A origem da “Associação Académica de Coimbra” (AAC) remonta à década de 30 do século XIX, em pleno reinado de D. Maria II. Na base da AAC está a fundação da “Academia Dramática”, que se encontrava sediada no interior do antigo colégio das artes. Problemas internos entre os sócios motivaram uma cisão e o grupo maioritário fundou a “Nova Academia Dramática” em 1838/39 no Colégio de S. Paulo, local onde é hoje a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. A nova academia era constituída por três institutos: o dramático, o de música e o de pintura.
Mais tarde, a 17 de Abril de 1849, foram revistos os Estatutos e decidida a extinção da primeira, a “Nova Academia Dramática” assumiu o seu nome. Passados sensivelmente dois anos os associados optaram pelo nome “Instituto de Coimbra”, que também ficou conhecido como Clube dos Lentes atendendo à seleção dos associados ser muito criteriosa. Em 1861 foi fundado o “Clube Académico de Coimbra”, também no Colégio de S. Paulo. As duas associações decidiram fundir-se, com a designação de “Associação Académica e Dramática”.
Colégio de São Paulo
Em 1887, após uma revisão dos Estatutos, esta associação passou a designar-se “Associação Académica de Coimbra”, designação que mantém até aos dias de hoje. Assim, a 3 de Novembro de 1887 foi fundada a “Associação Académica de Coimbra”, que teve como seu primeiro Presidente o estudante de Direito, António Luís Gomes (1863-1961).
António Luís Gomes (1863-1961)
O primeiro jogo de futebol da “Associação Académica de Coimbra” data de Janeiro de 1912, sendo na altura presidente Álvaro Bettencourt Pereira de Athayde. A preparação para o aguardado encontro foi tal que a equipa começou a treinar-se no dia 8 de Janeiro, na Ínsua dos Bentos, local onde se viria a disputar o duelo com o “Ginásio Club de Coimbra”. Nessa partida, disputada no dia 28, a Académica surgiu equipada com camisolas brancas e calções pretos, num encontro que terminaria com a vitória da “Associação Académica de Coimbra” por 1-0.
Primeira equipe da Académica
No jogo com o “Ginásio Club de Coimbra”, a “Associação Académica de Coimbra” apresentou a sua primeira equipa da História, tendo alinhado com: Durval de Morais (Medicina); César Moniz Pereira (Direito) e Fernando Andrade (Direito); António Luís Lopes (Escola Agrícola), António Perdigão (Direito) e N.N.; Salvador (Medicina), Filipe Mendes (Direito), José Júlio da Costa (Matemática), José de Melo Cardoso (Medicina) e José Natividade Coelho (Direito, capitão de equipa). De salientar o facto de o N.N., que quer dizer Não Nomeado, ser alguém que, por algum motivo, se recusou a identificar-se publicamente.
Durante várias décadas, a AAC encontrou-se sediada no Colégio da Trindade. No entanto, as novas instalações não permitiam a realização de espetáculos, que constituíam a maior fonte de receitas da AAC. Esta situação levou a desaparecimento de várias atividades culturais e modalidades desportivas. No virar do século, a AAC andou por várias casas de aluguer pela alta e apenas em Setembro de 1901 retornou ao Colégio da Trindade, situação que duraria apenas 7 anos. Poucos anos mais tarde, serenados os ânimos, o Senado Universitário concedeu à AAC novas instalações, no rés-do-chão do Colégio de S. Paulo.
Colégio da Trindade
Caracterizada por um espírito de luta, democracia e humanidade, a associação desenvolve diversas atividades de carácter cultural, da responsabilidade do Conselho Cultural, incentivando as mais variadas manifestações criativas, e de carácter desportivo, a cargo do Conselho Desportivo.
Em 1954 é apresentado o projecto dos arquitectos Alberto José Pessoa e João Abel Manta, e em 1957 tem início a construção do complexo académico da “Associação Académica de Coimbra”, propriedade da Universidade de Coimbra.
Estaria concluído e inaugurado oficialmente, em 1963, e incluiria o “Teatro Gil Vicente” mais tarde renomeado “Teatro Académico de Gil Vicente”, alvo de uma artigo específico neste blog (clicar no link anterior).
Fotos do complexo da “Associação Académica de Coimbra” em 1963
No edifício principal de 5 pisos, situam-se: no primeiro piso (r/c), alguns gabinetes de serviços e lojas comerciais, no segundo vários gabinetes, entre eles o da direcção, salas de trabalho, sala de estudo e livraria; no terceiro piso, uma galeria de exposições e os gabinetes estão ocupados por estúdios da “Rádio Universidade”, biblioteca, armazém, direcção etc., no 4º piso vários gabinetes, na generalidade ocupados por salas de trabalho, tal como no 5º piso.
