Após a 2ª Guerra Mundial, devido à posição neutral de Portugal, a retoma da economia nacional e a ajuda financeira do “Plano Marshall”, deram um forte impulso para o início da construção do “Metropolitano de Lisboa”.
Assim, a “Sociedade do Metropolitano de Lisboa, SARL” seria constituída a 26 de Janeiro de 1948 tendo como objectivo o estudo técnico e económico, em regime de exclusivo, de um sistema de transportes colectivos fundado no aproveitamento do subsolo da cidade de Lisboa. A concessão para a instalação e exploração do respectivo serviço público viria a ser outorgada em 1 de Julho de 1949.
Sede da “Sociedade do Metropolitano de Lisboa”, a partir de 1954, na Avenida Fontes Pereira de Melo
Depois de iniciados os trabalhos de construção da rede inicial do Metro, em 7 de Agosto de 1955, quatro anos depois, em 29 de Dezembro de 1959, este novo meio de transporte para a cidade de Lisboa, foi inaugurado pelo Presidente da República, Almirante Américo Thomaz, pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, e pelo Presidente da Câmara de Lisboa, brigadeiro França Borges, além da presença dos Ministros do Interior, das Finanças, da Economia, das Obras Públicas e Comunicações e do Exército.
«Aquilo a que nos devotámos não foi o metropolitano pelo metropolitano, mas sim o metropolitano por Lisboa» declarou o engenheiro D. Francisco de Mello e Castro, presidente do conselho de administração da empresa “Metropolitano de Lisboa”, na cerimónia inaugural.
Cerimónia da Inauguração na estação “Restauradores”
«Terminada a breve, mas muito solene, cerimónia religiosa, o sr. Presidente da República e todas as entidades convidadas tomaram lugar nas duas composições do metropolitano. Eram 11 e 7. Um minuto depois, o comboio detinha-se na estação da Avenida da Liberdade. Mais um minuto e o comboio inaugural, conduzido pelo maquinista sr. Joaquim Ramos da Cruz Madaleno, atingia a estação da Rotunda.
Num ambiente de festiva alegria, ouvindo-se incontidos e calorosos elogios quer á qualidade do material circulante e comodidade e beleza das estações, quer á sensação de rigorosa segurança oferecida pelo novo meio de transporte, seguiu-se, então, para o átrio sul da estação, onde se ia efectuar a sessão inaugural do metropolitano.» in “Diario de Lisbôa”
O “Metropolitano de Lisboa” abriria ao público às 6 horas da manhã do dia seguinte, 30 de Dezembro de 1959, mantendo-se em funcionamento até à 1 hora da manhã do dia 31, horário de funcionamento que se manteria regular.
«Esta manhã, ás 6 horas, foram abertas asa cancelas das vias de acesso ás diversas estações. Logo desde o início do funcionamento do metropolitano, a afluência do público foi intensa. No primeiro comboio, saído da estação dos Restauradores tomaram lugar algumas artistas espanholas que se exibem numa "boite" de Lisboa, acompanhadas dos seus musicos privativos, que cantaram e dançaram, entre os aplausos dos passageiros.
O movimento aumentou consideravelmente a partir das oito horas, passando o público a constituir autênticas vagas humanas. Na estação dos Restauradores, cerca das 10 horas, formavam-se já "bichas", com alguns metros de comprimento.» in: “Diario de Lisbôa”
A rede aberta ao público consistia numa linha em Y constituída por dois troços distintos, Sete Rios (actualmente, Jardim Zoológico) - Rotunda (actualmente, Marquês de Pombal) e Entre Campos - Rotunda, confluindo num troço comum, Rotunda - Restauradores.
A rede do “"Metropolitano de Lisboa em 29 de Dezembro de 1959
Fases de Construção
O “Metropolitano de Lisboa” era, ao tempo da sua inauguração, o décimo quarto da Europa e o vigésimo quinto no mundo. O pioneiro fora o Metropolitano de Londres, em 1863, a partir da ideia de Charles Pearson, o inventor deste meio de transporte.
Terminal e oficinas do Metro em Sete-Rios em 1959 e em 1977
As primeiras 24 carruagens ao serviço do “Metropolitano de Lisboa” eram compostas pelas carruagens “ML 7”, importadas da empresa alemã “Linke Hofmann Busch GMBH”, e que mais tarde seriam fabricadas, sob licença, pela “Sorefame - Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas, Lda.” na Amadora, e estiveram ao serviço entre 29 de Dezembro de 1959 e 31 de Dezembro de 2000.
Carruagem “ML 7” e seu interior fabricadas na “Sorefame”
O 1º escalão de construção da rede foi concretizado em fases sucessivas. Assim, em 1963 entra em exploração o troço Restauradores - Rossio, em 1966 o troço Rossio - Anjos e, por último, é completado em 1972 com a ligação Anjos - Alvalade.
Algumas estações do “Metropolitano de Lisboa” à data da inauguração e nos primeiros anos de funcionamento
Estação “Avenida”
Estação “Rotunda”
Acesso à estação “Avenida”
Estação “Restauradores”
Estação “Parque”
Acesso à estação “Campo Pequeno” E o respectivo bilhete …
Estação “Rossio” Estação “Saldanha”
Estações não identificadas
Depois dessa primeira expansão, o metro não voltou a inaugurar estações até 1988. Em 1974, a revolução do 25 de Abril veio modificar a gestão do “Metropolitano de Lisboa”; e em 1975 a empresa é nacionalizada passando a chamar-se, em 1978, “Metropolitano de Lisboa, EP”. A nova gestão começou por fazer obras de alargamento das estações, inicialmente habilitadas para receber apenas duas carruagens, para poderem passar a receber quatro. A expansão da rede só foi retomada em 1988 com a inauguração dos troços Entre Campos - Cidade Universitária e Sete Rios - Colégio Militar / Luz. Cinco anos mais tarde, abriu a extensão Cidade Universitária-Campo Grande e a Alvalade-Campo Grande. Esta última passou a ser a primeira estação à superfície da rede de metro.
