimento de um País que tinha preocupações de andar para a frente arrancando da obscuridão largas camadas populacionais.
Bastará recordar a ansiedade com que o carteiro era esperado em aldeias e até cidades, porque não?
António Nunes de Almeida
Caro António Almeida
Grato pelo seu comentário
Os meus cumprimentos
José Leite
Excelente e significativa publicação. Trabalhei alguns anos nas RAP Sul (Rede de Ambulâncias Postais do Sul), na década de 80. Estas fotos fizeram-me recordar tempos bem vividos naquele trabalho. A maior parte das viagens foram feitas em ambulâncias mais recentes do que as mostradas nas fotos, mas para a Beira Baixa e SUL, ainda trabalhei menos antigas aqui mostradas e vi colegas na do Douro a partir e a chegar ao Porto.
Conheci por dentro as demolidas Oficinas Gerais na Cruz da Pedra (em Benfica). Também me recordo da Auto-Ambulâncias com o seu toque característico a passar na então FNAT da Costa de Caparica, acho que era a denominada LBA. (Lisboa/Barreiro/Almada).
Agradecido pela partilha.
João P. Lopes
Caro João Lopes
Grato pelo seu comentário e pelas amáveis palavras em relação a este trabalho.
Cumprimentos
José Leite
BOM DIA.
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Caro José Abrantes
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José Leite
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