Restos de Colecção: Hotel São Cristóvão

16 de fevereiro de 2014

Hotel São Cristóvão

O “Hotel São Cristóvão”, em Lagos no Algarve, abriu as suas portas pela primeira vez, em 20 de Fevereiro de 1955, ainda como “Estalagem São Cristóvão”, propriedade de Hermano do Nascimento Baptista (1907-2000), e foi projectada pelo arquitecto António Vicente de Castro (1920-2002).

“Estalagem São Cristóvão” nos anos 60 do século XX

“Estalagem São Cristóvão” nos anos 50 do século XX

Hermano Baptista começou a vida profissional como motorista nas carreiras de autocarros da “Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses”, cuja gestão passou, posteriormente, para a empresa “Palmelense”; que devido à reduzida rendibilidade, os serviços cessaram, e os maquinistas, despedidos.

Hermano do Nascimento Baptista (1907-2000)

Hermano Baptista regressou, então, a Lagos, onde iniciou um negócio de frutos secos, e, posteriormente, passou para os combustíveis, tendo instalado um posto da “Sonap”. Pouco depois, aproveitando a quase inexistência de estabelecimentos de acolhimento para viajantes em Lagos, institui um abrigo para motoristas à entrada da cidade, que se tornou, posteriormente, numa estalagem, a “Estalagem São Cristóvão”.

O projecto apresentado era composto por dois volumes e dois programas distintos: uma Estalagem com um pequeno stand anexo e um posto de abastecimento de combustível. Implantado na entrada da cidade de Lagos, o edifício foi orientado de modo a que as fachadas principais ficassem a nascente e a sul, viradas para a baía e para Lagos. A "Estalagem São Cristóvão",  era dividida em dois pisos. Contendo, no piso térreo, um restaurante, bar, zona de estar, instalações sanitárias masculinas e femininas, cozinha e copa, instalações sanitárias para funcionários, quarto do guarda e arrumos. Junto às fachadas sul e nascente encontrava-se uma ampla esplanada que iluminava o restaurante, o bar e a zona de estar, separados por tabiques de madeira, prolongando o interior para o exterior. Anexo a este programa encontrava-se ainda um Stand com escritório. No piso superior, o programa era composto por: 10 quartos, 9 com varanda privada, 5 virados a nascente, 3 a sul e 2 a poente; duas casas de banho; uma instalação sanitária com lavabo independente; arrumos; e uma varanda com escada exterior que fazia a ligação entre pisos.

 A "Estalagem São Cristóvão", foi considerada, na época, um projecto moderníssimo e futurista, e era direccionada, aos viajantes, daí o nome de São Cristóvão, o Santo protector dos motoristas e dos viajantes.

“Estalagem São Cristóvão” antes da ampliação e conversão a “Hotel São Cristóvão”

Nos finais dos anos 60 do século XX, Hermano Baptista, amplia significativamente a Estalagem transforma-a no “Hotel São Cristóvão”. Passa a oferecer 76 quartos com a classificação de 3 estrelas.

Devido a dificuldades económicas, no entanto, vê-se obrigado a vender o hotel à empresa Torralta, instalando-se Hermano Baptista então, já um prestigiado cozinheiro, na Quinta das Palmeiras, que se tornou, posteriormente, num pólo da cultura gastronómica portuguesa.

Depois de adquirido pela “Torralta” e, depois desta ter sido adquirida pelo “Grupo Sonae” em 1998, o “Hotel São Cristóvão” encerrou definitivamente anos mais tarde, juntamente com o “Hotel Golfinho” na Praia da D.Ana.

Em 9 de Agosto de 2010, o Presidente da Câmara Municipal de Lagos, dr. Júlio Barroso, em entrevista ao jornal e rádio “Litoralgarve”, ao ser questionado acerca do futuro dos “Hotel São Cristóvão” e “Hotel Golfinho”, há muito  encerrados, respondia:

«Esses dois hotéis, entraram num âmbito da Torralta e no âmbito da negociação que o Estado fez no processo da falência da Torralta e esses hotéis foram cedidos ao Grupo Sonae. Para ambos os hotéis apresentou projectos de novos hotéis, mas sabemos que o Grupo Sonae vendeu esses dois activos. Existem projectos na Câmara aprovados e em condições de evoluir, são dois grupos nacionais o Grupo do Hotel Golfinho é de um Grupo algarvio que nos garante que o projecto vai avançar, mas como deve calcular o timing dos investimentos cabe aos investidores e não à autarquia. O Hotel São Cristóvão é de um outro grupo algarvio, mesmo aqui de Lagos, que também está a preparar um projecto para este espaço, mas este momento de crise não é o melhor para o arranque decisivo destes dois projectos.»

fotos in: Delcampe.net

1 comentário:

João Menéres disse...

No princípio da década de 60, fiquei lá uns dias.
Foi num Agosto ventoso em que o sobretudo era uma mais valia.
Na altura, era um tanto afastado do centro...