Mais uns antigos teatros de Lisboa, já desaparecidos à excepção do “Teatro da República”, hoje com o nome de “Teatro de São Luiz”. Acrescentei umas pequenas notas que julguei interessantes da história destas famosas casas de espectáculos.
Teatro Tália Teatro do Ginásio
O “Teatro Tália” foi construído em 1820, na propriedade do Conde de Farrobo, junto ao seu palácio nas Laranjeiras contíguo ao Jardim Zoológico. O hoje arruinado Teatro de Tália data de 1820 e a sua sala dispunha de cerca de 560 lugares, possuía luxuosos camarins e um opulento salão de baile, de paredes revestidas com valiosos espelhos de Veneza. Foi aqui que se estreou a peça de Almeida Garrett “Frei Luís de Sousa”. Como o Conde de Farrobo era empresário do “Teatro S. Carlos” trouxe a este “Teatro Tália” 18 óperas entre 1834 e 1853. Em 1862 um incêndio destruiu totalmente o interior e já não foi reconstruído, por as “finanças” do Conde de Farrobo estarem já doentes. O edifício ainda existe e foi considerado imóvel de interesse público em 1974 apesar de ainda hoje se encontrar ao abandono.
O “Teatro do Ginásio” foi inaugurado em 1846, e ocupava o Palácio Geraldes. Embora um espaço exíguo e incómodo é, através do seu reportório, essencialmente cómico, um dos espaços teatrais mais frequentados. Pela sua popularidade crescente após obras em 1852 a família real adquiriu um camarote. Em 1921 este teatro é consumido por um violento incêndio destruindo-o completamente. No seu lugar é erguido um novo edifício que passará a ser Cinema Ginásio. Nos anos 80 é desmantelado e passa a centro comercial .
Teatro D. Amélia Teatro da República
O “Teatro República”, inaugurado em 22 de Maio de 1894 com o nome de “Teatro Dona Amélia”, tomou esta designação em 1910 devido à Implantação da República. Em 1914 sofreu um grave incêndio e foi reconstruído.
A revista “Ilustração Portuguesa” de 21 de Setembro de 1914 noticiava desta forma o acidente:
"Lisboa perdeu, com o Teatro da República, a sua melhor, e mais moderna, mais chic casa de espectáculos, a que estavam ligadas as mais fundas recordações de horas inolvidáveis. Pelo teatro da República, agora um montão de escombros que a muita inteligência e o grande tacto administrativo do seu director convertera n'um verdadeiro capitólio de arte, passaram não só os maiores actores como as sumidades teatrais europeias. Ali trabalharam os Rosas, Brasão,Damasceno, e Lucilia, ali se apresentaram ao publico português a Duse, Zaconi, Noveli,Emmanuel, Tina di Lorenzo, a Vitaliani, Guiltry, Sara Bernhardt."
Em homenagem ao dinamizador da sua reconstrução, o Visconde de São Luiz de Braga, em 1918 passa a designar-se “Teatro de São Luiz”.
Teatro Apolo
O “Teatro Apolo” situado na Rua da Palma, e pertença de Francisco Viana Ruas, foi inaugurado em 1866 como nome de Teatro do Príncipe Real, em homenagem ao futuro rei D. Carlos.
“Dois pobres e uma porta”, em 3 actos e, “Muito padece quem ama” são as comédias apresentadas na inauguração.
Em 1910 o regime republicano altera-lhe o nome para Teatro Apolo. “Agulha em Palheiro” , primeira revista original após a instauração da República, em 1911.
Apesar dos inúmeros sucessos, o teatro foi demolido em 1957
Teatro Condes (“Condes Novo”)
O “Teatro Condes”, também apelidado de “Condes Novo”, foi inaugurado em 1888, e mandado construir por Francisco de Almeida Grandella, e é originário do antigo “Teatro da Rua dos Condes” que começou a funcionar em 1765 na rua dos Condes. Antes de ser demolido em 1951 ainda passou a Cinema Condes.
Teatro da Rua dos Condes (“Condes Velho”)
O nome desta rua tem origem no facto de esta ter sido construída após o terramoto de 1755, nos terrenos dos Condes da Ericeira que eram donos da maior parte desta zona e que se estende até ao Largo da Anunciada. Este “Teatro da Rua dos Condes” em 1782 passou á categoria de Teatro Nacional, tal era a sua importância no panorama artístico. A Administração era comum ao Teatro de São Carlos. A vida literária e teatral portuguesa passava forçosamente por ali. Lá se fazia representações de teatro e ópera.
Fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian
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