O “Sport Algés e Dafundo“, foi fundado em 19 de Junho de 1915 e teve origem na fusão de um grupo de futebol chamado “Sporting Club Dafundo”, criado, em 1913, por Domingos Francisco Veloso de Lima e composto, entre outros, por Mário de Almeida, os irmãos Cunha, os irmãos Alfredo, Albano Pimenta Araújo e Rodrigo Bessone Basto, e pelo “Algés Football Club”.
O novo clube, adoptaria como cores o verde e o branco, decidindo dedicar-se à natação, ao polo aquático - ou water polo, como então se dizia - e às actividades náuticas como a vela e o remo. Como nenhum dos antigos clubes tinha Sede, Domingos Lima alugou uma casa na extinta Vila Matias, n° 31. Em 15 de Outubro de 1916 muda-se para aquela que seria a sua segunda Sede, no ainda existente prédio do n° 7, 1 ° andar, do Largo da Estação. Ali se manteve até à construção do “Estádio Náutico”, e ali se discutiram, como recordava Fernando Sacadura num artigo de memórias inserto na publicação comemorativa do 41° aniversário, muitos problemas ligados à natação, se delinearam organizações afamadas de provas de rio, que emprestaram invulgar movimento e colorido ao Tejo com grandes flotilhas de acompanhamento, se estabeleceram bases de campeonatos de water polo, se meditou sobre estilos de nadar (o findgem era o mais vulgar) e se assentaram as ideias que originaram a construção do Estádio Náutico, que deu apreciável impulso para o desenvolvimento das modalidades. Até à construção da piscina, os nadadores treinavam no rio Tejo, na praia de Algés.
VII Travessia de Lisboa a Nado entre Xabregas e Algés em 1927 (fotos da partida e da chegada)
Travessia do Tejo, a partir da praia da Trafaria em 1929
O crescimento do “Sport Algés e Dafundo” nos primeiros tempos de vida deve-se fundamentalmente ao facto de entre os seus fundadores se contar o mais extraordinário nadador revelado naquela época, Rodrigo Bessone Basto, vencedor incontestado, de 1916 a 1926, de todas as provas de rio, as famosas travessias, únicas que era possíveis realizar, por não haver piscina. Por outro lado, o “Ginásio Clube Português” organizava todos os anos uma prova marítima da Trafaria ao Bom Sucesso. O vencedor era sempre o às Formosinho.
Mas seria na modalidade de polo aquático, que o “Sport Algés e Dafundo” ganhou o seu primeiro troféu, a “Taça Maria Emília”, num torneio organizado junto à praia da Cruz Quebrada, em 24 de Setembro de 1916.
Festa em 24 de Janeiro de 1931 no “Sport Algés e Dafundo”
Inauguração do Campo de Ténis em 1931 Inauguração da época de natação de 1945
Em 5 de Maio de 1928 é feito o lançamento da primeira pedra para a construção do “Estádio Náutico”, com toda a solenidade. Maria Vitória Santos, de 7 anos, a mais jovem nadadora do Clube, cavou com uma enxada o local onde seria lançada a mesma. José Cordeiro Júnior partiu a tradicional garrafa de champanhe. A 10 de Maio, a Câmara Municipal de Oeiras comunica a aprovação dos projectos para a construção da Sede, na Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, e projectada pelo arquitecto Raúl Tojal (1900-1969), ficando isentos das taxas municipais. Comprado o terreno, começaram-se as obras.
Início da construção da Piscina em foto de 30 de Agosto de 1929
A 13 de Julho de 1930, foi a inauguração oficial da Piscina e respectivas instalações de apoio, com a presença do chefe do Estado, General Óscar Carmona e dos Ministros do Interior, Dr. António Lopes Mateus e da Marinha, Luís Magalhães Correia. Trinta e cinco dias depois do banho lustral e catorze meses depois do lançamento da primeira pedra. Mais um recorde do “Sport Algés e Dafundo”.
Inauguração da Piscina com as bancadas ainda não concluídas e nadadores participantes
Colaboraram nesta inauguração o “Club Sportivo Pedrouços”, o “Sport Lisboa e Benfica”, o “Clube Nacional de Natação”, o “"Clube de Futebol “Os Belenenses” e o “Casa Pia Atlético Club”. A primeira prova realizada foi uma corrida de 4x200. Ganhou a equipa do SAD composta por Azinhais dos Santos, Alfredo da Conceição, Hermano Patrone e Manuel Cardoso.