Este complexo é constituídas por um conjunto de vários edifícios, nos quais se congregam variados serviços - cantinas, bares, ginásio, teatros, salas de ensaio e edifício das secções culturais e desportivas -, as novas instalações académicas revelam claramente a ruptura estilística do “classicismo monumental” adoptado na Alta universitária.
Posteriormente, o espaço amplo e interior que é delimitado pelas várias construções da Associação foi ajardinado segundo o esboço paisagístico, de 1961, do arquitecto Manuel Cerveira. O painel de azulejos alusivo às actividades da Associação, foi da autoria de Abel Manta.
Actualmente, no edifício-sede estão um miniauditório e quatro salas: de estudo, multiusos, de reuniões e exposições. Apensas à associação estão um livraria e uma papelaria, assim como um bar e esplanada e uma agência de viagens.
Já agora, para os amantes de futebol … Descobri no belíssimo blog “IÉ-IÉ”, a seguinte capa de revista “Cavaleiro Andante” de 18 de Junho de 1960, e respectiva informação adicional acerca da equipe de futebol da “Associação Académica de Coimbra” , nestes tempos da construção deste complexo.
18 de Junho de 1960
«A secção de futebol da Académica tem os seguintes dirigentes: Horácio Marçal, José Eiró e José Luís Dias Pinto.
O treinador da equipa é o argentino Oscar Montez, o médico o dr. Francisco Soares e o massagista Guilherme Luís.
Jogadores utilizados mais vezes pela Académica na presente época, nove dos quais são ultramarinos: Maló, Araújo, Wilson, Mesquita, Malícia, Torres, Rocha, Jorge Humberto, Samuel, Miranda, Nuno e Chipenda.»
A, “Associação Académica de Coimbra” é o clube de futebol português mais antigo, tendo celebrado em 3 de Novembro de 2012, os seus 125 anos.
Os dois clubes a seguir em antiguidade são: “Associação Naval 1º de Maio”, da Figueira da Foz (01 de Maio de 1893), e o “Futebol Clube Porto” (28 de Setembro de 1893).
Em 1974 a Secção de Futebol, é retirada da “Associação Académica de Coimbra” por razões relacionadas com o período revolucionário iniciado em Abril, sendo obrigada a sair das instalações académicas, a promulgar estatutos próprios e a ter que optar por um dos nomes que a Academia já, em outras circunstâncias adoptara, “Clube Académico de Coimbra”.
Mas em 1984 o “Clube Académico de Coimbra” volta a ser integrado na “Associação Académica de Coimbra”, como organismo desportivo autónomo, passando a designar-se “Associação Académica de Coimbra - O.A.F”., instalada aos Arcos do Jardim tendo o seu pavilhão gimnodesportivo na Rua Infanta D. Maria.
fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Associação Académica de Coimbra
Bibliografia: História e informações disponibilizadas nos sites da Associação Académica de Coimbra, e do SIPA.
9 comentários:
Sobre os Painéis da Associação Académica de Coimbra - João Abel Manta http://ceramicamodernistaemportugal.blogspot.pt/2011/11/paineis-da-associacao-academica-de.html
Saudações,
CMP*
Caro CMP
Muito grato pela informação.
Os meus cumprimentos
José Leite
O post está muito informativo e bem feito. No entanto, tem uma incorrecção. A reintegração do clube académico de coimbra na académica acontece em 1984 e não em 1994.
Saudações
Paulo Barbosa
Caro Paulo Barbosa
Muito grato pela correcção e pelo seu comentário.
Já efectuei a alteração.
Os meus cumprimentos
José Leite
Caríssimo,
Um interessante trabalho. Existe também uma bela obra sobre a história do futebol da AAC, da autoria de João Santana e João Mesquita - "Académica, história do futebol" (talvez do melhor que se tem feito no que toca à história de colectividades desportivas).
Cumprimentos
Vintage Memórias
Grato pela sua informação e comentário
Os meus cumprimentos
José Leite
Ex.mo Senhor
Creio que faria todo o sentido ter referido a "Tomada da Bastilha".
Cumprimentos
Caro(a) Anónimo(a)
Falha sempre qualquer coisa ... :)
Os meus cumprimentos
José Leite
Muito obrigado por esta exemplar informação.
Saudações Académicas.
ACAdÉMICAAAAAAAAAAAAAA !
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