A história da empresa “Ach. Brito & C.ª Lda,” fundada em 25 de Março de 1918, remonta a 1887, com a fundação da “Claus & Schweder” pelos alemães Ferdinand Claus e George Schweder. No Arquivo Distrital do Porto, nos livros de notário, há um documento legal lavrado a 29 de Março de 1915 que diz o seguinte: «Ferdinand Claus, Willy Thesen e Achilles Alves Brito constituem uma sociedade (...) em 1908 com o objetivo da industria e comércio de sabonetes e perfurmarias (...)». Na referida data, nessa escritura, dá-se a modificação da sociedade “Claus & Schwreder, Sucessor”, em que o sócio Claus divide todo o capital social, pertencente unicamente a si, pelos três sócios em partes iguais. A empresa, em 1915 passa assim, a chamar-se “Claus & Schwreder, Sucessores”, empresa que, em 1925, seria vendida em hasta pública à “Ach. Brito & C.ª Lda.”
Instalações fabris e sede da “Ach. Brito & C.ª Lda,” , em 1920 na Travessa da França, no Porto
1907 1909
“Perfume Finissimo Orchidea” da “Claus & Schweder, Sucessor”
Foi em 1918 que Achilles de Brito e o irmão Affonso de Brito criaram, na cidade do Porto, a sua empresa de sabonetes e outros artigos de perfumaria, a "Ach. Brito".
O percurso da família Brito no mundo das fragrâncias começou vários anos antes, com a colaboração de Achilles de Brito na "Claus & Schweder," inicialmente enquanto contabilista e anos mais tarde, em 1908, como sócio da empresa. De referir que a "Claus & Schweder" foi primeira fábrica portuguesa de sabonetes e perfumes, fundada também no Porto.
Devido à I Guerra Mundial e à nacionalidade alemã dos fundadores, Achilles de Brito viu-se envolvido no processo de nacionalização da "Claus & Schweder", que acabaria por ser vendida. Em 1917 Achilles de Brito saiu definitivamente da empresa e foi então que, em 1918, os irmãos Brito decidiram fundar a "Ach. Brito"
Stand no “Salão de Outono da Elegância Feminina e Artes Decorativas ‘Voga’ ”, em Lisboa em 3 de Novembro de 1928
A “Claus & Schweder” contava, na altura em que foi adquirida pela “Ach. Brito”, com um grande espólio de prémios nacionais e internacionais, que incluíam, por exemplo, várias medalhas de ouro conquistadas nos EUA e em Espanha, entre outros. No entanto, em 1926 a Ach. Brito continua a expandir este catálogo de prémios, ao receber no Porto, o “Diploma de Grand Prix”, na “Exposição Industrial Portugueza”. Em 1929 conquista a Medalha de Prata na ”Feira de Amostras da Industria Nacional” da “Associação Industrial Portugueza”, realizada no Estoril. O reconhecimento inerente à conquista destes prémios, culmina com a participação da “Ach. Brito”, na “Exposição Colonial Portuguesa” de 1934 que teve lugar na cidade do Porto. Neste certame a “Ach. Brito” encontraria uma forma original de publicitar os seus produtos, ao contratar o alemão Heinrich Gleiser que, com as suas andas, percorria a exposição no alto dos seus 4 metros.
Promoção publicitária da “Ach. Brito” na “Exposição Colonial Portuguesa” em 1934 no Porto
Com o objetivo de conseguir diferenciar-se, a “Ach. Brito” inclui, em 1953, uma litografia nas suas instalações. A partir deste momento, o processo produtivo é inteiramente realizado nas instalações da empresa: desde o fabrico, à rotulagem, ao acondicionamento dos produtos. Para tornar os produtos ainda mais únicos e conferir-lhes um carácter ainda mais especial, os rótulos eram pintados à mão, o que fazia com que se distinguissem de forma clara no mundo da perfumaria.
Oficinas de litografia
1934 1940
Armazém em Lisboa, no Largo do Poço do Borratém e carrinha de distribuição
O ano de 1968 importantes acontecimentos para a “Ach. Brito & C.ª Lda.”. Para além de comemorar os seus primeiros 50 anos de existência, a 25 de Março de 1968, a sede e fábrica da empresa, localizada na Avenida da França no Porto - que era na altura das mais relevantes de toda a indústria portuguesa - recebe a visita do então Presidente da República, Almirante Américo Thomaz.
Para celebrar o meio século de existência, é lançada uma publicação contendo a história da marca no contexto da indústria de perfumaria em Portugal.
Visita do Presidente da República à “Ach. Brito” em 1968
No ano de 1994 a liderança da empresa passa a ser dos irmãos Aquiles e Sónia Brito, bisnetos do fundador Achilles de Brito. É a partir deste ano que se inicia um novo ciclo que faz desta empresa o que ela é hoje. A empresa foi reestruturada, tanto ao nível dos recursos humanos como da produção. O portfólio de produtos é também estrategicamente reposicionado.
A partir de 2002 os horizontes da “Ach. Brito” são alargados aos mercados internacionais e a marca premium da empresa - “Claus Porto” - começa a ser exportada um pouco para todo o mundo, sendo colocada em lojas extremamente exclusivas e reputadas, tanto de design como de decoração. A aposta, fruto de uma boa implementação estratégica e da qualidade notória de todos os produtos das marcas “Ach. Brito”, rapidamente deu frutos: hoje em dia os produtos Claus Porto são comercializados em mais de 50 países.
Em 2007, é inaugurada uma nova fábrica em Vila do Conde, que passa a ser o quartel-general da “Ach Brito”. Motivada pela necessidade de espaço, esta unidade tem 10.000 m2, com uma área coberta total de cerca de 4 mil metros quadrados, onde trabalham 50 funcionários. É aqui que se concentra a produção e acondicionamento da empresa, que mantém também uma unidade de produção da marca “Confiança”, em Braga.
A empresa “Ach.Brito”, em 2012 decide, mais uma vez, investir na imagem da marca de luxo “Claus Porto”. Em consequência disso, é produzido um novo stand para as feiras e exposições internacionais, apostando no arrojo arquitetónico e na perfeição do design. É igualmente lançado um novo site que privilegia por um lado a experiência do utilizador e por outro as atuais correntes de design, apresentando, igualmente, o seu novo site institucional.
Os armazéns “Harrods” e os “Fortnum & Mason” em Londres ou os “Bergdorf Goodman”, em Nova Iorque, são alguns dos muitos clientes de referência.
Bibliografia: site institucional da “Ach. Brito”
fotos in: Ach. Brito, Hemeroteca Digital, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian
4 comentários:
A maioria das empresas familiares, não passa da terceira geração. Assim, os descendentes de Ach. Brito, estão de parabéns! Quem não gosta do cheirinho dum sabonete Ach. Brito?! ah ah ah.
Cumprimentos,
Manuel Tomaz
Caro Manuel Tomaz
Felizmente, ainda algumas vão sobrevivendo, caso da empresa "Papelarias Emílio Braga, Lda", de Lisboa, cujo artigo tenho em mãos neste momento, e que, fundada em 1918, já vai na 4ª geração da família.
Os meus cumprimentos
José Leite
Verdadeiras pérolas que encontro por aqui. Os sabonetes AchBrito, que estão tão em voga, têm uma história riquíssima, muito bem retratada aqui.
Um bom Ano de 2016 :)
Cara Catarina
Grato pelo seu amável comentário.
Um Ano Novo feliz para si.
Cumprimentos
José Leite
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