“Estádio Náutico” já concluído
Prova de Pólo Aquático em 1945
Em 9 de Novembro de 1931 o “Sport Algés e Dafundo” passa a gozar do estatuto de utilidade pública.
Resenha histórica na “Gazeta dos Caminhos de Ferro” em 1959
Na história mais recente do “Estádio Náutico”, de destacar a inauguração da Piscina de Inverno, em 1968 e a construção da cobertura da Piscina, em 1977, onde foram instalados um Pavilhão Gimnodesportivo e dois novos e amplos ginásios, bem como diversas estruturas de apoio.
E não só de desporto viveu o “Sport Algés e Dafundo”, já que desde 1928 exibia cinema tendo para tal adaptado uma das bancadas a essa finalidade. Mas em 17 de Maio de 1936, inaugura o seu Cinema “Stadium” com 821 lugares e 14 camarotes, Entre as suas finalidades essenciais contava-se a promoção de um espaço de lazer e recriação cultural dos associados e a criação de uma fonte de receitas estável para o Clube.
“Stadium” ainda com o écran e cadeiras de madeira iniciais
“Stadium” depois de renovado
Planta e preços de 1953
bilhete e programa gentilmente cedidos por Carlos Caria
Os anos seguintes vieram a provar plenamente a visão dos seus criadores. Em 1945, o Cinema continuava como principal fonte de receita do Clube. O seu movimento anual ascendeu aos 700.000$00 e o lucro da gerência correspondente foi de 222.051$43, quase o dobro do ano anterior. Durante cerca de duas décadas, o Cinema “Stadium” constituiu-se um importante polo dinamizador da comunidade envolvente e, através da publicidade e das receitas directas, um elemento fundamental na consolidação financeira do Clube. No entanto, a partir dos anos 60, com a proliferação de espaços alternativos e a inauguração da Televisão, a atracção exercida pelo cinema do Algés foi-se tornando progressivamente menor, com a consequente diminuição das receitas. Assim, apesar de continuar a ser utilizado para celebrações esporádicas e para a cedência a instituições interessadas, o Cinema “Stadium” deixa de apresentar filmes com programação regular, apresentando-os pontual esporadicamente até meados dos anos 80 do século XX.
Hoje, o “Sport Algés e Dafundo” é um clube desportivo amador, de perfil ecléctico e vocação competitiva e olímpica. Praticando muitas e diversas modalidades desportivas, nos mais diversos escalões etários, é uma colectividade com grande impacto na juventude da sua região (mais de 2.000 atletas em actividade), não só do ponto de vista desportivo, como também do da integração social dos jovens.
A par das suas prestações nacionais, possui ainda um palmarés invejável no que respeita a provas internacionais. Para além de inúmeras participações em campeonatos europeus e mundiais, esteve representado com 47 atletas seus de Natação, Ginástica Rítmica, Judo e Vela nas diversas edições dos Jogos Olímpicos desde 1952, a esmagadora maioria dos quais continuou a praticar no Clube ou transitou para a equipa técnica das respectivas modalidades.
As modalidades desportivas do “Sport Algés e Dafundo” englobam, actualmente: Natação, Polo Aquático, , Basquetebol, Vela, Judo, Taekwondo, Fitness, Ginática Rítmica, Hidroginástica, Musculação e Hydrorider.
gentilmente cedido por Carlos Caria
No Ensino também com a Ocupação de Tempos Livres de crianças que frequentem o 1º e 2º Ciclos do Ensino Básco e acompanhamento pedagógico e apoio escolar.
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Bibliografia: site “Atletismo Magazine Modalidades Amadoras”
Fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdios Mário Novais), Hemeroteca Digital, Arquivo do Dário de Notícias, Sport Algés e Dafundo, Malomil
8 comentários:
Caro José Leite,
Este “post”, apesar de tratar duma agremiação que merece o maior respeito, também por isso me causa alguma tristeza.
Esta é mais uma das agremiações desportivas que teve a sua época de glória no panorama nacional e até internacional e que agora vai vivendo mais para dentro, para o bem estar e são convívio dos seus associados.
