O restaurante-dancing e casa-de-chá “Boa Viagem”, localizado na “Quinta da Boa Viagem” no cruzamento da Estrada Marginal com o acesso à, então, Auto-Estrada Lisboa-Estádio Nacional, terá sido inaugurado na primeira semana de Setembro de 1949.
O ante-projecto deste edifício foi apresentado em 1947 e definitivo em 1948, elaborado pelo arquitecto João Faria da Costa (1906-1971), e viria ser construído entre 1948 e 1949, nos terrenos do engenheiro agrónomo Vasco Alcobia.
Arquitecto João Guilherme Faria da Costa (1906-1971) e seu ante-projecto do restaurante “Boa Viagem”
Segundo li, este restaurante terá encerrado, e definitivamente, por volta de 1955. Na parte que me toca, quando passava lá no início dos anos 60, diáriamente, já o “Boa Viagem” estava fechado e com aspecto de o estar havia alguns anos. Em 1 de Agosto de 1968, seria aberto ao trânsito o novo nó do “Alto da Boa Viagem” que incluía uma passagem desnivelada na Estrada da Marginal frente ao antigo restaurante “Boa Viagem”.
Enquadramento paisagístico do restaurante “Boa Viagem” e as suas traseiras com um amplo parque de estacionamento
10 de Setembro de 1949 23 de Dezembro de 1949
Depois da inauguração da passagem desnivelada no novo entroncamento da Auto-Estrada com a Estrada Marginal
1 de Agosto de 1968
Quanto ao seu estado actual, e continuando ao abandono, li num post de Isabel de Almeida Paula, de 29 de Setembro de 2017, no “Facebook” de “Lisboa Antiga” o seguinte texto:
«Esteve na posse do grupo Jerónimo Martins. Foi vendido por este grupo aos donos da Valouro/ Persuinos/ Imotorres. Passou para accionistas, num empreendimento imobiliário denominado "Lisboa Mar",que criou um grande projecto que incluía um aparthotel, Business Park, apartamentos turisticos, centro de apoio desportivo e auditório. Foi feito o estudo paisagístico e de viabilidade. Não me recordo se o projecto chegou a ser aprovado pela autarquia, só sei que não se concretizou e voltou a ser vendido a um grupo estrangeiro. A partir daí, nada mais sei, a não ser que continua ao abandono.»
Ao analisar as fotos seguintes, obtidas no blog “Ruin’Arte”, pode-se ficar com uma noção da configuração do seu interior, e do estado de abandono total em que se encontra.
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Hemeroteca Municipal de Lisboa, Ruin’Arte
5 comentários:
Caro José Leite,
Não dá para entender que estranhos desígnios estão por detrás de muitos deste empreendimentos que parece terem tudo para dar certo e sem que se perceba (eu não percebo) bem porquê, caiem no abandono total. Tal como o Restaurante Panorâmico de Monsanto (não sei qual a situação actual) que entrou em degradação com destruição do interior que se considerava de valor artístico. O progresso e a modernidade penso não justificarem tudo, nem a destruição pura e simples do existente!
Cumprimentos
João Celorico
Vejo ali ao fundo o antigo farol da Gibalta que teve de ser demolido após a tragédia de 1952.
Realmente, desde os finais dos anos 60 sempre me lembro deste edifício abandonado e ainda hoje não consigo perceber porquê, já que a localização parece privilegiada. Tal como o Restaurante Panorâmico de Monsanto, parece que há uma maldição qualquer sobre estes sítios. Um abraço
Tenho passado tantas vezes por este edificio em ruinas edificio que acho muito bonito e perguntado a mim propria o que seria afinal venho descobrir que era o Restaurante Boa viagem de que me tinham falado há muitos anos
Que pena estar assim abandonado
Finalmente hoje resolvi um enigma que tinha há anos!! Recordo-me perfeitamente de ter ido, à roda dos meus 13 anos, logo 1956, a uma casa de chá situada neste edifício abandonado há tantas décadas. Vi agora que era (também) um restaurante, mas de nome "Boa Viagem" e não "Vela azul" que eu, na minha busca, julguei ser o dele.
Julgo que este terá caído em ruína devido a ter sido construído, não muito longe, um outro restaurante, que até tinha quartos para fins de semana, e que se chamou "Vela Azul" e também "Casa Branca". Este foi o antecessor do celebérrimo, durante longos anos, restaurante e night-club "Mónaco" onde havia música ao vivo para dançar, magistralmente tocada ao piano por Shegundo Galarza, um basco que foi de sucesso em sucesso e acabou por ter uma orquestra com a qual aparecia nas belas noites de variedades da RTP.
Enviar um comentário