Tudo começa cerca de 1915, quando o farmacêutico J. Nobre abre a "Farmacia J. Nobre", na Rua da Mouraria 35-37, em Lisboa, e criando ao mesmo tempo os "Laboratórios J. Nobre", localizados no Campo Grande, 189, igualmente em Lisboa.
Interior da farmácia "J. Nobre", na Rua da Mouraria
Em Março de 1916, muda a sua farmácia da Mouraria para a Praça D. Pedro IV (Rossio), 109-110 em Lisboa. Poucos anos mais tarde já os "Laboratórios Nobre" tinham-se transformado na "Fábrica Nally" instalada no Campo Grande, 189 em Lisboa - nas traseiras do "Horto do Campo Grande". Dedicava-se à fabricação e comercialização de perfumaria, sabonetes, batons, vernizes para as unhas, pastas dentífricas, etc. Em 1935 eram seus proprietários e diretores-gerentes Fortunato Abecassis, Henrique Abecassis e Luiz Belo. Para atender à grande procura, em 1933 foi transformada numa importante unidade produtiva que chegou a empregar cerca de 200 trabalhadores.
Desde então, daqui saíram muitos cosméticos e perfumes de muito gabarito e grande popularidade, com direito até a referência nas comédias portuguesas dos anos 40 do século XX, como no filme “O Pai Tirano” (1941) - quando na "Perfumaria da Moda" Arthur Duarte promete oferecer um frasco de "Noite de Prata" («dos maiores que houver!») à empregada- e apreciados por clientes como Dr. Oliveira Salazar e a Rainha D. Amélia.
Cena do filme "O Pai Tirano" atrás referida e rodada na "Perfumaria da Moda"
Capa de partitura de música composta e editada em 1927
A seguir uma série de fotografias do interior da "Fábrica Nally" (ex-"Laboratórios J. Nobre"), localizada no Campo Grande, 189 em Lisboa.
« ... Nasceram depois um pó de arroz e uma água de colónia e a constituição da fábrica Nally (ainda no Campo Grande). Um produto dedicado à queda do cabelo (Petróleo Químico) teve sucesso em 1934, a que se seguiram um bronzeador e a produção para marcas internacionais como Helena Rubinstein, Pantene e Schwarskopf-Sillouet. 1999 foi um ano terrível com o incêndio na fábrica e destruição do espólio e décadas de trabalho.»
Nos anos 60 do século XX a "Fábrica Nally", entra em falência e um funcionário administrativo Sr. Nunes, adquire a fábrica à família Abecassis. Esta família de industriais detinha na altura, também, a "Lusalite", "Cel-Cat" e a "A Mundial Companhia de Seguros", além de fábricas em Angola e Moçambique.
Expositor da "Nally-Benamôr" da Drogaria Howell Guedes, no Cartaxo (in: Jornal de Cá)
1956
Actualmente, a "Sociedade de Perfumarias Nally, Lda.", instalada no Carregado e que detém a marca "Benamôr", tem como sócio principal o francês Pierre Starck, em sociedade com Filipe Serzedelo e Takehide Takase. «Este parisiense, que durante vários anos trabalhou no marketing do grupo "L’Oréal" e foi o responsável em Portugal por marcas como Lancôme ou Biotherm, apaixonou-se pela história da empresa de cosmética que ainda conserva a sua fábrica em Sacavém, acabando por adquiri-la em finais de 2015. Desde então, já conseguiu romper fronteiras, e a sua intensão é transportá-la pelo mundo.»
Tudo continue a ser feito como antes: os produtos na fábrica da "Sociedade de Perfumarias Nally, Lda.", no Carregado, as bisnagas de alumínio na "Sociedade Artística MQM, Lda.", em Monção, parceira de há 90 anos, e as caixas de papel em Braga.
Na nova loja, flagship, "Benamôr Lisboa 1925", inaugurada em Novembro de 2017 na Rua dos Bacalhoeiros, em Lisboa, reflete a imagem de marca de todas as lojas. Os rótulos das embalagens ligeiramente retro brilham no mármore da grande bancada que ocupa o centro da sala. Nas paredes foram emolduradas fotografais antigas e uma carta da rainha D. Amélia, então no exílio, a falar sobre os cremes que usava.
Loja "Benamôr Lisboa 1925", na Rua das Flores, no Porto em 2020
fotos in: Hemeroteca Digital de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital, Arquivo Municipal de Lisboa, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian
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