A “Casa Memoria” da firma “Santos Beirão & C.ª” foi fundada em 1880, no gaveto da Praça D. Pedro IV com o, então, Largo do Príncipe, em Lisboa, por José Pereira dos Santos Beirão (1856-1917).
“Casa Memoria” à esquerda na foto
Dentro da elipse desenhada a loja (no Rocio, 15) onde a “Casa Memoria” se instalaria em 1880
4 de Maio de 1883
3 de Maio de 1883
José Pereira dos Santos Beirão, nasceu em Lajeosa, Tondela, em 25 de Novembro de 1856, e tal como seus irmãos António e Marciano, veio novo para Lisboa, onde se lançou com grande sucesso na actividade comercial. Aos 24 anos era já proprietário da “Casa Memória”, que representava e comercializava em Portugal as máquinas de costura “Memoria”, as bicicletas “Clement” e “Gritzner” e as motocicletas “FN”, com magneto e forquilha elástica.
José Pereira dos Santos Beirão (1856-1917)
1904
Anúncio seguintes de 1905
A actividade da “Casa Memoria” que a tornou mais conhecida, foi a comercialização de bicicletas, nos finais do século XIX e princípio do século XX. Num artigo que relembrava as origens do desporto velocipédico em Portugal, a revista “Tiro e Sport”, em 1906, referia José Beirão nos seguintes termos:
«A bicyclette começava a despontar em Portugal com a sua cohorte de admiradores e o seu juvenil grito de progresso. Foi moda então ter-se bicyclette e foi enorme e enthusiastico o recebimento d'esse 'cavallinho de ferro' que veio dar, especialmente a Lisboa, um cunho d'alegria e de coisa original a que não estavamos habituados.
E era ver a cara apalermada d'alguns habitantes da 'Lisbia' embascados n'aquella engenhoca, que elles não sabiam como caminhava só com duas rodas e com um homem em cima. Fez-se grande gasto do aparelho e que o confirme ainda o José Beirão com aquella patriarchal figura, que a rapaziada ainda hoje conhece, na venda desnumerada que elle fez n'aquelles tempos das suas reclamadas 'Clements'.
Chegou ao delirio a febre pela bicyclette e quem era do bom tom, quem se prezava de ser fino e ter alguma cotação na sociedade tinha uma bicyclette.»
E era ver a cara apalermada d'alguns habitantes da 'Lisbia' embascados n'aquella engenhoca, que elles não sabiam como caminhava só com duas rodas e com um homem em cima. Fez-se grande gasto do aparelho e que o confirme ainda o José Beirão com aquella patriarchal figura, que a rapaziada ainda hoje conhece, na venda desnumerada que elle fez n'aquelles tempos das suas reclamadas 'Clements'.
Chegou ao delirio a febre pela bicyclette e quem era do bom tom, quem se prezava de ser fino e ter alguma cotação na sociedade tinha uma bicyclette.»
1909
1910
Nota: os dois anúncios publicitários anteriores foram gentilmente cedidos por António LIberato, a quem, mais uma vez, agradeço a sua gentileza e disponibilidade.
Nota: As duas cromolitografias anteriores foram gentilmente cedidas por José Augusto Antunes, a quem, mais uma vez, agradeço a sua gentileza e disponibilidade.
Quando em 1895 surgiram os primeiros automóveis em Portugal, José Beirão passou a dedicar-se também ao seu comércio. Foi, igualmente, accionista, nomeadamente, da “Sociedade Portuguesa de Navegação” propriedade de seu cunhado Artur Augusto de Oliveira, da “Companhia de Seguros Comércio e Indústria” e da “Companhia Cinematographica de Portugal” e membro da “Sociedade de Geografia de Lisboa”. Foi, também, um dos sócios fundadores da “Sociedade de Recreios Lisbonense”, proprietária do “Colyseo dos Recreios”, e da “Praça de Touros do Campo Pequeno”, dispondo nestes dois estabelecimentos de um camarote vitalício.
Catálogo e tabela de preços de bicyclettes da “Santos Beirão” (clicar para aumentar)
Refira-se, que foi Santos Beirão o percursor dos postais ilustrados para fins comerciais, datando de 1895 a edição de um postal publicitário da firma “Santos Beirão & C.ª ”, proprietária da “Casa Memória”.
Por morte de José Pereira dos Santos Beirão em 25 de Outubro de 1917, sucede-lhe nos destinos dos negócios, seu filho Mário de Oliveira Beirão (1889-1973) que já o acompanhava na gerência dos mesmos.
Mário de Oliveira Beirão (1889-1973)
A “Casa Memoria”, mudaria a sua designação para “Santos Beirão, Lda.”, passando, a dedicar-se à comercialização de instrumentos musicais tendo funcionado até 1985.
Casa de instrumentos musicais “Santos Beirão, Lda.”, atrás do burrito (na foto à esquerda) e dentro da elipse (fofo à direita)
1957
1 comentário:
A Casa Memória recorreu à Litografia de Portugal para produzir alguns belos exemplos de cromolitografias publicitárias e recordatórias, bem ao gosto da época, como é o caso da editada em 1895, comemorativa do 7º centenário do nascimento de Santo António, uma composição harmoniosa do litógrafo A. Guedes.
https://drive.google.com/file/d/1Dyz5wueeSjvpRCJuACGdKNnqnlzmItcl/view?usp=sharing
Talvez poucos anos depois com a designação Santos Beirão & Henriques, edita uma humorística litografia, recorrendo a Camões e Vasco da Gama, provavelmente da autoria de Alfredo Moraes.
https://drive.google.com/file/d/1Jj2sYoY_MSC7ytp-fx5sp_CVsawTUxSy/view?usp=sharing
Cumprimentos.
José Augusto Andrade
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