O "Banco Lisboa & Açores" foi fundado em 22 de Março de 1875 por um grupo de financeiros de Lisboa e dos Açores. Foram seus fundadores António Gomes Brandão (Visconde de Carregoso), Estêvão José Brochado, António Joaquim de Oliveira, Jorge O'Neill, Lima Mayer & Filhos, Moura Borges & C.ª, Bensaúde & C.ª, Ernesto George, Manuel José Dias Monteiro & Filhos, A.J. Gomes Neto (Visconde dos Olivais), Joaquim Pinto Leite e Joaquim Bessa de Carvalho.
Este Banco foi constituído com um capital social inicial de 5.000 contos, através de emissões sucessivas, metade do qual só em 1889 foi realizado ainda que incompletamente. Posteriormente o capital foi elevado em diversos anos até atingir 200.000 contos em 1964 e finalmente 250.000 contos em 1968.
A sua primeira direcção era constituída pelos seguintes nomes: José Estêvão Brochado (presidente), Abraham Bensaúde (importante elemento de ligação do Banco com os Açores), Adolpho Lima Mayer, Ernesto George e M.J. Dias Monteiro.
E logo em 29 de Dezembro de 1876 …
Traseiras do edifício do “Banco Lisboa & Açores” na Rua dos Sapateiros
Acerca de Adolpho de Lima Mayer uma curiosidade: a sua residência, na Av. da Liberdade - “Palácio Lima Mayer” - projectada por Nicola Bigaglia, um arquitecto italiano que trabalhou em Portugal nos princípios do século XX, foi a primeira obra a que foi atribuído o “Prémio Valmor de Arquitectura”, em 1902. No seu jardim viria a estabelecer-se o “Parque Mayer”, em 1921. Este palácio é hoje o Consulado de Espanha.
“Palácio Lima Mayer”
A primitiva sede do “Banco Lisboa & Açores” esteve instalada na Rua dos Capelistas (hoje Rua do Comércio) em Lisboa, ocupando parte do edifício que mais tarde viria a ser ocupado pelo “Banco de Portugal”. Abriu, simultaneamente em Ponta Delgada a primeira "Caixa Filial" deste Banco.
24 de Junho de 1888
Em 1905 o Banco adquire, dois edifícios situados na R. Áurea com os nºs 82 a 92 (5 portas). Estes edifícios foram demolidos para a construção do edifício, encomendado ao arquitecto Miguel Ventura Terra (1866-1919) e que será a sede do Banco. Este só ficaria com duas portas, a principal para a Rua Áurea e outra para a Rua dos Sapateiros. Lembro que se comemorou a 14 de Julho deste ano, os 150 anos do nascimento deste arquitecto, e ao qual dediquei um artigo sobre a sua vida e obra, no seguinte link: “Arquitecto Miguel Ventura Terra”
Arquitecto Miguel Ventura Terra (1866-1919)
Este edifício-sede construído pela firma “A Constructora - Campos & Fonseca”, «é o exemplo mais emblemático da arquitectura ligada à Finança». A sua fachada, da autoria de Pedro Pardal Monteiro e do escultor-modelador Jorge Pereira, impõe uma disposição vertical, marcada por seis colunas salientes. As cabeças de leão na fachada são obra do escultor José Isidoro d'Oliveira Carvalho Netto.
Vestíbulo Hall de entrada
Balcão de atendimento
Corte transversal
Edifício em obras Anúncio da firma construtora em 1905
1908
Este edifício publicitado pelo “Anuario da Sociedade dos Architectos Portuguezes” de 1907-1908
1908
1938
Seria, ainda, dotado de equipamentos inovadores para a época, como ascensor e instalação eléctrica. Trata-se de um edifício imponente pela sua qualidade arquitectónica tendo chegado a ser classificado pela Câmara Municipal de Lisboa, em 1972, como «o mais importante edifício moderno da Baixa».
1914
1928
Em termos de Quota de Mercado, nos totais de depósitos, a banca nacional em finais de 1945 estava assim distribuída:
- Banco Nacional Ultramarino (23%)
- Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa (22%)
- Banco Lisboa & Açores (13%)
- Banco Fonsecas & Burnay (12%)
Caderneta de depósito à ordem em 1944
Também a rede de agências do “Banco Lisboa & Açores”, atravessará fases de desenvolvimento, que se iniciaram no próprio ano da fundação com as "Caixas Filiais" de Ponta Delgada e da Figueira da Foz, encerradas respectivamente em 1883 e 1878. Em 1904 procede-se à abertura da Agência do Porto, depois Filial em 1921, e mais tarde com a criação da Agência do Estoril em 1933. Outra em Coimbra em 1939, a primeira dependência no Aeroporto de Lisboa em 1948, e quase anualmente, abertura de vários Balcões até perfazer em 1969 um total de 3 Filiais, 29 Agências e 14 Dependências, 3 das quais no Porto. Nestes números estão incluídas as Filiais de Ponta Delgada reaberta em 1955 e do Funchal em 1966, ex-sede do banco da Madeira e a primeira Dependência urbana no Porto em 1967.
Agência da Avenida da República Agência da Avenida de Roma
Cheques
O “Banco Lisboa & Açores”, em meados da década de 60 do século XX, dá os primeiros passos na informatização. Esta inovação a nível nacional mereceu o seguinte destaque: «Instalámos no ano findo (1966) o nosso Centro Mecanográfico, apetrechado com um computador IBM 360/30, com memória externa de disco magnético (…) na zona abrangida pelo teleprocessamento, que se espera irá alargando, poderão, de facto, os nossos clientes tratar das suas operações, incluindo depósitos e levantamentos, em qualquer departamento do Banco, sem dependência do local onde a sua conta tenha sido aberta. Este sistema ficando sendo único entre nós.»
No processo de expansão do “Grupo CUF” este adquire o “Banco Lisboa & Açores”. José Manuel de Mello promove em 1961 a fusão do “Banco José Henriques Totta”, com o “Banco Aliança” do Porto, dando origem ao “Banco Totta-Aliança”, para anos mais tarde a 5 de Dezembro de 1969, criar o “Banco Totta & Açores”, através da fusão do “Banco Totta-Aliança”, com o “Banco Lisboa & Açores”.
1968
“Banco Totta-Aliança” “Banco José Henriques Totta”
Acerca da história desta duas instituições bancárias, consultar neste blog os seguintes links:
”Casa Bancária José Henriques Totta”
“Banco Totta-Aliança”
Já com a designação de “Banco Totta & Açores” na fachada
Em 20 de Dezembro de 2004 o “Banco Totta & Açores”, é incorporado no “Crédito Predial Português”. Anos mais tarde estes dois bancos e o “Banco Santander Portugal” fundem-se e dão origem ao actual “Banco Santander Totta”
Nota: A fachada e entrada do “Banco Lisboa & Açores” foi utilizada no filme português “O Costa do Castelo” de 1943, em que a personagem Luizinha (Milú) era aqui secretária do gerente.
Fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdios Mário Novais), Ordem dos Arquitectos Secção Regional Sul
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