Restos de Colecção: Farmácia e Drogaria Peninsular

9 de fevereiro de 2025

Farmácia e Drogaria Peninsular

A "Pharmacia e Drogaria Peninsular", propriedade da firma "José Pereira Bastos & C.ª", foi inaugurada em 15 de Agosto de 1892, na esquina da Rua Augusta, 39-41 com a Rua de S. Julião 124-130, em Lisboa. De referir que José Pereira Bastos já em 1882 era único sócio de uma drogaria na Travessa da Victoria nº 8, que girava sob a firma "Bastos & Palmeiro". A drogaria na Rua Augusta 39-41 já tinha sido inaugurada em 1885 e girava sob a firma "Bastos & Rosa" constituída por João Luiz da Rosa e José Pereira Bastos. Em 20 de Abril de 1886 João Luiz da Rosa cede a sua quota a José Pereira Bastos ficando este como único proprietário da firma. 

Pelo que em 1892, com a inauguração da farmácia na Rua de S. Julião 124-130 resultou a união desta com a drogaria. A firma "José Pereira Bastos & C.ª" era constituída pelos sócios José Pereira Bastos e José Gomes Louro.


15 de Agosto de 1892


28 de Agosto de 1892

Na véspera da inauguração o jornal "Diário Illustrado" dava nota:

«A'manhã é inaugurada uma nova pharmacia na rua de S. Julião, annexa a Drogaria Peninsular.
Vimos hontem este estabelecimento, que além de estar montado com primoroso aceio, tem um completo e escrupuloso sortimento de todos os generos de pharmacia.
O nosso amigo e sr. José Pereira Bastos, proprietario d'aquelles dois estabelecimentos, tem a dirigir a pharmacia distinctos pharmaceuticos.»

Acerca deste novo estabelecimento o jornal "Folha de Lisboa" escrevia, a propósito, em 4 de Março de 1894:

«Se pela vastidão e luxo d'um estabelecimento tivessemos de aferir a importancia d'mi estabelecimento d'aquella ordem, diríamos sem mais exame, que era aquelle o primeiro do seu gênero em Lisboa. Mas temos melhores dados de que esses para poder afirma-lo. E' o movimento d'aquella importante casa: a nota que nos foi dada do seu importantíssimo fornecimento, da extraordinaria variedade dos seus productos, no meio da qual se encontram não so todos aquelles que poderemos achar em todas as casas suas congeneres, mas muitas outros que lhe são privativos.


Ambos de 4 de Março de 1894

Um estabelecimento completo; pharmacia e drogaria no pavimento inferior, e consultorio no andar nobre, tendo serviço permanente, e consulias gratis aos pobres, a cargo dos distinctos clinicos os srs drs. Craveiro Lopes, Narciso Alberto de Sousa, Bettencourt Ferreira e Alvaro da Fonseca.
Na pharmacia ha, entre outros ns seguintes medicamentos ali preparados: Xarope potybromado, elixir polibromado, Xarope de codeina e Tolu, cigarras anti asthmaticos, Xarope de brometa de potassio (segundo Larose), Xarope de Boutigny. pilulas de protoiodeto de ferro (segundo Blancard).
A fama dl'estes preparados e grande, não se circunscrevendo ao paiz, porque ha encomendas .dla estrangeiro. Esta nota basta, cremos, para dar toda a ideia da sua importancia. (…)
Vão se pode dizer que a pharmacia e a drogaria não estivessem ja commercialmente bem representadas antes da inauguração da casa a que nos estamos referindo, seria ate uma das especialidades do commercio e da industria superabundante de estabelecimentos luxuosos e bem sortidos. Isto significa apenas que para a Pharmacia e Drogaria Peninsular por tal forma ter sobressaído a ponto de ser hoje apontado como estabelecimento de grande superioridade, mister se tornam umas condições especiaes, que na veridade ali se encontram e que dificilmente se poderão achar em outra casa de tal genero.»

Pouco tempo mais tarde, por volta de 1909 seria constituída a firma "J. P. Bastos & C.ª " formada pelos sócios José Pereira Bastos, João Cró Pinto Martins e João Moraes Carvela.


1909


10 de Agosto de 1909


27 de Janeiro de 1913

De referir que este estabelecimento foi, inicialmente depósito das "Águas de S. Vicente" das "Termas de Entre-os-Rios". 

Viria, também a ser depósito das águas minero-medicinais da fonte "Salus" da estância termal de Vidago e Pedras Salgadas, em Lisboa, a partir da segunda década do século XX.. A empresa concessionária destas águas "Bastos, Azeredo & C.ª" (da qual José Pereira Bastos era sócio) viria a instalar-se, nos primeiro, segundo e terceiro pisos do edifício (também propriedade de José Pereira Bastos) onde se encontrava a "Pharmacia e Drogaria Peninsular", até ao seu encerramento nos finais dos anos 20 do século XX. 

"Pharmacia e Drogaria Peninsular" com a publicidade às águas de Vidago

1915

30 de Junho de 1913

Entretanto em 4 de Fevereiro de 1900: «Por escriptura, com data de 31 de dezembro de 1900, esarada nas notas do notario de Lisboa, Emygdio José da Silva, additada pela de 5 de janeiro d'este anno, dissolveu se a sociedade que entre si tinham os abaixo assignados, sob a firma José Pereira Bastos & C.a, ficando pertencendo todo o activo e passivo da mesma sociedade, que era constiuida na drogaria da rua Augusta nos 39 e 41, e 124 a 130 para a rua de S. Julião, ao socio José Pereira Bastos, unica e exelusivamente com a faculdade de continuar a gerir, sob a mesma firma, o commercio do mesmo estabelecimento.
O que assim fazem publico.
Lisboa. 4 de fevereiro de 1901 .= José Pereira Bastos - José Gomes Louro »



27 de Fevereiro de 1926

No lugar da "Pharmacia e Drogaria Peninsular", instalar-se-ia, a partir de 1929, o stand dos agentes oficiais dos automóveis americanos "Ford" e "Lincoln", a "Auto-Aero, Lda.".


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