Restos de Colecção: Companhia do Assúcar de Angola

5 de abril de 2013

Companhia do Assúcar de Angola

A “Companhia do Assucar de Angola SA” foi fundada 4 de Março de 1920  por António de Souza Carneiro (mais tarde António de Souza Carneiro Lara). Casou com D. Ana de Albuquerque e teve 4 filhos a saber: António de Albuquerque de Sousa Lara, Luis de Albuquerque de Sousa Lara, Maria Carolina de Albuquerque de Sousa Lara e João de Albuquerque de Sousa Lara.

                   Prédio na Praça do Município em Lisboa, onde estava instalado no 1º andar o escritório da CAA

                               

                                                                            Interiores do escritório

 

A “Companhia do Assúcar de Angola”  teve a sua sede social em Luanda, na Rua Direita, e escritórios em Benguela e Lisboa. Era proprietária das Fazendas Tentativa, no Caxito; S. Francisco, no Dombe Grande; Marco de Canavezes, no Cubal reservada à produção de sisal, e também detinha a empresa “Sociedade de Recovagens” no Lobito. Em Portugal possuía, ainda a “Refinaria Angola” na Rua Heróis de França em Matosinhos. António Sousa Lara era igualmente proprietário de empresas em Luacho e Caxito (Fábrica de óleo de palma e sabão), e em Cuio (Pescaria e Porto).

 

 

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

A maior fazenda era a “Fazenda Tentativa” com 20.000 Km2. e após a morte do Comendador António de Albuquerque de Sousa Lara em 1972 e porque, embora casado, não teve filhos, a empresa sofreu algumas alterações na sua estrutura accionista, tendo em 1973 sido adquirida pela família Espírito Santo e foi liderada por António Espírito Santo Silva até à sua ida para o Brasil após o 11 de Março de 1975. Voltando à “Fazenda Tentativa”, esta detinha a maior fábrica de açúcar de todo o território Angolano. Era o orgulho de todos que, como eu, tiveram a honra de conhecer e trabalhar nela. O último gerente da fazenda foi José Rebelo e o administrador residente chamava-se Jaime de Almeida.

                                                                      “Fazenda Tentativa” no Caxito

                                             

Em 1932, Angola produziu açúcar suficiente para abastecer o mercado interno e ainda exportou 21.798 toneladas. Estava em plena produção a “Sociedade Agrícola do Cassequel”, com a sua fábrica da Catumbela, e a “Companhia de Assúcar de Angola”, com a fábrica do Caxito.

Em 1973 dá-se transferência da maio­ria das acções da “Companhia de Assúcar de Angola” e da “Refinaria Angola, Lda.”, de Matosinhos, para o “Grupo Sousa Lara”.

                                                      1950                                                                     1960

                      

fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

A empresa teve sempre uma média de 3.500 trabalhadores. Mais tarde, com a introdução da mecanização no que respeita a transportação de cana e carregamento, reduziu a força de trabalho para 2.500 trabalhadores até altura da sua paralisação, em 1991.

A “Companhia do Assúcar de Angola” após a independência foi nacionalizada, e mudou de designação para “Açucareira 4 de Fevereiro”, que ainda hoje mantém.

Lembro as principais produções de Angola em 1973, (em toneladas):

Algodão - 79.000; - Ba­nana fresca -100.000; - Café - 225.000; - Cana de Açúcar - 967.000; - Cimento -767.000; - Crueira - 1.100.000; - Diamantes - 2.125.000 (ou 2.022.000-?- quila­tes); - Farinha de Peixe - 96.300; - Fuelóleo 294.000 (129 mil contos);- Milho -300.000; - Minério de Ferro - 6.052.000; - Minério de Manganês -12.000; - Óleo de Palma - 48.000; - Óleo de Peixe -15.200; - Petróleo bruto - 8.175.000; - Sabão -184; - Sal - 97.000; - Sisal - 60.000; - Tecidos - 22.781 (metros); - Trigo -12.000.

As exportações somaram 15.446.000 (?) toneladas, sendo as principais: - Algodão - 23.300; - Açúcar - 9.700; - Arroz - 2.500; - Banana fresca - 77.000; - Café -218.700; Diamantes - 2.111.000 (quilates); - Farinha de Peixe - 89.000; - Feijão -28.600: - Madeiras - 182.000: - Milho - 112.000;- Minério de Ferro - 6.330.000; Peixe Fresco - 45.000; Peixe Seco -16.000; Petróleo - 7.323.000; - Sisal - 53.000.

A taxa de crescimento das exportações desde 1965 atinge 12,6%, o dobro da do vizinho Zaire. O petróleo passou a liderar as exportações (30%), logo seguido do Café com 26% - sendo Angola o 4° exportador mundial -  e dos Diamantes (10%). Os principais países importadores eram: EUA (28%), Portugal (25%) e o Canadá (10%).

2 comentários:

Paulo Rosa Rodrigues disse...

Boas memórias!

Faltou a Fazenda Dombe Grande (tb da CAA) ao Sul de Benguela - Baía Farta (60Km) e que produzia cerca de 16 000 ton de açucar. Ainda havia outra mais pequena em Bom Jesus, junto ao rio Quanza. Virada à direita no Km 44 a caminho de Catete! Outra ainda no Norte ( Uíge - Songo?) mas cuja produção era insignificante.

Fill Angola disse...

Estimado Paulo Rosa Rodrigues, parece ter muito boa informação da Angola colonial, agradecia imenso se podesse partilhar qualquer informação relevante daquele período, eu interesso-me por historia, principalmente a contada por pessoas que a vivenciaram. MRFELO789@GMAIL.COM meu contacto… fotos de Angola da época seriam um tesouro. um abraço.