A famosa casa de carimbos e chapas esmaltadas, litografia, tipografia, etc. “Freire Gravador”, localizada na Rua do Ouro com a Rua da Victória, abriu as suas portas em 1882. Era seu proprietário Aires Lourenço Costa Freire, natural de Penela, distrito de Coimbra.
Aires Lourenço da Costa Freire
1887
Em 8 de Abril de 1894, o jornal “A Folha de Lisboa” escrevia acerca deste estabelecimento:
«Conhecidissimo em todo o paiz, ultramar e estrangeiro - nomeadamente Africa e Brazil - preferidos em todas as adjudicações a que se teem apresentado, teem sido falados em toda a parte e elogiados, em differentes epocas, pelos primeiros jornaes portuguezes, que lhes dedicam os maiores encomios pelo mundo como estão montados e pela perfeição dos seus trabalhos.
Podem citar-se, entre outros muitos, o Diario de Notícias, o Século, Diario Popular, a Folha do Povo, as Novidades, o Primeiro de Janeiro, o Conimbricense, o Covilhanense, o Districto de Faro, o Progresso do Algarve que teem espalhado pelo mundo inteiro a fama dos Grandes ateliers Freire-Gravador.»
Os grandes ateliers de gravura, typographia e estampagem de luxo Freire-Gravador, que acabamos de visitar, deixaram-nos maravilhados, porque são indubitavelmente os primeiros e unicos d'este genero no nosso paiz.
São dignas de verem-se as secções de gravuras de armas e brazões e de sellos em branco para tinta, papel e lacre; a secção de trabalhos para o commercio, chancellas com assignaturas, carimbos de metal em todos os generos; a secção de carimbos de borracha com todos os desenhos, que diariamente fabricam em grande quantidade; a secção typographica, em que se faz toda a qualidade de trabalhos, desde as impressões commerciaes, como bilhetes, facturas, memoranduns, até ás mais superiores como impressões de luxo, chromo-typographicas, etc. para o que tem as melhores machinas e material; a secção de gravura em madeira, onde se executam todos os trabalhos n'este genero; a secção de gravuras e estampagem de brazões e monogrammas a côres, oiro e prata, trabalhos estes de grande merecimento e luxo, para o que teem os papeis das melhores qualidades, exclusivamente destinados a estes trabalhos.
Estes ateliers estabelecidos ha poucos annos ainda, teem ja um pessoal, composto dos melhores artistas nacionaes e estrangeiros, em numero superior ao de todos os gravadores da capital.»
1932
Apesar do seu apelido Freire ser o mesmo de outro gravador famoso de Lisboa, Francisco de Borja Freire (1790-1869) que trabalhou para a Casa da Moeda, muitos anos e que foi responsável pelas gravuras de muitos selos da época, ao que se saiba não era de sua família. Borja Freire, solteiro, possuidor de apreciável fortuna, por sua morte em 12 de Janeiro de 1869,deixou parte dela a parentes e amigos e o restante a estabelecimentos de caridade e assistência.
1891
1898 1900
A casa “Freire Gravador”, rapidamente se tornou famosa a nível nacional, tendo além da sua loja na Rua do Ouro, um armazém na Calçada de S. Vicente e uma fábrica no Beco dos Clérigos, no bairro de Alfama em Lisboa. Mais tarde, muda a sua fábrica para estrada Paço de Arcos-Cacém.
Fotos da loja e fábrica de “Freire Gravador”, em 3 de Março de 1932
Aires Costa Freire detentor de grande fortuna, foi benemérito tendo construído um bairro para os seus trabalhadores no Dafundo, Algés, e cujas habitações ao fim de uns anos reverteriam para os próprios.
1905 1911
1923
1924
No anúncio seguinte, de 1934, consegue-se vislumbrar o seguinte texto:
«Casa fundada à 52 anos, pelo proprietario, mestre dos gravadores, o qual nunca teve uma mancha na sua vida honrada, tendo estudado, e seus filhos, nas 1as. cidades da Europa, as artes e comércio da sua casa, unica em Portugal, premiada com 3 medalhas de ouro, empregando nos seus fabricos, 5, Calçada de S. Vicente e Rua do Ouro 158-160, 16 máquinas a trabalhar a electricidade entre estas uma que vale 40.000$00»
1934
1947
Não consegui apurar quando o “Freire Gravador”, já pertença da firma “A. L. Freire & Filhos, Lda.” (desde os anos 40 do século XX) encerrou definitivamente, mas creio nos finais dos anos 60 do século XX. Em 1998 o seu espaço era ocupado pela firma “Fétal - Confecções” que tinha substituído a livraria “Centro do Livro Brasileiro”. Actualmente é ocupado pela rede de lojas “Maria Maxlote”.
Em 1932 a firma “E.E. de Sousa & Silva” afirma ser a primeira casa de carimbos em Portugal e fundada em 1819
Em Penela, terra natal de Aires Lourenço Costa Freire, fundador da casa “Freire Cravador”, foi construído um imóvel onde foi criada a “Casa de Chá Freire Gravador”, após aprovação camarária de 4 de janeiro de 2010, em memória deste benemérito e ilustre da terra.
Cartaz de um evento na “Casa de Chá Freire Gravador”, em 2016
Entretanto, em 1929, Aníbal Freire, filho de Aires Costa Freire, abriria uma loja de vão-de-escada, na Rua Nova do Almada, de seu nome “Aníbal Gravador”, empregando Acácio Alves. Em 1972 Aníbal Freire passa esta loja a Acácio Alves, que por sua vez a passa a sua filha, Maria Manuela Pinto, em 1983, a actual proprietária. Nos últimos anos, desde que o prédio integrou um Hostel, a lojista tem mais movimento como companhia.
Onde estão as três pessoas , a entrada do edifício onde se instalou a loja de vão-de-escada “Aníbal Gravador”
Loja “Aníbal Gravador”, na actualidade
fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Arquivo Municipal de Lisboa, Hemeroteca Municipal de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital, Arquivo Nacional da Torre do Tombo
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