A “Fonte Monumental”, mais conhecida por “Fonte Luminosa” e localizada num dos extremos da Alameda Dom Afonso Henriques, em Lisboa, foi inaugurada a 28 de Maio de 1948, com a presença do Presidente da República, o Marechal Óscar Carmona, e do Presidente do Conselho Doutor Oliveira Salazar, tendo a mesma sido entregue à Câmara Municipal de Lisboa na cerimónia de inauguração, na pessoa do seu Presidente, o tenente-coronel Álvaro Salvação Barreto.
Mandada construir pelo Ministro das Obras Públicas e das Comunicações engenheiro Duarte Pacheco, foi projectada, em 1939, pelos irmãos Carlos Rebello de Andrade e Guilherme Rebello de Andrade. A sua construção foi idealizada no âmbito das comemorações do duplo centenário da Fundação e Restauração de Portugal (1940). A fonte veio cumprir um triplo objectivo:fornecer um fecho condigno à Alameda D. Afonso Henriques; proporcionar um miradouro sobre a Alameda, e, por fim, um objectivo simbólico, comemorativo da entrada das águas do vale do Tejo na cidade, que permitiram, em 1940, elevar o caudal destinado ao consumo.
Terreno que viria a ser ocupado pela “Fonte Monumental”
Maqueta
Obras de construção em fotos de 21 de Dezembro de 1942
Trata-se de uma construção monumental, que abrange quase toda a largura da Alameda, dotada de um corpo central, dois outros, avançados nos extremos, com baixos-relevos, e escadarias laterais de acesso ao terraço superior, delimitado por uma balaustrada ritmada por plintos. No topo do corpo central 13 olhos de água jorram sobre enormes descarregadores, que formam cascatas de queda dupla, compostos por 2 taças sobrepostas.
O escultor Diogo de Macedo (1889-1958) esculpiu a figura alegórica do Tejo, segurando uma nau, que um tritão-criança procura alcançar, montado num cavalo-marinho empinado sobre golfinhos revoltos, e as Tágides com caudas de peixe, segurando golfinhos e búzios. O escultor Maximiano Alves (1888-1954) executou as 13 figuras femininas, segurando búzios e vieiras.
Fase final das obras em 1943
Baixos relevos de Jorge Barradas
Escultórica da figura alegórica ao Tejo, e o seu autor o escultor Diogo de Macedo
A construção da "Fonte Monumental" teve início em 1940, porém a obra sofreu atrasos. As figuras das "Nereides", encomendadas ao escultor Maximiano Alves só estariam terminadas em 1942. Igualmente, a empreitada escultórica confiada a Diogo de Macedo só estaria concluída em 1943.
As fachadas dos corpos laterais, que albergam a maquinaria, exibem 2 baixos-relevos verticais com alegorias ao trabalho, em tempos policromos, da autoria de Jorge Barradas (1894-1971).
Em 1943 o engenheiro espanhol Carlos Buigas deslocou-se a Portugal a fim de estudar e conceber os jogos de água. Por essa altura, a fonte estaria quase pronta, contudo a sua inauguração oficial só se verificou a 28 de Maio de 1948, celebrando simultâneamente o 22º aniversário da "Revolução Nacional", e a abertura da "I Exposição de Obras Públicas” que teve lugar nas instalações do “Instituto Superior Técnico", localizado no extremo oposto ao da “Fonte Monumental” na Alameda Afonso Henriques. Lembro que neste mesmo dia seria inaugurado o bloco hospitalar do “Instituto Português de Oncologia” na Palhavã.
A "Fonte Luminosa" depois de parada desde 2007, a 27 de Dezembro de 2012 e após profundas obras de restauro e melhoramentos no valor de cerca de 1.3 milhões de euros, foi reinaugurada. Nesta intervenção foram introduzidos um novo sistema de alimentação, duas novas bombas (num total de seis, sendo as restantes reparadas) e quadros eléctricos diferenciados para as bombas e para a iluminação (fornecida por 292 projectores, servidos por cerca de 80 transformadores). Um sistema computorizado que permite uma diversidade de efeitos cénicos dos jogos de água e luz e programação das horas de funcionamento, para horários de Verão e Inverno. O sistema eléctrico tem como principal objectivo a poupança de energia. Procedeu-se à limpeza da "Fonte Luminosa" selaram-se fissuras e restauraram-se conjuntos escultóricos.
Fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian
2 comentários:
Não sabia! E vivi ao pé dela mais de 30 anos!
Afinal foi inaugurada no ano em que eu ainda iria cumprir 5 aninhos.
Muitas tardes ali brinquei em criança. Dizem que sempre levava um livro. E, mais de uma década depois, durante 6 anos, todos os dias subiria e desceria, 2 vezes ao dia, a ladeira oposta, a caminho das aulas no Técnico às 8.00 e às 14.00.
Depois do 25.4.74, a realização dos comícios deu cabo dos 3 relvados, que nunca mais vieram a ser o que já tinham sido. No relvado central fizeram de tudo, até uma alcatroada pista de corridas e atletismo, que nunca vi ser usada. Aí passeei muitas noites um dos cães que tive. Depois fizeram um parque infantil. Muito dinheiro ali foi inutilmente torrado. Éramos ricos então, com os restos do ouro "fascista" que o Salazar amealhara em vez de desenvolver economicamente o País. O que aliás também ninguém fez depois.
A Fonte, totalmente degradada, deixara de funcionar muito antes de eu ter saído, em 1975, daquela minha primeira casa, a da família. Felizmente soube agora, por este magnífico blog, que foi reinaugurada e está em funcionamento outra vez. Tenho de lá ir uma noite, ver os novos jogos de água.
NGF
Pena terem desaparecido os cisnes que viviam no lago sobre a fonte. Havia ali uma esplanada com duas televisões, eram muito bem passadas ali as noites de agosto. Enquanto os meus pais conviviam com os amigos eu alimentava os cisnes... outras vezes vinha abaixo à fonte ver os patos com penas coloridas.
Pena não encontrar aqui fotos desse espaço.
Enviar um comentário