Criada pelo Decreto de 30 de Setembro de 1755, a "Junta do Commercio destes Reynos e seus Domínios" obteve a confirmação dos seus estatutos por Decreto de 16 de Dezembro de 1756. Pela Lei de 5 de Junho de 1788 foi elevada a tribunal supremo, passando a designar-se por "Real Junta do Commercio, Agricultura, Fabricas e Navegação".
A direcção da Junta era constituída por um provedor, um secretário, um procurador, seis deputados, um juiz conservador (por lhe ter sido concedida jurisdição privativa) e um procurador fiscal. Os deputados eram, obrigatoriamente, homens de negócios acreditados nas praças de Lisboa ou do Porto.
A Junta tinha vastas atribuições: fiscalização do comércio de retalho na cidade de Lisboa, definição da política mercantil, tomada de medidas de prevenção, repressão e fiscalização de contrabandos, fiscalização da indústria a nível nacional, supervisão da “Mesa do Bem Comum dos Mercadores”, poder judicial nas causas de comércio, naturalização de estrangeiros, supervisão da ‘Real Fábrica das Sedas’, administração e inspecção dos faróis e tudo o que dizia respeito à navegação e à “Aula do Commercio”, fundada em 1759. Tinha ainda funções de carácter consultivo relativamente à agricultura e minas.
A “Junta do Comércio” foi extinta pelo Decreto de 18 de Setembro de 1834.
O “Instituto Superior de Comércio” de Lisboa, remonta à “Aula do Commercio”, anexada em 1844 ao “Liceu de Lisboa”, com o nome de “Escola de Commercio”, e integrada em 1869 no “Instituto Industrial de Lisboa”, que passou a chamar-se “Instituto Industrial e Comercial de Lisboa”.
A “Aula do Commercio” foi o primeiro estabelecimento de ensino técnico profissional oficialmente criado no mundo.
Estatutos da Aula de Comércio, em 1759
Autoria de: Alberto Jacqueri de Sales, 2º lente da “Aula do Commercio”, (Tomos I,II,III,IV)
A “Aula do Comércio” era uma escola estatal e uma escola laica, financiada pela Junta de Comércio, sendo por isso sintoma e agente do reforço do poder do Estado.
A Junta de Comércio, acabou por trazer ao de cima a falta de ordem que havia na escrituração de muitas casas que causavam a ruína dos seus proprietários. «Desprovidos de instrução comercial, os nossos homens de negócios não podiam oferecer aos filhos os meios práticos de uma actividade lucrativa, pois raros praticavam a escrituração por partidas dobradas, muitos deles havendo que nem sequer sabiam ler e escrever».
Esta situação, aliada ao facto dos funcionários do Estado estarem mal preparados, exigia medidas urgentes e, para isso, o Marquês de Pombal criou a escola designada na época por “Aula do Comércio”.
O curso começou por ter a duração de três anos e nele ensinavam-se principalmente:
· A Aritmética;
· Os Câmbios, Pesos e Medidas;
· Seguros;
· Método de escrever os Livros, ou partidas dobradas.
Foi no "Instituto Industrial e Comercial de Lisboa" que foi criado, em 1884, o Curso Superior de Comércio; e foi esse Instituto que, em 1911, deu origem ao “Instituto Superior Técnico” e ao “Instituto Superior do Comércio” de Lisboa.
Em 29 de Novembro de 1913, o “Instituto Superior do Comércio”, abre como escola autónoma instalando-se no antigo Convento das Brígidas (Quelhas).
Este edifício fora o "Colégio do Quelhas" ou "Colégio Maria Jesus José", sito na Rua do Quelhas, e era vulgarmente chamado “Convento das Inglesinhas”, por ter sido convento das Agostinhas de Santa Brígida (Irlandesas) erguido em 1651/1656. Ficara desabitado desde 1834, ano em que as monjas o abandonaram, já que, embora súbditas de Inglaterra, temiam qualquer violência, em virtude do Decreto que extinguia em Portugal as Ordens Religiosas.
Colégio do Quelhas
Em 1910, o velho vendaval da perseguição religiosa soprou rijo sobre o florescente "Colégio do Quelhas". Na madrugada de 8 de Outubro, invadido o Colégio, as irmãs viram-se obrigadas a abandonar a casa, sendo conduzidas, em grupos, ao Arsenal da Marinha. Ao fim de 44 anos de existência, terminava assim o "Colégio Jesus Maria José".
Ainda em 1913, ano da abertura do “Instituto Superior do Comércio”, é criado um laboratório químico onde podiam trabalhar até cerca de cem alunos.
Laboratório químico
Sala de dactilografia
Em Março de 1915 é inaugurado o "Escritório-modelo". Este era composto por bancos, casas comerciais, portuguesas e estrangeiras, com escrituração e correspondência na língua da nacionalidade respectiva. O seu primeiro director foi o professor Luiz Feliciano Marrecas Ferreira, tendo-lhe sucedido o professor Severiano da Fonseca Monteiro.
Escritório-modelo
Em 1916 é inaugurado o museu comercial
O “Instituto Industrial e Comercial do Porto” viveu um percurso atribulado, pela falta de orientação definitiva, até 1918, data da publicação do Decreto n.º 5 029, de 1 de Dezembro, que separou a sua parte comercial, desdobrando-a num “Instituto Comercial do Porto” e num “Instituto Superior de Comércio do Porto”. Nesta data dá-se pela primeira vez a separação dos Institutos Comerciais em relação aos Institutos Industriais, situação que se manteve até 1924.
Instituto Superior do Comércio do Porto
Revista que se publicou entre 1918-1931
Fotos in: Hemeroteca Digital, Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital, Do Porto e Não Só
O então apelidado de “Instituto Comercial do Porto” é conhecido à época por deter o maior nível de estudos mercantis da capital nortenha e também por ser um estabelecimento de ensino técnico médio com ambiência de ensino superior em diversos aspectos da sua vida académica. A conjuntura política de 1974 vem operar profundas alterações na vida deste Instituto, pois, na altura, crescem em importância os cursos de carácter marcadamente técnico. O “Instituto Comercial do Porto” muda de designação para “Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto” (ISCAP)
Em 1930, o “Instituto Superior de Comércio” de Lisboa e mais três escolas técnicas superiores (a actual Faculdade de Medicina Veterinária, o Instituto Superior de Agronomia e o Instituto Superior Técnico) formaram a Universidade Técnica de Lisboa, à qual se juntariam mais tarde os actuais Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Faculdade de Motricidade Humana e Faculdade de Arquitectura. Nessa altura a designação do Instituto Superior de Comércio foi alterada para Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, que viria a ser substituída, em 1972, pela de Instituto Superior de Economia.
Em 1990, a escola adoptou a actual designação de “Instituto Superior de Economia e Gestão” (ISEG).
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