O “Café Luso” também conhecido por «café dos fados» e propriedade de José Lopes Ferreira, abriu as portas na Avenida da Liberdade, em 1 de Maio de 1931, no edifício que ainda hoje existe e faz esquina com a Travessa do Salitre, onde se situa o “Parque Mayer”.
Entrada do “Café Luso”
«De tempos a tempos aparece uma noticia nos jornais a ferir a curiosidade de grande publico lisboeta. A honra da surpresa de hoje cabe aos proprielarios do Grande Café Luso, que fazem amanhã, 1 de Maio, a abertura do seu grandioso estabelecimento. O seu ramo de commercio é de Cafe Restaurant com excelente serviço de Bar-Cervejaria, primando por apresentar um serviço de mesa com fino togue de estilo e de «charme», com comida toda caseira, genuinamente portuguesa, num cuidadoso serviço á lista com os tipicos 1 374 de dose dose á antiga portuguesa. Tudo aos melhores preços de reclame.
Este estabelecimento vai inaugurara-se com audições de Fado, com brilhantes «matinées» e «soirées», até ás 2 da madrugada. Os elementos a compor os programas serão rigorosamente seleccionados, estando já contratados para este mês, entre outros elementos a já indiscutivel rainha das cantadeiras Ercília Costa ae a afamosa e conhecida fadista Maria do Carmo.» in "Diario de Lisbôa"
Estabelecimento que viria a ser ocupado pelo “Café Luso” (dentro da elipse desenhada na foto)
Nota: no edifício da foto anterior, na loja das três montras onde tem o letreiro “Leilão de Livros” e restantes 5 portas da esquina com a Travessa do Salitre, viria a instalar-se o primeiro “Café Lisboa” que, em Junho de 1968, seria transferido para o lado oposto da Avenida da Liberdade.
1933 1935
Pelo “Café Luso”, passaram grandes nomes do fado como Alberto Ribeiro, Alfredo Marceneiro, Amália Rodrigues, Berta Cardoso, Lucília do Carmo, Frutuoso França e muitos outros. Ficou, por isso, conhecido como a "Catedral do Fado", celebrizou-se pelos afamados concursos de revelação de talentos, e continuou fiel a esse princípio de acolher artistas emergentes, o que explica que grande parte dos nomes que compõem a história do Fado tenham contribuído para a própria história do “Café Luso”. «Os programas do Café Luso não se confundem e são sempre os melhores. Melhores programas, melhor clientela e o maior respeito. »
Em 3 de Fevereiro de 1940 inauguraria um salão próprio para bailes
Em 31 de Julho de 1940 tem lugar a última sessão de fados nas instalações da Avenida da Liberdade, com a fadista Berta Cardoso, tendo inaugurado as suas novas instalações na Travessa da Queimada, no Bairro Alto, em 18 de Janeiro de 1941, com a designação de “Cervejaria Luso”.
31 de Julho de 1940
Capa de “LP” de Amália Rodrigues” gravado no “Café Luso”
As primitivas instalações do “Café Luso”, na Avenida da Liberdade, viriam a ser ocupadas pelo “Café Cristal”, inaugurado em 10 de Novembro de 1941.
18 de Janeiro de 1941
22 de Janeiro de 1941
A “Cervejaria Luso” viria a ocupar as antigas adegas e cocheiras do Palácio de São Roque, - edifício sobrevivente do terramoto de 1 de Novembro de 1755 - e sob a direcção artística do «cantador» Filipe Pinto e com a sua sala de espectáculos profissional e bem equipada, ficou historicamente marcada por figuras como Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro e tantos outros.
11 de Maio de 1954
“Luso” actualmente
Depois de modernizado o “Luso”, nos anos 90 do século XX, e gerido por João Pedro Ferreira Borges e seus sócios, tem-se mantido entre as casas de fado mais importantes e de referência de Lisboa.
Foto actual do edifício na Avenida da Liberdade onde se instalou, no 131 e três montras seguintes, “Café Luso” em 1927
fotos in: Museu do Fado, Hemeroteca Digital, Arquivo Municipal de Lisboa, Luso

