Numa brochura de 54 páginas que acompanhou uma «representação» entregue pela firma "Figueiredo & Sousa" constituída por Fausto de Figueiredo e Augusto Carreira de Sousa, - concessionária das "Termas do Estoril", - à Câmara dos Deputados a 26 de Maio de 1914, na qual era solicitada ajuda financeira do Estado ao empreendimento turístico no Estoril, Mariano de Carvalho ao apresentar o seu plano financeiro escrevia:
«O Estoril é como uma mulher prodigiosamente bela a quem só falta o artifício das convenções estéticas da moda para enlouquecer e seduzir os homens».
Comboio ainda a vapor chegando à estação do Estoril
O forte de S. Roque mandado construir por D. João IV (como quase todos os fortes da Linha), em Santo António do Estoril caíra em ruínas. Comprado por Ernesto Schröeter, ergue uma casa apalaçada por entre alamedas de tamarindos e palmeiras, que daria origem ao nome de "Tamariz".
Tamariz (à esquerda na foto)
Por volta de 1886 e graças á imaginação do italiano Cézar Ianze, João Martins de Barros transforma num palacete, hoje «ex-libris» do Estoril e do "Tamariz", o quase arruinado Forte de Santo António, passando a ser conhecido pelo «Chalet Barros».
«Chalet Barros» e praia do Tamariz
Voltando ao texto de Mariano de Carvalho …
«As estações de águas, as praias de banhos, os ares da montanha, são a cada passo procurados como antídoto às mil e uma misérias que atormentam a humanidade culta».
«Tudo isto se faz, sabemo-lo vagamente, em vagos lugares longínquos, que pela forma genérica costumamos designar: "lá fora". É "lá fora" que o turismo floresce, "lá fora" que existem os grandes hotéis (...), "lá fora" os casinos, os magníficos estabelecimentos termais, as praias de banhos de élite (...)».
Fixar turistas que procuram outras paragens é, pois, «grata e patriótica tarefa». Há possibilidade de o fazer: «Aí temos, a dois passos de Lisboa, o desejado oásis» - « o mar, a serra, o campo: e sobre tudo isto um céu luminoso e transparente».
Um desdobrável, de 1935, da "Sociedade Propaganda da Costa do Sol", proclamava:
Estoril «la plage d'été et d'hiver à 24 km de Lisbonne. Trains electriques toutes les demies heures. Le climat privilégié d'Europe». Traduzindo do francês: «a praia de Verão e Inverno a 24 Km de Lisboa. Comboios eléctricos a todas as meias horas. O clima priveligiado da Europa».
Na estação do Estoril em 15 de Agosto de 1926
1933
1935
Refere igualmente os desportos, o estabelecimento hidromineral e fisioterápico, o "Tamariz" («paraíso das crianças»), o Casino ... « e todos os jogos das cidades de águas».
Piscina no Tamariz Piscina flutuante em 1970
Praia do Tamariz, actualmente
fotos in: Cascais, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Biblioteca Nacional de Portugal, Hemeroteca Digital, Retrovisor
4 comentários:
Agora digam-me lá se os antigos toldos brancos não eram muito mais giros do que os atuais chapéus de palha?
Entretanto quero aproveitar para, de novo, lhe agradecer este excelente Blogue que acompanho diariamente.
Cumprimentos,
Caro João Branco
Além dos toldos brancos serem mais giros, eram bem mais eficazes em termos de sombra.
Esqueceu de referir as barracas com pano riscado em várias cores que davam um tom ainda mais alegre.
Grato pelo seu comentário e pelas suas amáveis palavras
José Leite
Impressão minha ou, na piscina flutuante, a primavera marcelista já permitia uma boa dose de topless!?
Obrigado pelo seu bolg, que consulto com agradável frequência.
Pedro
Caro Pedro
Realmente não tinha reparado nesse importante pormenor ...
Pelos vistos a "Primavera Marcelista" não foi tão castrante assim ...
Grato pelo seu comentário e pelas suas palavras
Cumprimentos
José Leite
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