Em 1907, na Av. Fontes Pereira de Melo com a Rua Latino Coelho, em Lisboa, é concluída a construção do palacete de José Joaquim da Silva Graça, proprietário e director do jornal “O Século” até 1921, para sua habitação particular, tendo sido projectada pelo arquitecto Miguel Ventura Terra.
Palacete Silva Graça e Avenida Fontes Pereira de Melo
José Joaquim da Silva Graça (1853-1931)
Nos finais de do século XIX, em virtude de mudanças ocorridas na propriedade da empresa “O Século” e de algumas divergências com os seus consócios, José Joaquim da Silva Graça.já então exercendo funções de administrador, tornou-se o sócio maioritário, sucedendo a Magalhães Lima na respectiva direcção.
O novo director, adoptando uma estratégia de comunicação, direccionada aos mais diversos tipos de público, soube interagir sobre eles para ganhar, por um lado, a sua adesão à causa republicana, por outro, a aceitação e expansão do jornal. Introduzindo processos de atracção e de penetração até então desconhecidos em Portugal, como a organização de uma impressionante rede de correspondentes, pela sua abrangência e rapidez de expansão, Silva Graça transformou o diário, em poucos anos, num empreendimento comercial vigoroso, dando azo a novos investimentos e, consequentemente, ao aparecimento de novos suplementos ( “Humorístico”, “Modas e Bordados”, “Brasil e Colónias” ), edições especiais (publicações de folhetins, “Século da Noite” ) e outras publicações ( “Almanaque d' O Século”, “Século Cómico”, “Ilustração Portuguesa”, “Os Sports”, “Século Agrícola” ). Afastou-se em 1922 por desentendimentos com o seu filho e com a “Companhia Portugal e Colónias” que viria a controlar esta empresa.
Foi viver de seguida para Hyeres, arredores de Paris, onde viria a morrer em 5 de Maio de 1931 com 72 anos de idade.
Por curiosidade os fornecedores de bens e serviços para este palacete foram: Construção: Construtora do Porto ; Aquecimento: Casa Geneste & Herscher de Paris ; Cantarias: Pardal Monteiro ; Estuques e pinturas: Cruz & Franco ; Ferragens: Casa Gamier de Paris ; Instalações eléctricas e telefónicas: M. Herrmann e Júlio Gomes Ferreira & Cª ; Persianas: Casa Jaquemet Mesnet & Cie de Paris ; Serralharia: Jacob Lopes da Silva.
Publicidade de dois fornecedores, em 1909
Em 1919, José Rugeroni, genro de Silva Graça, adquiriu o palacete. Em 1931, decidiu converter o palacete, com o jardim e respectivos anexos, num hotel de luxo, radicalmente transformado, segundo orientação do seu proprietário, com a colaboração do arquitecto Vasco Regaleira e inaugurado, em 24 de Outubro de 1933, com a designação de “Aviz Hotel”
Aspecto do Palacete Silva Graça depois de transformado em “Aviz Hotel”
Este hotel viria e encerrar e a ser demolido em 1962, assim como o seu jardim envolvente. No seu lugar foram construídos o “Edifício Aviz’”, onde se encontra, hoje, instalada a loja da emblemática, "Antiga Casa José Alexandre" e o “Hotel Sheraton”, ambos projectos do arquitecto Fernando Silva.
Edifício «Aviz», 1967 Hotel «Sheraton», 1972
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian
4 comentários:
o secret war in Aviz Hotel http://24-land-portugal.blogspot.pt/2009_10_01_archive.html
Caro Ralf Wokan
Grato pela informação apesar de já ter conhecimento da existência desse blogue muito interessante.
Aqui fica a informação, para os que não conhecem
Cumprimentos
Como é que foi possível demolir um edifício como este?!! Fabulosas fotografias!
Se tivessem demolido só esse ...
Cumprimentos
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