O Mosteiro de Santa Maria de Celas foi fundado pela infanta D. Sancha, filha do Rei D. Sancho I em 1213 na sua antiga quinta nos arredores de Coimbra. Era um mosteiro feminino pertencente á ordem de Cister. A infanta Foi buscar a Alenquer um conjunto de «enceladas» ou «emparedadas» - conjunto de de mulheres piedosas que viviam isoladas em celas e pequenas ermidas - que tomou por sua conta. Feito o voto de castidade e tomado o hábito de Cister, a infanta D. Sancha haveria de viver em Lorvão, até que as primeiras «enceladas» e monjas de Lorvão se transferissem, em 1219, para o Mosteiro de Santa Maria de Celas.
Mosteiro de Santa Maria de Celas ao fundo à esquerda no início do século XX, e entrada do Mosteiro
Interiores do Mosteiro
No início do século XVIII o convento albergava 120 freiras e igual número de empregados. É remodelado a partir de 1753 com a modificação da frontaria da igreja, sacristia, pórtico, escadaria de acesso e capelas laterais. A partir de 1834, data da extinção das ordens religiosas, a Irmandade de Nossa Senhora da Piedade toma conta da manutenção deste convento. Foi permitido às monjas bernardas a sua continuação, até à morte da última, que ocorreu em finais do século XIX.
O "Hospital Sanatório Feminino de Celas" edificou-se no antigo "Asilo de Cegos e Aleijados" (Asilo Distrital) que funcionava no Convento de Celas. O decreto de 0 de Setembro de 1929 legalizou a transferência deste Asilo para o Convento de Semide, possibilitando o arranque das obras de adaptação do imóvel devoluto a Sanatório e as compras de terrenos necessários para ampliações. Assim nasceria o mais antigo Sanatório de Coimbra, pilar importantíssimo na luta Antituberculosa.
Professor Bissaya Barreto (1886-1974)
Este Sanatório foi inaugurado em 1 de Junho de 1932, resultado da dedicação e empenho do Prof. Bissaya Barreto e destinava-se a receber mulheres e crianças que aqui eram isoladas, educadas e tratadas convenientemente. O projecto de ampliação e adaptação foi do arquitecto Luís Benavente. O "Hospital Sanatório Feminino de Celas", com capacidade inicial para 100 camas, admitia doentes tuberculosos pobres, mulheres e crianças. Na Quinta dos Vales, próximo ao lugar de Covões, arredores de Coimbra, viria a nascer o Sanatório Masculino com o nome de "Hospital Sanatório da Colónia Portuguesa do Brasil".
Aspecto exterior do Sanatório Masculino da Quinta dos Valles
Jardins Terraço e esplanada
Interior da capela do hospital Sala de cinema
A sua história remonta aos inícios do séc. XX e envolve a Colónia Portuguesa do Brasil, através da Grande Comissão Pró-Pátria. Do trabalho desenvolvido por esta Comissão nasceu a "Assistência da Colónia Portuguesa aos Órfãos da Guerra" que propunha a fundação e manutenção de um asilo escola «…onde seriam recolhidos, agasalhados, educados e instruídos os filhos dos soldados mortos em combate». Estas escolas profissionais ficaram conhecidas como Escolas Pró-Pátria e, na Quinta dos Vales, a Colónia Portuguesa do Brasil financiou a construção de um conjunto de edifícios para esse fim, destinado a receber os orfãos dos combatentes portugueses da Grande Guerra de 1914-1918. Essa escola, que chegou a ter o nome provisório de "Instituto dos Órfãos da Guerra", nunca chegou a concluir-se.
Atento como sempre, Bissaya-Barreto inicia os contactos com a Colónia Portuguesa do Brasil em 1928, propondo a cedência à Junta do Distrito das instalações do asilo em construção na Quinta dos Vales, para nelas se edificar um Sanatório para tuberculosos. Removida a resistência inicial da Colónia Portuguesa e sensibilizados os governantes do país, a boa nova chegou com o decreto nº 19.310, de 05 de Fevereiro de 1931: o Governo aceitava a doação feita pela Colónia Portuguesa do Brasil, da Quinta dos Vales e dos edifícios existentes, para neles ser instalado o Hospital Sanatório.
Entrada Sala de cirurgia
Serviço de lavatórios (anexo à enfermaria) Enfermaria
Em Fevereiro daquele ano, o Governo nomeia a Comissão encarregue dos trabalhos de adaptação constituída por Bissaya-Barreto, Eduardo Miranda de Vasconcelos, Francisco Vilaça da Fonseca e Alberto Cepas. O labor deste grupo seria premiado com a inauguração oficial do "Hospital Sanatório da Colónia Portuguesa do Brasil" em 06 de Julho de 1935. O Sanatório, com capacidade para 300 doentes, foi dirigido pelas Irmãs de
S. Vicente de Paulo. Oferecia tratamento gratuito para os indigentes durante 6 meses, os quais representavam 90% da sua população. Ao fim de 35 anos de funcionamento este Sanatório foi readaptado, transformando-
se no "Hospital Geral da Colónia Portuguesa do Brasil", iniciando o funcionamento como tal a 27 de Abril de 1973.
Entretanto com o sucesso entretanto alcançado no tratamento da doença e perante a necessidade existente na cidade de uma assistência hospitalar pediátrica mais eficaz e ampla, o Prof. Bissaya Barreto decidiu aproveitar o edifício do "Sanatório Feminino de Celas" para aí edificar então o “Hospital Pediátrico”, tendo entrado em funcionamento em 1977.
Cozinha Sala de refeições
Galerias de cura
Em Janeiro de 2011 este hospital pediátrico foi transferido para novas instalações
fotos in: Delcampe.net, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian
4 comentários:
A capela referida como sendo do mosteiro é a do Hospital dos Covões, antigo Hospital da Colónia...
Caro Anónimo
Grato pela correcção.
Os meus cumprimentos
J.Leite
Lamentavelmente só agora tive acesso aos RESTOS DE COLECÇÃO. Nunca é tarde. Bom seria saber o que vai acontecer ao património existente nos Covões, depois de desactivado o Hospital Geral da Colónia Portuguesa do Brasil.
Caro Francisco Pereira
Modéstia à parte, lá diz o ditado, bem velhinho "vale mais tarde que nunca".
Com os meus agradecimentos, os meus cumprimentos.
José Leite
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