O "Hotel Palácio de Seteais", no Palácio de Seteais em Sintra, localizado no troço da EN 375 designado por Rua Barbosa du Bocage, propriedade do Estado Português e convertido em Hotel segundo projecto do arquitecto Raúl Lino de 1948, foi inaugurado em 29 de Setembro de 1955, com a presença do Ministro da Presidência Prof. Dr. Marcello Caetano e o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira.
“Hotel Palácio de Seteais” no ano da sua abertura, 1955
O primitivo complexo de Seteais, que já então tirava partido da sua implantação na paisagem, deve-se à iniciativa do cônsul holandês Daniel Gildemeester (1717-1793), homem de grande fortuna a quem o Marquês de Pombal havia entregue o exclusivo da exportação de diamantes. O Palácio, cujas obras tiveram início em 1783, foi inaugurado a 25 de Julho de 1787, tendo estado presente na festa William Beckford.
Daniel Gildemeester (1717-1793)
Arquitectos: Francisco Leal Garcia (anterior a 1802); José da Costa e Silva (séc.XIX); Luís Benavente (séc. XX); Raúl Lino (1948, 1953).
Canteiro: Pedro Oliveira (séc. XIX).
Carpinteiro: Inácio José Quintela.
Escultores: António Francisco Mansos; Bartolomeu.
Latoeiro: Joaquim Timóteo da Costa (1803).
Mestres de Obras: Inácio José; José Baleiato.
Pintores: António Costa; Jean Pillement.
Com a morte do cônsul, em 1793, acentuaram-se as dificuldades financeiras da família, que acabou por vender a propriedade. Adquiriu-a, em 1797, o 5º Marquês de Marialva, D. Diogo José Vito de Menezes Noronha Coutinho, Governador da Torre de S. Vicente de Belém e Estribeiro-Mor da rainha D. Maria I, que já dispunha de uma reduzida propriedade em São Pedro. A campanha arquitectónica de ampliação do palácio e das cavalariças ocorreu entre 1801 e 1802, alterando a fachada principal que passou a ser a que se abre para o pátio, e construindo uma outra fachada cenográfica do lado oposto. A unir os dois alçados, o arco de triunfo celebra a visita de D. João e D. Carlota Joaquina. Este conjunto de edifícios de linhas rectas, obedeceu ao projecto atribuído ao arquitecto José da Costa e Silva - autor, por exemplo, do “Teatro Nacional de São Carlos”. Remonta, ainda, a esta campanha, a decoração dos interiores, revestidos a sedas e pintados a fresco por discípulos de Pillement, ou ainda de influência chinesa.
O Marquês de Marialva viveu pouco tempo no seu novo palácio, pois faleceu em 1803, gerando uma complicada situação de sucessões e hipotecas que culminaram, em 15 de Outubro de 1946, com a aquisição do imóvel por parte do Estado, ao 2º Conde de Sucena, Dr. José Rodrigues de Sucena que viria a falecer em Outubro de 1952 pobre. Recordo que este, era um homem muito culto, devotado sobretudo aos livros, tendo constituído uma enorme biblioteca em Sintra, tendo fundado o diário “Restauração”, dirigido por Homem Cristo, filho. O 2º Conde de Sucena, herdou uma enorme fortuna de seu pai, constituída não só por meios financeiros, mas por valiosas propriedades, entre as quais o “Palácio Foz”, em Lisboa, o “Palácio de Seteais”, em Sintra, e “Eden Teatro”, em Lisboa.
Dr. José Rodrigues de Sucena, 2º Conde de Sucena (1892-1952)
Entre 1950 e 1954 decorrerão as obras de adaptação a Hotel sob a tutela da "Direcção dos Serviços dos Monumentos Nacionais". entretanto, e em 1953, a "Comissão para a Aquisição de Mobiliário" procedeu ao fornecimento de mobiliário e de equipamento, sendo o estudo feito com a contribuição de Raúl Lino e, sobretudo, Luís Benavente, e em colaboração com o “S.N.I.- Secretariado Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo”. A “Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva” também colaborou na elaboração do estudo do mobiliário, tendo sido responsável pela execução de alguns dos móveis inspirados em estilos históricos.
