A casa de fabrico e venda de mobiliário, estofos, e afins "Elysio Santos & C.ª , Lda.", foi fundada em 1880 por Elysio Santos, na Rua Augusta, 83-93, em Lisboa. Nessas instalações tinha estado, anteriormente, uma loja de mercador de Antonio Germano de Carvalho Ferreira, «estabelecimento modesto, absolutamente afastado de toda a intuição do gosto moderno mas que, mesmo assim, fez a prosperidade e independencia do seu proprietario.»
1887
As suas instalações ocupavam quase todo o prédio, comunicando com vastas dependências que faziam o prolongamento para a Rua do Arco do Bandeira, para onde também fazia frente. Com o evoluir dos negócios, viria a abrir a sua fábrica designada por "Grande Marcenaria Moderna".
A "Grande Marcenaria Moderna", foi fundada por Elysio Santos associado com Manuel Filipe Silva Junior em 1906, na Rua de S. Lázaro, 80 em Lisboa representando «pelo desenvolvimento com que foi estabelecida, uma iniciativa louvavel, como poucas, infelizmente, se revelam em nosso país, onde os capitaes procuram de preferencia o comodo juro da agiotagem, desde os bilhetes do tesouro publico, até á casa de prego, onde a miseria vae deixar as ultimas migalhas do seu pão negro.»
Manuel Junior era um artista de reconhecido mérito na arte de entalhar madeira, tendo sido discípulo dum famoso entalhador Leandro Braga, cuja influência do seu talento artístico deixou marcas indeléveis na marcenaria portuguesa. Além de seu discípulo, Manuel Junior tinha frequentado a "Academia de Belas-Artes" de Lisboa.
Manuel Filipe Silva Junior
Pelo excerto do "Almanach Commercial de Lisboa" editado em 1885, Manuel Junior seria filho de José Martins Franco Junior, que tinha fundado em 1867 uma marcenaria na mesma Rua de S. Lázaro, mas no nº 142.
1885
A "Grande Marcenaria Moderna", seria destruída por um incêndio em 1911, mas em Agosto de 1912 ... «acha-se ao presente completamente restaurada e com todos os maquinismos mais modernos da sua industria, cabalmente montados e funcionando nas oficinas como as nossas gravuras mostram.» As gravuras a que o texto se referia, são as fotografias que publico do seu interior.
Em 20 de Agosto de 1912
«Com tão boa escola o sr. Filipe da Silva Junior possue habilitações pouco vulgares para o logar que desempanha de director artistico e tecnico na Grande Marcenaria Moderna, não admirando, por isso, que n'esta importante fabrica se produzam moveis como os que tivemos ocasião de examinar, na nossa visita.
Desde o mobiliario mais suntuoso ao mais modesto ali se encontra; aquele no regoroso desenho dos diferentes estilos Luis XIV, Luis XVI, Renascensa, etc., estes na elegancia de sua simplicidade, e todos num acabamento de irrepreensivel perfeição. (...)
Uma potente maquina motora transmite movimento ás serras sem fim e de recorte, ás maquinas de aplainar, de moldar, de furar e respigar, de faciar e de tornear.
Todo este trabalho mecanico garante, além de precisão matematica, a economia da mão de obra, e destas vantagens participa o publico que se fornece na Grande Marcenaria Moderna.
Um pessoal constante de 100 operarios permite a rapida execução dos trabalhos, não só de mobiliario em todos os estilos, mas de capelas, imagens, fogões, tétos, lambris, molduras, escadas, portões, moldes para fundição, armações para estabelecimentos, etc.» citações in: revista "Occidente", Agosto 1916.
Não sei em que ano terá encerrado definitivamente, mas pelos anúncios publicitários, publicados no "Século Ilustrado" em 3 de Dezembro de 1938, depreendo que, nesta altura, já só mantinha a loja na Rua do Arco do Bandeira, 38 comercializando apenas veludos, damascos, tapeçarias, carpetes, passadeiras, tapetes, pérgamoide, camurcinas, lonas, etc ...
fotos in: Hemeroteca Digital de Lisboa, Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian
Sem comentários:
Enviar um comentário