As colectividades populares e mais bairristas sofreram os efeitos da globalização e, agora, ou têm orçamentos de milhões ou remetem-se à sua “insignificância” por mais nobre que seja a sua actividade.
Os exemplos são vários: Sport Algés e Dafundo, Club Sportivo de Pedrouços, Clube Nacional de Natação, Clube Atlético de Campo de Ourique, Clube de Futebol “Os Belenenses” e muitos outros que tiveram projecção nacional e internacional.
Se atentarmos nos clubes que participaram na inauguração da piscina no dia 18 de Julho de 1930, vemos que na prática da natação, em termos competitivos, são zero ou pouco mais.
Na resenha histórica da “Gazeta dos Caminhos de Ferro”, em 1959, parece-me haver uma ligeira imprecisão quando escreve:
“O seu Estádio Náutico, inaugurado em 1930, é, ainda hoje, a única piscina de clubes desportivos que possui dimensões oficiais”.
Isto só estará certo se considerarmos que as dimensões oficiais eram 33,33m o que não me parece correcto pois a piscina do Clube Nacional de Natação, de 25 m, inaugurada em 1956, era a piscina onde se disputavam Campeonatos Nacionais e provas internacionais.
Acresce que, por esse tempo, também o Ateneu Comercial de Lisboa, arranjou maneira de receber subsídio governamental, ou federativo, para construir uma piscina mas, usando dum artifício, construiu-a apenas com 33 metros, inviabilizando a sua utilização para provas oficiais. “Esquemas”, sempre houve!
Vale que mesmo assim, o “Algés”, embora numa vertente mais amadora, continua e oxalá por muitos anos!
Desculpe o alongar do comentário, mas serviu para desabafar um pouco.
Cumprimentos,
João Celorico
Caro João Celorico
Quando estava a elaborar este artigo lembrei-me que quando era garoto (Tenho 56 anos) o Sport Algés e Dafundo era uma agremiação muito badalada e de muito prestígio.
Hoje ninguém fala dela infelizmente. Mas como diz, honra lhe seja feita. Existe(!) e temos de saudá-la por isso. Muitas ficaram pelo caminho ou deixaram de ter a intervenção que esta ainda, e felizmente, tem.
Possivelmente nunca teve subsídios de monta que outros tiveram porque os nossos políticos de hoje preferem ser reconhecidos em clubes grandes ...
Pode ser que com gente como eu, que ao recordar o passado, as pessoas se vão lembrando ... Enquanto tiver engenho e saúde continuarei a relembrar o que de bom este país teve. Nem tudo foi mau. E não nos devemos orgulhar de Portugal só com o futebol ...
O seu comentário está cheio de propriedade.
Os meus cumprimentos
José Leite
Lá fiz a então instrução primária. E lá, por esses tempos (segunda metade dos anos sessenta), aprendi a nadar.
Perdi completamente, há muito, o contacto com o SAD. As memórias são ténues, ou já nem isso. Grato por este "post".
Costa
Caro José Leite,
Nem queira saber o que gostei de ler/ver com atenção esta sua publicação! De facto, nasci em Algés, uns bons metros acima do SAD na Avª dos Combatentes, nos idos de 40 e por lá passei diariamente até aos meus dez anos quando os meus pais se mudaram para Sintra. A minha mãe aprendeu a nadar lá com o Prof. Bessone nos anos 30/40, mas - não sei por que razões - nunca lá me deixou entrar, na piscina, digo. Todos s dias me empoleirava no muro para a espreitar, mas era só...
Ao cinema Stadium fui muitas, muitas vezes, aí desde os meus 4 anos, que me lembre...
Obrigada pelas recordações, pelas imagens, pelo texto, pela publicação - sempre de grande qualidade.
D. Graça Sampaio
Fico contente que tenha gostado.
Sempre amável e generosa nos seus comentários.
Os meus cumprimentos
Foi muito o suor que derramei... Foram muitas as braçadas que dei... Obrigado!
Nos anos 80 por lá andou a minha filha, onde aprendeu a nadar. Gostei imenso do seu post, também porque moro na zona e quando por lá passo dou uma "espreitadela". Os meus cumprimentos.
Caro Manuel Tomaz
Grato pelo seu sempre amável comentário
Cumprimentos
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