A “2ª Exposição Nacional de Floricultura”, que teve lugar na Tapada da Ajuda em Lisboa, foi inaugurada pelo Chefe do Estado general Óscar Carmona e pelo Presidente da Câmara de Lisboa engº Eduardo Rodrigues de Carvalho ( em substituição do engº Duarte Pacheco entre 1938 e 1943) em 31 de Maio de 1941. A abertura foi Inicialmente programada para 2 de Maio de 1941, mas entretanto por causa do mau estado do tempo teve de ser adiada para 31 de Maio.
Cartaz de Maria Keil
A Tapada da Ajuda, com os seus quase 400 anos de existência, apresenta um vasto património natural, cultural e histórico. Na primeira metade do século XX a expansão urbana da cidade de Lisboa reforçou a importância que este parque assumira desde o século anterior e a permanência do Instituto Superior de Agronomia nesta tapada, que já com um século de história, introduziu novas potencialidades à sua utilização, como espaço verde onde se salvaguarda e valoriza um património que constitui um espaço verde de referência na cidade, conciliando o ensino e a investigação ao recreio, educação ambiental, lazer e conservação da natureza.
O Pavilhão de Exposições, com uma estrutura singular em ferro e vidro, foi projectado pelo arquitecto Luís Caetano Pedro de Ávila, inspirado no desaparecido Palácio de Trocadero, construído sobre a colina de Chaillot, em Paris e sob a ordem do rei D. Luís I, para realizar a “Exposição Agrícola de Lisboa”, em 4 de Maio de 1884.
«Cabe ao architecto sr. Pedro de Avila a honra de ver aproveitado o seu projecto que muitissimo attesta da sua competencia e illustração e que accentua uma revelação artística de primeira ordem, que s. ex.ª aperfeiçoou e educou nas academias de bellas artes do estrangeiro e no estudo constante dos bens mestres» in: jornal "O Tempo"
Revista da Exposição Pavilhão de Exposições da “Exposição Agrícola de Lisboa” de 1884
Não era a primeira vez que Portugal realizava grandes exposições de flores. Já tinham sido levadas a efeito muitos anos antes pela "Associação Central da Agricultura Portuguesa", o "Jardim Botânico", o "Ateneu Comercial", e a própria Câmara Municipal de Lisboa em 1852 e no ano anterior em 1940, durante as “Comemorações Centenárias”, com a designação de “1ª Exposição Nacional de Floricultura”.
Cartaz de Roberto Araújo
O preço da entrada era de 2$00 (dois escudos) e incluía o transporte desde a entrada da Tapada até ao recinto do certame. Também foram disponibilizadas carreiras de autocarros da “Carris” directos do Rossio para a Exposição. O horário de abertura era às 9 horas e o encerramento às 20 horas.
Na foto anterior da esquerda pode-se ver um dos primeiros seis autocarros que a "Carris" adquiriu em 1940, com o fim de reforçar o transporte de visitantes para a "Exposição do Mundo Português", que se realizou em Belém no mesmo ano. Só em 9 de Abril de 1944 seria inaugurado o serviço de autocarros na cidade de Lisboa. Consultar etiqueta «Carris».
Esta exposição teve lugar no Pavilhão de Exposições da Tapada da Ajuda. Teve a colaboração do Município de Lisboa, Serviços Florestais, Instituto de Agronomia e floricultores particulares, que «quasi se arruinam para criar uma beleza viva e fragante, uns nacionalizando-a pela ressurreição, em plena cidade de plantas rústicas que se enfloram, e que, embora sem catálogo, são tipos esbeltos de graça; outros porque, sempre insatisfeitos procuram, como os pintores, novos coloridos, chegando até ao inverosímil da tonalidade». in Diário de Lisboa
A exposição dividiu-se em dois sectores:
O exterior em plena Tapada da Ajuda, decorando jardins e parques com mosaicos floridos, sendo completados com móveis rústicos, jogos infantis, azulejos, pormenores arquitectónicos como portões, alpendres, poço à antiga portuguesa, lagos, escadas de pedra, esculturas, etc.
Os jardins exteriores foram equipados com produtos fornecidos por: Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego, Casa Jalco, Casa Bernard e Serralharia Vicente J. Esteves, entre outros. Esta Exposição contou também com as preciosas colaborações do arquitecto Keil do Amaral, pintor Jorge Barradas e do escultor Canto da Maia.
O sector interior foi no Pavilhão de Exposições, onde decorreu o verdadeiro certame floral. As duas alas reuniram espécimes da estação floral, com boa representação exótica, flores cortadas, plantas gordas e arbustos rústicos. A flora tropical também esteve representada.
No final do dia da inauguração teve lugar uma cerimónia de entrega de prémios, pelo júri da exposição.
Assim como o início da “2ª Exposição Nacional de Floricultura” teve de ser adiado, o seu final também foi adiado para 10 de Junho (em vez de 7 de Junho), não pelas condições climatéricas mas devido à grande afluência de público verificada. No seu encerramento teve lugar a actuação da banda da Guarda Nacional Republicana.
Em 1942 teria lugar a “3ª Exposição Nacional de Floricultura”, também na Tapada da Ajuda em Lisboa.
Cartaz de Carlos Rocha
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Hemeroteca Digital, Biblioteca Nacional Digital
4 comentários:
foi por certo uma bonita exposição digna de ser vista e visitada em tranquilidade e harmonia , tempo bem gasto em possivel ida familiar sem preocupações ou complicações .
Os 3 cartazes estão assinados.
Foram todos atribuídos em Concurso Público.
1ª Expo: Maria Keil
2ª Expo: Roberto Araújo
3ª Expo: Carlos Rocha
Carlos Rocha
Peço desculpa, no meu anterior comentário troquei a ordem dos autores:
1ª Expo: Roberto Araújo
2ª Expo: Maria Keil
Carlos Rocha
Caro Carlos Rocha
Muito grato pela informação que adicionou.
Realmente o cartaz da 2ª exposição
sempre é de Roberto Araújo, pois a assinatura é bem visível.
Quanto aos outros a assinatura não é visível e publiquei conforme sua informação.
Os meus cumprimentos
José Leite
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