O “Theatro do Principe Real” foi inaugurado em 29 de Setembro de 1865, em homenagem ao Príncipe D. Carlos e futuro Rei de Portugal, nascido em 28 de Setembro de 1863. O edifício projectado por Luís Ruas situava-se na esquina na Rua da Palma, na freguesia de Santa Justa, em Lisboa. “Dois Pobres e Uma Porta”, em 3 actos e, “Muito Padece Quem Ama”, em 1 acto, foram as comédias apresentadas na sua inauguração.
No dia da inauguração, 29 de Setembro de 1865, o jornal "A Revolução de Setembro" escrevia:
A proposito da inauguração, o mesmo jornal comentava:
Recordo que na cidade do Porto, já tinha sido inaugurado, em 1855, um teatro com o mesmo nome o “Theatro do Principe Real”. Começou por ser um barracão de madeira, e, em 1867, seria construído outro de pedra e cal. Com a implantação da República em 1910, este “Theatro do Principe Real”, do Porto, passaria a designar-se “Theatro Sá da Bandeira”.
“Theatro do Principe Real” na Rua da Palma, em Lisboa
1873
Palmira Torres a actriz principal da peça “A Severa”, de Júlio Dantas em 1906
No livro de Sousa Bastos, “Diccionario do Theatro Portuguez” , editado em 1908, pode-se ler:
«Francisco Vianna Ruas, avô dos actuaes emprezarios d'este theatro, era um afamado mestre d'obras e proprietário d'uma estancia de madeiras á Boa Vista. Foi elle quem reedificou o theatro do Gymnasio. O velho Ruas achou-se de uma vez emprezarioo do theatro de S. Carlos. Dera com os burrinhos n'agua o emprezano lork, a quem o theatro fora adjudicado por três annos ; passou a empreza a Martins & C* e pouco depois a Ruas & C.ª Este pouco tempo lá esteve ; mas ficou-lhe o vicio dos espectáculos. N'um terreno desoccupado que havia depois da abertura da nova rua da Palma, á esquina da carreirinha do Soccorro, edificou Ruas um salão, a que deu o nome de Wauxhall e realisou alli bailes de mascaras, que pouco resultado deram. Como fosse infeliz na tentativa, mudou o nome para Salão Meyerbeer e alli realisou sem resultado também alguns concertos. Aproveitando as paredes, transformou o salão n'um modesto theatro e convidou o actor Cezar de Lima a associar- se a elle para formar companhia.
Assim foi, inaugurando-se o Theatro do Príncipe Real com a comedia em 3 actos, Dois pobres a uma porta e a comedia em 1 acto, Muito padece quem ama, ambas imitadas por Aristides Abranches, e Rangel de Lima.
Na companhia estreiou-se uma actriz de grande valor, Margarida Clementina, irmã da actriz Anna Pereira; esta egualmente, os actores Gama, Bayard, César de Lima, Paulo Martins, Gil, etc.
O theatro do Principe Real, que depois foi modificado, transformando- se n'uma bonita casa de espectáculos, tem tido epochas brilhantissimas, principalmente a do actor Santos, a de Rossi, a de Paladíni, a da Preciozi e Maria Denis e
muitas outras.»
No final da primeira temporada da companhia “Theatro Livre”, em 1905, Araújo Pereira e Luciano de Castro - seus fundadores em 1904 - abandonaram esse projeto para fundar, com Simões Coelho, a companhia “Theatro Moderno”, que ficou sediado no “Theatro do Príncipe Real”, onde se apresentara, antes, a companhia “Theatro Livre”.
A companhia “Theatro Moderno” teve, contudo, uma existência ainda mais efémera do que o seu antecessor, durando apenas o mês de Julho de 1905. Sob a direção artística de Araújo Pereira, destacou-se por ter levado à cena um repertório exclusivamente português, com textos de Ramada Curto (“O Stygma”), Carrasco Guerra e Eloy do Amaral (“Mau Caminho: Episódio Doloroso”), Bento Mântua (“Novo Altar”), Mário Gollen (“Degenerados”), Afonso Gayo (“Quinto Mandamento”), Amadeu de Freitas e Luís Barreto da Cruz (“A Lei Mais Forte”).
1878 1905
Até 1870, quase todas as representações, tanto de peças teatrais como de operetas e operetas cómicas ficaram a cargo da “Companhia do Theatro do Principe Real” (Santos & Pinto Bastos). Além desta a “Companhia Ernesto Rossi”.
