A casa "Julio Gomes Ferreira & C.ª, Limitada", foi fundada na Rua Áurea, em 1832, por João Gomes Ferreira Júnior (1783-1781), Procurador à Casa dos Vinte e Quatro, que instalou na Rua de S. Paulo uma bem montada oficina de serralharia para o fabrico e venda de fogões de cozinha e cofres. Com o sucesso que obteve, fundou na antiga Rua do Corpo Santo (actual Bernardino Costa), 25 a 29, um outro estabelecimento destinado exclusivamente à venda dos seus artigos e montou, com todos os requisitos técnicos, uma oficina modelar na Rua do Ferragial de Baixo, 18-20 que passou a abastecer a loja.
Julio Gomes Ferreira Junior
Em 1872, João Gomes Ferreira Júnior deu sociedade ao seu filho primogénito, Júlio Gomes Ferreira (1851-19??), que havia muito que o ajudava. Em 1 de Março de 1886, devido ao incremento dos negócios e à avançada idade de seu pai, tomou a direcção dos estabelecimentos, constituindo para esse efeito a firma "Júlio Gomes Ferreira & C.ª", com seu cunhado António Jacinto Fernandes, como seu sócio capitalista.
Julio Gomes Ferreira
Foi tomada de trespasse a loja da Rua da Victoria 82-88, que passou a sede central da firma, e onde anteriormente Júlio César da Silva já se dedicava a trabalhos de canalização de gás. Acrescentou-se esta actividade a todas as outras que a firma vinha exercendo e iniciou-se na Rua de S. Tiago, 19, a construção de novas oficinas de serralharia, latoaria, galvanoplastia, fundição e trabalhos metalomecânicos.
Especializada em instalações eléctricas, canalizações de água, aquecimento, equipamentos e acessórios sanitários, eléctricos e para gás, fogões, elevadores, etc., foi das casas mais importantes do seu ramo, em Lisboa, nos finais do século XIX e primeiras décadas do século XX, senão a mais importante.
A loja da "Julio Gomes Ferreira & C.ª, Limitada", na Rua Áurea no centro da foto. à direita a casa “Freire Gravador”
Entrada e uma das duas montras da loja
Em 1890 entrou para a sociedade outro filho do fundador, Sebastião Gomes Ferreira (1857-1915), que com o seu forte espírito comercial, veio reforçar a notávela actividade de seu irmão.
Sebastião Gomes Ferreira
Prossegue-se no fabrico de fogões, intensifica-se a produção de artigos para a distribuiçãoe aplicação de gás de iluminação e de água, artigos sanitários, e outros, alguns importados, como candeeiros, esquentadores, válvulas, torneiras, etc.
23 de Dezembro de 1907
Além da venda a retalho, possuindo para isso duas lojas, uma na Rua do Ouro e outra na Rua da Victoria, e com oficinas na Rua de S. Thiago, foi responsável pelas instalações eléctricas, de aquecimento, sanitárias e canalizações de água em obras de referência na cidade de Lisboa como: “Palacete Silva Graça”, na Avenida Fontes Pereira de Melo; “Palacete Henrique de Mendonça” na Rua Marquês de Fronteira; sede do “Banco Lisboa & Açores”, na Rua Áurea; “Casa Malhoa”, actual “Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves”, na actual Avenida 5 de Outubro, etc ...
Interior da loja
De progresso em progresso, a forma foi garantindo os seus créditos e traduzindo a prosperidade dos seus negócios, na ampliação sucessiva dos seus estabelecimentos centrais, que passam a ocupar outros andares do prédio da Rua da Vitória, o prédio contíguo da Rua dos Sapateiros e, por fim, as lojas da Rua do Ouro, 166-170.
Enceta-se, em 1902, a exploração do ramo de instalações eléctricas, tornando-se, a pouco e pouco, tão especializada como das instalações sanitárias que vinham desenvolvendo.
Em 1905, Sebastião Lino Ferreira, filho do sócio Sebastião Gomes Ferreira, entra para a firma, que, em 1909, se transforma em sociedade por cotas, com a designação social idêntica, acrescida do termo «Limitada», "Júlio Gomes Ferreira & C.ª, (Limitada)", ingressando então na empresa, Jacinto Gomes Ferreira, filho do sócio Júlio Gomes Ferreira.
1905 1909
1910
1915
Stand de exposição
Alguém escreveu a propósito desta casa em 1945:
«Ocupando na praça de Lisboa uma situação de notável destaque e podendo ser considerada inegàvelmente a Casa mais importante da especialidade, Júlio Gomes Ferreira & C.ª, Lda. bem merece todos os louvores que lhe dispensemos, pois nunca é demais pôr em relêvo e incensar uma firma que há mais de um século vem impondo ao público a alta e permanente categoria do seu trabalho honesto e progressivo, predicados primordiais para o bom conceiro de um estabelecimento.»
Acerca do seu percurso pouco consegui saber além do que escrevi atrás, não sabendo quando encerrou definitivamente, mas creio que no início dos anos 60 do século XX, ainda existia a sua loja da Rua do Ouro. Ficam publicadas as fotos e anúncios publicitários que resumem toda a sua actividade ao longo de décadas.
1927 1944
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Hemeroteca Municipal de Lisboa
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