As novas composições “ML 79” entraram ao serviço em 1983 com 12 carruagens, e foram retiradas de serviço em 2001 quando contavam com 56 carruagens. Com 6 carruagens entrava em 1993 a “ML 90”, e em 2012 ainda se encontravam ao serviço na rede de metro.
Composições “ML 79”
A partir desta data foram-se multiplicando as estações de Metro em Lisboa, mas deve destacar-se a abertura de uma nova linha em Maio de 1998, chamada de Linha do Oriente. Destinada a servir a “Expo' 98” foi a primeira linha completamente independente a ser inaugurada desde a abertura do Metro em 1959. O percurso seria, até 2009, Oriente - Alameda.
Estação “Oriente” Estação “Olaias”
Em Julho de 1998 abre à exploração a estação Cabo Ruivo. A abertura da estação Olivais virá a ter lugar no início de Novembro. Em Agosto de do mesmo ano abre à exploração a ligação Restauradores - Baixa/Chiado e em Novembro de 1998 abre à exploração a estação Olivais.
Em Fevereiro de 1999 entra em serviço de exploração a nova geração de material circulante “ML 97”. Na mesma data entram em funcionamento industrial as instalações do novo “Parque de Material e Oficinas” (PMO III), na Pontinha. As antigas carruagens “ML 7” seriam retiradas de serviço em 31 de Janeiro de 2000.
Composição “ML 97”
Parque de Material e Oficinas” (PMO III), na Pontinha
Interior de carruagem “ML 97”
Em 2012 encontravam-se também no activo as séries “ML 95” com 114 carruagens, a “ML 97” com 54, e ao “ML 99” com 113 carruagens. Apresentado um número total de carruagens nesse ano de 338. Em 1959 eram 24.
Em Novembro de 2002 abre à exploração o troço Campo Grande - Telheiras na Linha Verde, iniciando-se assim a primeira fase do prolongamento desta linha para Noroeste.
Estação “Telheiras”
Em Março de 2004 abre à exploração o troço Campo Grande - Odivelas na Linha Amarela, com cinco novas estações, Quinta das Conchas, Lumiar, Ameixoeira, Senhor Roubado e Odivelas. Pela primeira vez o “Metropolitano de Lisboa” sai dos limites do concelho de Lisboa.
Em Maio de 2004 abre à exploração o troço Pontinha - Amadora Este na Linha Azul, com duas novas estações, Alfornelos e Amadora Este.
Terminal “Colégio Militar/Luz”
Em Dezembro de 2007 abre à exploração o troço Baixa/Chiado - Santa Apolónia na Linha Azul com duas novas estações, Terreiro do Paço e Santa Apolónia.
Em Agosto de 2009 abre à exploração o troço Alameda - S. Sebastião na Linha Vermelha com duas novas estações, Saldanha II e S. Sebastião II.
Estação “São Sebastião”
Estação “Jardim Zoológico”
Em Julho de 2012 o “Metropolitano de Lisboa” abriu ao público o prolongamento da Linha Vermelha entre as estações Oriente e o Aeroporto. Este troço passa a abranger três novas estações: Moscavide, Encarnação e Aeroporto e acrescenta uma extensão de 3,3 quilómetros à rede do Metro. A abertura deste novo troço configura um momento de especial importância para a Área Metropolitana de Lisboa, com especial impacto nas acessibilidades ao “Aeroporto de Lisboa”.
Estação “Aeroporto”
Assim, Lisboa conta, actualmente, com quatro linhas autónomas do “Metropolitano de Lisboa”, com cerca de 43,2 km de comprimento e 55 estações. As estações antigas estão todas remodeladas. Trata-se de uma rede pensada de uma forma global e intermodal de forma a serem otimizados todos os recursos da cidade em termos de transportes.
Mapa atual do “Metropolitano de Lisboa”
O “Metropolitano de Lisboa” comemorou o seu 55º aniversário no passado dia 29 de Dezembro de 2014
Fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Metropolitano de Lisboa, Clube de Entusiastas do Caminho de Ferro
4 comentários:
Tem a certeza que as estaçõe dos Anjos e Intendente foram remodeladas?
A mim parece-me que não, ou pelo menos se já foram remodeladas um dia, deveriam sê-lo de novo.
Gosto muito do seu blog.
D. Ágata
Se foram remodeladas ou não, não sei, mas que já sofreram obras de alargamento, já há uns anos, tenho a certeza.
Os meus cumprimentos
José Leite
Onde estão guardadas/armazenadas/expostas as carruagens ml-7 se é que estao disponiveis para o publico ver. Se não de que maneira e que as poderei ver?
Muito obrigado blogue fantastico!
Saudações
sobre as imagens de estações não identificadas, aponto os eguinte:
Metropolitano.27.jpg - Estação "Sete-Rios"
Estao.2.jpg - Estação "Restauradores"
Estao.1.jpg - Estação "Entrecampos" (átrio Norte )
Metro-Lisboa.4.jpg - Estação "Avenida" (imagem anterior à Metro-Lisboa.7.2.jpg, provavelmente antes da inauguração. Só haviam duas estações com aquele tipo de átrio, Avenida e Alvalade, sendo que a de Alvalade não poderia tem escadas para a superfície onde podem ser vistas as que constam na foto.
Cumprimentos,
Rui Fonseca
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