O famoso “Reid’s Palace Hotel” no Funchal, foi mandado construir no final do século XIX pelo escocês William Reid, proprietário de uma verdadeira cadeia de hotéis de primeira qualidade na Madeira. Este homem tão empreendedor chegou à Madeira doente e com apenas 5 Libras no bolso, após ter trabalhado como moço de cabina no barco que o transportou até Lisboa. Já na Madeira estabeleceu-se como comerciante de vinhos, e só algum tempo mais tarde comprou o seu primeiro hotel.
No entanto, só 50 anos mais tarde é que concretizou a sua maior ambição: construir um hotel dirigido exclusivamente ao gosto requintado da nobreza do fim do século. Para conseguir os seus objectivos, o Sr. Reid encomendou o projecto ao arquitecto do famoso Hotel Shepheard’s no Cairo, Sir George Somers Clarke, e escolheu para a sua localização um ponto estratégico: um promontório com uma vista deslumbrante sobre o mar e o porto da cidade do Funchal.
Morreu em 1887, antes de poder ver realizado o seu sonho, mas os seus dois filhos, Willy e Albert completaram o projecto em sua memória e o “Hotel Reid’s” abriria as suas portas em 1891. Com uma arquitectura bem integrada na paisagem, o hotel ganhou fama pela beleza exótica dos seus jardins tropicais.
Foto do pessoal na passagem de ano 1910/1911
Na época da sua construção, em 1891, a imponência era dirigida para o mar, de onde chegavam os clientes. A localização era e continua a ser fantástica, empoleirada num estratégico rochedo e com a baia do Funchal a seus pés. Uma escolha visionária na época por parte de William Reid, o fundador, que percebeu a necessidade de situar o hotel numa posição em que pudesse ser avistado pelos paquetes que entravam na baía. Os grandes transatlânticos levaram até ali muitas celebridades e elementos da realeza, de Winston Churchill a Chamberlain e Bernard Shaw, de Shackleton a Scott, do Príncipe Eduardo VII à Imperatriz Sissi da Áustria, de Lloyd George a Gregory Peck … etc.
Quadro de Max Romer
Devido a problemas financeiros e ao desejo de expandir os seus negócios para a banca e o comércio, os irmãos Reid foram levados a vender o hotel em 1925 a uma companhia inglesa denominada “Reid’s Palace Hotel”.
Mas a necessidade de melhoramentos e capital fresco fez com que o “Reid’s Palace Hotel” passasse em 1937 para as mãos da família Blandy. O seu novo proprietário, Richard Blandy, continuou a tradição de manter o hotel como um negócio familiar, assegurando o seu estatuto de hotel de luxo de 5 estrelas.
1927 1928 1932
Etiqueta de bagagem
Após uma gerência de quase 60 anos o Hotel deixou de pertencer a esta família de importantes comerciantes do Vinho da Madeira, para ser comprado pelo presidente da empresa “Sea Containers”, o Sr. James Sherwood e pelo Sr. Simon Sherwood, Chefe Executivo da “Orient-Express Hotels” pela quantia de 30 milhões de dólares, tendo a cerimónia de entrega tido lugar a 9 de Julho de 1996.
Reid’s Palace Hotel em 1976
Actualmente, permanece um dos símbolos de excelência da hotelaria europeia e tem desde há alguns meses uma nova direcção, que transitou do Lapa Palace.
Com a “Orient Express Hotels”, o hotel tem sofrido várias remodelações e possui hoje novas áreas como o restaurante ao ar livre Brisa do Mar, o The Spa, com tratamentos da Ytsara, LaStone ou La Prairie, e até um jacuzzi privado ao ar livre.
“Reid’s Palace Hotel” actualmente
As três piscinas (uma de água doce e duas de água salgada) também sofreram intervenções bem como os exuberantes e enormes jardins tropicais.
Uma curiosidade:
Foi em 1904 que um hóspede deste hotel, Mr Harvey Foster, introduziu na Ilha da Madeira o primeiro automóvel. Durante a sua estadia de 6 meses passeou o seu «Wolseley», não obstante as dificuldades com que se terá deparado, devidas à inexistência de estradas …
fotos in: Historic Hotels of the World, Delcampe.net, Reid’s Palace, Max Romer
5 comentários:
O século passado foi o XX. ;)
Caro Anónimo
Oops!! Erro de principiante
E acredite que revi o texto antes de publicar ...
É da idade ...
Os meus agradecimentos e cumprimentos
José Leite
Referência madeirense e mundial.
Tive o privilégio de ter trabalhado neste hotel entre 1959 e 1972.
Acho um hotel maravilhoso para trabalhar, como o meu irmão Alfredo Nunes comentou.
Continua a ser um privilégio para mim porque ainda continuo a trabalhar desde 1965 até a presente data.
Desde 1894, continuamos a ter um membro da Família Nunes a trabalhar neste ícone da hotelaria madeirense.
José Nunes
Estive lá na década de 1990 e era de facto um hotel muito interessante - uma viajem no tempo, tanto em termos de serviço como de hóspedes. O bar tinha desenhos de Picasso mas o resto parecia intocável desde antes da II Guerra mundial - no bom sentido, confortável - e os hópedes, todos ingleses, vestiam smoking para jantar e depois dançar ao som de uma orquestra de metais! Mas estavam lá os Aerosmith a descansar, portanto havia um pouco de tudo. O hotel organizou para nós um pique nique nas montanhas - carro com motorista e cesta de verga com vitualhas... Sete estrelas.
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