Restos de Colecção: Lojas “Pinheiros”

8 de março de 2019

Lojas “Pinheiros”

O grupo de lojas "Pinheiros", teve a sua origem na "Casa Pinheiro", fundada em 1840 por Manuel Pinheiro Ribeiro, na Rua Augusta, em Lisboa. Por morte do fundador, a casa passou para a posse de seu sobrinho e colaborador Francisco Maria da Costa, prestigiada figura do comércio, que, a par de proprietário da firma, foi, também, diretor do “Banco de Portugal”.

“Pinheiros” à direita na foto, na Rua Augusta. À esquerda na foto a sede do banco “Crédit Franco-Portuguais

Francisco Maria da Costa ensinou aos seus três filhos os segredos do seu comércio, trabalhando estes todos na casa e ficando o mais velho, Manuel Pinheiro Ribeiro da Costa, por morte de seus irmãos, único proprietário da firma. Continuando
as tradições da família, Manuel Ribeiro da Costa valorizou,  quanto possível, o seu estabelecimento promovendo obras de renovação e ampliação.

Manuel Pinheiro Ribeiro da Costa


Francisco Maria da Costa

Perspectiva da localização da loja “Pinheiros” (dentro da elipse desenhada), na Rua Augusta, no início do século XX

Dos seus dois filhos, o mais velho, Francisco Manuel Tomaz Pinheiro Ribeiro da Costa, herdou a firma e as responsabilidades de prestígio que esta, como decorrer dos anos, ia ganhando. Este seria o pai dos últimos sócio-gerentes: Manuel Pinheiro Jardim Ribeiro da Costa, Luís Filipe Jardim Pinheiro Ribeiro e Fernão Vasco Jardim Pinheiro Ribeiro. Por este motivo a designação da loja seria mudada para "Pinheiros".

A "Pinheiros" experimenta um notável impulso, atestado pela abertura, em 1962, da sua belíssima filial na Avenida de Roma, no prédio contíguo ao snack-bar e pastelaria "Tique-Taque".

Filial da “Pinheiros”, na Avenida de Roma (dentro da elipse desenhada)

Edifício onde estava instalada, com o reclame visível por detrás do transeunte de óculos

 

Três anos depois, em 1965, é inaugurada a segunda filial na Avenida da República, junto à Praça Duque de Saldanha, com características idênticas à da Avenida de Roma.

Filial da “Pinheiros” na Avenida da República, à direita na foto, (dentro da elipse desenhada) e junto ao Saldanha

 

 

Entretanto a "Pinheiros”, inaugura, em 1967, na sua sede na Rua Augusta, uma nova secção de Pronto a Vestir para homem. Nesta secção, no primeiro andar, grande parte do seu sortido era confeccionado em fábricas suas fornecedoras. Alguns desenhos para do seu pronto a vestir masculino, eram da autoria do famoso alfaiate inglês Louis Stanbury, um dos sócios da conhecida firma londrina "Kilgour, French & Stanbury, Ltd.", que para o efeito celebrou o devido contrato com a "Pinheiros". Nesta secção da sua sua sede, existia, ainda, uma secção de venda de tecidos a metro, com mais de mil peças de fazenda diferentes.


Também na filial da Avenida de Roma, se encontrava a secção de venda a metro de tecidos para homem, assim como , e a partir de Abril de 1967, a nova secção de pronto a vestir para homem. O mesmo se passaria com a sua filial na Avenida da República/Saldanha. Quanto à secção de tecidos a metro para senhoras, o stock era, em 1967, de cerca de sete mil artigos diferentes,  situando--se este departamento, com as secções de lãs, sedas e forros , no rés-do-chão da sua sede na Rua Augusta.

A fim de completar a sua actividade no ramo de alta costura, a "Pinheiros", criaria outra firma, nascida da actividade independente de uma das suas secções,  tendo sido designada de "Pinheiro - Costura, Lda.". Com ela apoiava a alta costura portuguesa, sendo representante das firmas "G. Petillaut, S.A." de Paris, malhas "Racine", de Nice-Paris e "Cadena, S.A." de Madrid. Na sua sede e filiais, a "Pinheiros", comercializou artigos de muitas origens, tais como: portugueses, ingleses, franceses, alemães, italianos, suíços, espanhóis, americanos, austríacos, belgas e irlandeses.

«A fama da qualidade e eficiência dos serviços da Pinheiros espalhou-se por todo o Portugal Continental, Ilhas e Províncias Ultramarinas, donde recebe mensalmente milhares de pedidos de amostras. Tal facto levou á criação duma secção de vendas por correspondência.
Os pedidos acima referidos são cuidadosamente analisados, e uma vez seleccionadas as amostras pedidas, são enviadas aos clientes interessados. Por este motivo a firma recebe mensalmente centenas de encomendas que são expedidas pelo correio para os respectivos destinos.
Desde  a sua criação que a PInheiros
tomou como lema servir da melhor maneira todos quanto directa ou indirectamente dependem da sua actividade.»

1967

Em 1967, a "Pinheiros", tinha ao seu serviço cerca de duzentos empregados, quarenta e cinco dos quais com mais de 20 anos ao serviço, assim distribuídos por antiguidade: quatro empregados com mais de 50 anos de serviço; oito com mais de 40 anos de serviço; dezasseis com mais de 30 anos de serviço e dezassete com mais de 20 anos de serviço. O seu corpo administrativo e directivo era composto por vinte e cinco funcionários.

O excerto seguinte, foi retirado do artigo «Shopping in Lisbon – The Pick of Portugal», da autoria de E. C. Dessewffy, correspondendo a um dos capítulos do guia “Fodor’s” sobre Portugal, edição de 1974:

«No final da Rua Augusta, ao chegar à famosa Praça do Cavalo Negro (Terreiro do Paço), Pinheiros, no número 62, é especializado exclusivamente em têxteis, lãs e algodões, no rés-do-chão, e em sedas e roupa masculina no primeiro andar. É uma loja algo antiquada, mas de inteira confiança. A Casa Monteiro, Rua do Ouro 265, primeiro andar, tem uma grande escolha de tweeds, sedas e algodões.»

Na rua dos Fanqueiros existiu a “Casa dos Panos”, da família do mestre olisipógrafo Luís Pastor de Macedo, que, em meados do século XIX, terá pertencido aos Pinheiros. Da família Pinheiro, ainda a dizer que, teria ligações familiares ao grande actor teatral António Augusto de Chaby Pinheiro (1873-1933).

Em Dezembro de 1980 existiam lojas “Pinheiros”, na Rua Augusta, Avenida de Roma, Campo de Ourique, Cascais e Setúbal. Encerrariam definitivamente, poucos anos depois. Tanto a sua sede na Rua Augusta, como a loja da Avenida de Roma, seriam adquiridas pelo “BCP - Banco Comercial Português”. A filial do Saldanha seria adquirida pelo “Barclays Bank”.


1980


1 comentário:

Manuel Tomaz disse...

Onde é agora o Banco Millennium