Restos de Colecção: Casa Bancária José Henriques Totta

1 de abril de 2013

Casa Bancária José Henriques Totta

A "Casa Bancária José Henriques Totta" teve a sua origem na sociedade cambista fundada em 1843, na Calçada de São Francisco, pelo comerciante portuense Fortunato Chamiço Júnior e designada por "Casa Bancária Fortunato Chamiço Júnior".

                                                                                Anúncio de 1904

                                                             

Nesta altura os únicos estabelecimentos bancários que existiam em Lisboa, eram o “Banco de Lisboa” e o “Montepio Geral”, e no Porto o “Banco Comercial do Porto”, e Fortunato Chamiço Júnior, foi um dos pioneiros da banca em Portugal, tal como seu irmão Francisco de Oliveira Chamiço, primeiro governador do “Banco Nacional Ultramarino”, fundado em 1865.

José Henriques Totta viria a ser admitido na "Casa Bancária Fortunato Chamiço Júnior" em 1865, como modesto cobrador e viria a desempenhar um papel de relevo na vida desta sociedade.

Em 1889 esta casa bancária transforma-se em “Fortunato Chamiço Júnior  & Cª”, com Fortunato Chamiço Júnior e José Henriques Totta como sócios. tendo o primeiro entrado com um capital de 170 contos e o segundo com 11 contos. Em 30 de Setembro de 1893, esta sociedade seria dissolvida, pelo seu sócio maioritário passando todos os activos e passivos para a nova casa bancária de nome individual "José Henriques Totta".

                                                                                 Anúncio de 1907

                                                        

José Henriques Totta transfere o estabelecimento para a Rua do Ouro, 73-75,  assumindo a gerência da casa bancária e dá procuração a três colegas de trabalho: José Henriques de Albuquerque Totta, seu filho, Guilherme Roovers e João Caetano Lopes. O desenvolvimento da actividade bancária desta casa, permitiu a ampliação do estabelecimento, em 1903, passando a ocupar os nos 69,71 e 73 da Rua do Ouro.

                                Instalações da  “Casa Bancária José Henriques Totta” na Rua do Ouro em Lisboa

 

 

 

Seguindo o exemplo do seu patrono Fortunato Chamiço Júnior, José Henriques Totta convida em 1911 o seu empregado João Caetano Lopes para seu sócio, transformando assim a firma numa sociedade de nome colectivo de seu nome "Casa Bancária José Henriques Totta & Cª." Mais tarde, em Março de 1918 e após a morte de seu filho, José Henriques Totta, dá sociedade a dois outros antigos empregados - António Augusto da Costa Ramos e João Gomes - oferecendo-lhes a parte de capital que lhe pertencia e que dividiu em duas quotas de 25 contos cada.

Anúncio de 1912

Em Novembro de 1918, desgostoso  com a morte da esposa, afasta-se da firma e entrega a casa bancária com todo o seu capital aos seus sócios, que o aumentaram. Nesta altura o estabelecimento expande-se de novo para os nºs. 77 e 79 e ocupa o prédio todo da Rua do Ouro.

                                                                Em 25 de Dezembro de 1920 ...

Em 1921, com a necessidade de de reforço de capital, entra para a firma o industrial Alfredo da Silva fundador da "CUF - Companhia União Fabril", mediante escritura de alteração em 19 de Março de 1921, passando a designar-se "Casa Bancária José Henriques Totta, Lda.". Reentra de forma simbólica José Henriques Totta com uma quota de 200 contos, ao mesmo tempo que, Alfredo da Silva em nome pessoal com uma quota de 1.200 contos e através de uma das suas empresas do universo CUF, a "Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes, Lda." com uma quota de 5.050 contos. Os outros sócios manter-se-iam Carlos Alberto Rodrigues (50 contos), João Caetano Lopes (2.100 contos), António Augusto da Costa Ramos, João Gomes e José Pais Borges, estes três em conjunto com um capital de 1.400 contos.

                                

                                

O crescimento da actividade permitiu a ocupação, em 1926, do prédio contíguo à sede, na Rua do Crucifixo, 10 a 24, para expansão dos serviços. Também no Porto, em 1929 a filial instala-se na praça da Liberdade. Nesta época as filiais estavam situadas em Coimbra, Faro, Santarém, Portimão e Olhão.

Em 2 de Julho de 1953 a "Casa Bancária José Henriques Totta, Lda.", transforma-se em sociedade anónima e passa a denominar-se “Banco José Henriques Totta, SARL", e é elevado o capital social de 10.000 para 50.000 contos. O banco passa a ser dirigido por um conselho de administração de que fazem parte além de D. Manuel de Mello, Luís Emílio da Silva, um dos mais antigos empregados e mais quatro administradores.

                                      Filial do “Banco José Henriques Totta” na Avenida da Igreja em Lisboa

                                             

Neste ano inicia-se um novo período de expansão e rejuvenescimento que culminou com a fusãodo “Banco José Henriques Totta” com o antigo e prestigiado "Banco Aliança"  constituído em Julho de 1863 no Porto, promovida por José Manuel de Mello e efectuada em finais de 1960,  tendo entrado em vigor em Janeiro de 1961.

Da fusão do "Banco José Henriques Totta” com o “Banco Aliança” resultou o "Banco Totta -Aliança", que a partir de 1961 passou a funcionar com sede em Lisboa, na Rua Áurea e filial no Portona Avenida dos Aliados.

                                                                                   Anúncio de 1962

                                             

Acerca do historial deste novo banco, consultar o seguinte link neste blog: Banco Totta - Aliança”.

fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian

4 comentários:

Elvas Militar disse...

Gosto muito de ler estes seus "Artigos".
Muito Obrigado.

José Leite disse...

Caro Fernando Laureano

Eu é que agradeço as suas amáveis palavras e as suas visitas.

Os meus cumprimentos

J.Leite

GG disse...

Muito interessante, obrigado.
Faz parta da história da indústria bancária, e não só, deste país e também da minha vida.
O meu pai entrou para esta casa bancária aos 20 anos, em 1948, na rua do Ouro e acabou por estar a vida toda ligado a ela e ao que ela se viria a tornar, no melhor e no pior. Mais uma vez obrigado.

José Leite disse...

Caro(a)GG

Grato pelo seu amável comentário

Os meus cumprimentos

José Leite