Cartaz de 1908 Bilhete
Em 11 de Outubro de 1910, o regime republicano altera o seu nome para “Theatro Apollo”. “Agulha em Palheiro”, é primeira revista original após a instauração da República. De Ernesto Rodrigues, Félix Bermudes e Lino Ferreira, foi um êxito estrondoso estreado em 23 de Fevereiro de 1911, e considerada a primeira revista verdadeiramente republicana, pelo seu «espírito revolucionário»… em 3 actos e 12 quadros e com música de Filipe Duarte e Carlos Calderón, foi interpretada por nomes como Lucinda do Carmo, Nascimento Fernandes, Amélia Pereira, Isaura, e João Silva, entre outros, foi um acontecimento.
Na obra “O Teatro em Lisboa no tempo da Primeira República” pode -se ler:
«Situado na Rua da Palma desde 1866, o ex-Teatro do Príncipe Real anunciava, logo após a implantação da República, dramas populares e baixa comédia, operetas e teatro de revista. Era, na altura, seu ensaiador António Pinheiro, funções de que foi dispensado no fim da época quando Eduardo Schwalbach alugou o teatro a Luís Ruas, então seu proprietário».
Revista “Agulha em Palheiro”, Fevereiro de 1911 Revista “Paz e União” estreada em 3 de Janeiro de 1914
Dois anúncios na revista “O Palco”, em 5 de Fevereiro e 5 de Março de 1912, respectivamente
1912
“Teatro Apolo”, na Mouraria
Entrada
Bilheteira Hall de entrada
Sala de espectáculos
“Ponto” Adriano Mendonça Chefe electricista António Ferreira
O teatro em Portugal, volta a merecer uma atenção particular de uma crítica algo agastada com o excesso de produção revisteira, de qualidade duvidosa. «Em cada teatro, em cada animatógrafo, em cada casino surge uma revista. Ultimamente foram um fracasso na sua maioria talvez mercê do ambiente, talvez pelos excessivos rigores da polícia do antigo regime.».
1924 Capa de “Programa” de 1927/1928
1939
“Teatro Apolo” com a opereta “O Colete Encarnado” em cartaz, estreada em Janeiro de 1941 e respectiva publicidade
foto da autoria de Octávio Sedas Nunes in: "Lisboa nos Anos 40" de Marina Tavares Dias
Capa e contra capa da partitura do “Fado da Rusga” da opereta “Mouraria” estreada em 18 de Outubro de 1946
“A Dama das Camélias” estreada pela companhia “Os Comediantes de Lisboa” em 22 de Dezembro de 1949
“O Club de Gangsters” estreada pela companhia “Os Comediantes de Lisboa” em 11 de Janeiro de 1950
A última companhia que esteve no “Teatro Apolo” foi brasileira, dirigida pela actriz Maria Della Costa. A primeira visita da companhia de “Teatro Popular de Arte do Brasil” de Maria Della Costa a Portugal tinha ocorrido em 1956, ano em que o público pôde assistir, no “Teatro Apolo”, a textos de autores variados como Abílio Pereira de Almeida («Moral em Concordata», 1956), Henrique Pongetti («Manequim», 1957), Tennessee Williams («A Rosa Tatuada», 1957), Jean Anouilh («O Canto da Cotovia», 1957) e Jean-Paul Sartre («A Prostituta Respeitosa», 1957), entre outros. De referir que a peça «A Prostituta Respeitosa» só pode ir à cena com cortes, depois de uma longa batalha com a censura do Estado Novo, sendo chamada pelos meios de comunicação, de modo conservador, de «A... Respeitosa».
Bilhete
A segunda estada da “Companhia de Teatro Popular de Arte” de Maria della Costa viria a ser no “Cine-Teatro Capitólio”, entre Outubro de 1959 e Março de 1960.
A última peça a ser representada no “Teatro Apolo” foi «A … Respeitosa», de Jean Paul Sartre, pela companhia de “Teatro Popular de Arte” de Maria della Costa estreada a 10 de Maio de 1957. A última representação teatral, nesta teatro foi na noite de 14 de Junho de 1957. Na altura do encerramento do “Teatro Apolo” o empresário deste teatro era Erico Braga.
Apesar dos inúmeros sucessos, o “Teatro Apolo” após ter sido leiloado o seu recheio em 22 de Agosto de 1957, foi demolido no mesmo ano.
Notícia em 1957
fotos in: Hemeroteca Digital, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Arquivo Municipal de Lisboa,
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