Obras de adaptação a Hotel
No dia da sua inauguração o jornal "Diario de Lisbôa" escrevia:
«Ás 12 e 30, iniciou-se uma visita ás ricas e admiráveis instalações do Palácio, que tem 18 'appartements' cheios de conforto e de bom gosto e que vai ser explorado pela Empresa Hotel Tivoli, Lda., de que são sócios os srs. dr. Joaquim Machaz e Augusto Cardoso.»
Neste texto transcrito existe uma imprecisão da parte do jornal “Diario de Lisbôa”, quanto ao nome de um dos sócios da “Empresa Tivoli, Lda.” mencionado como Augusto Cardoso. O nome correcto é José Francisco Cardoso.
Interiores do “Hotel Palácio de Seteais” aquando da sua inauguração em 1955
Quanto aos preços praticados por este Hotel o mesmo jornal escrevia:
«O novo hotel tem diárias para uma pessoa desde 230 a 400 escudos, e para casal desde 400 e 680 escudos. E as refeições avulso têm um preço unico: 80 escudos.
Alguns dos 'appartements' já estão ocupados e vários outros encomendados.»
Brochura editada pelo S.N.I. em 1955 com gravuras de Mily Possoz
1959
Várias obras de restauro e melhoramentos foram feitas neste “Hotel Palácio de Seteais” destacando-se as obras de reabilitação da ala esquerda e sua ligação subterrânea, com a ala direita em 1989.
O actual “Tivoli Palácio de Seteais Sintra Hotel”, de 5 estrelas, dispões de 30 quartos, ricamente decorados com pinturas, tapeçarias e frescos, restaurante, bar, spa e piscina
Fotos do actual “Tivoli Palácio de Seteais Sintra Hotel”
fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Arquivo Municipal de Lisboa, Tivoli Palácio de Seteais Sintra Hotel, Ilustração Antiga
18 comentários:
Uma re-abertura notável do seu Blogue, que saúdo efusiva e cordialmente.
APS (Arpose)
Indubitavelmente um dos mais belos palácios de Portugal !
Presentemente em boas mãos.
Caro APS
Grato pelo seu amável comentário.
Vamos lá ver o que vou conseguindo arranjar mais, de jeito. Não está fácil ... :)
Os meus cumprimentos
José Leite
Há um texto de Marguerite Youcenar sobre o Palácio de Seteais!
Bom regresso, amigo José Leite!
Os meus cumprimentos,
Caro Manuel Tomaz
Grato pela sua mensagem.
Cumprimentos
José Leite
Regresso requintado. Em boa hora!
Cumpts.
Um regresso em grande, obrigado!
Todos nós, leitores assíduos deste espaço, esperamos que continue a partilhar estes segredos e as suas histórias.
Ficamos à espera de mais, ao ritmo que o Sr. José Leite ache bem.
Cumprimentos,
mike
Excelente regresso.
Recomeço em grande estilo! Obrigada e parabéns!
Cumps.
Obrigada por retomar o seu blogue. Sou fã.
Maria Teresa Mónica
Magnifico regresso. Aguardamos ansiosamente por mais.
Boa continuação.
Cumprimentos.
BEM VINDO!
Excelente documentação, como é habitual.
Fazia muita falta...
Saudações cordiais.
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Caros leitores,
Muito grato pelos simpáticos e amáveis comentários.
Cumprimentos a todos
José Leite
Excelente, como sempre. Parabéns.
José Valente
Sr. José Leite
Sinceros parabéns por mais um trabalho espectacular.
Ansiávamos pelo seu regresso de férias.
Desconhecia que "Setiais" também tinha recebido a mão benfazeja do Estado Novo que, em boa hora, lhe dedicou toda a atenção.
Muito obrigado pelo seu trabalho.
Manuel A.
sou neto do senhor indicado como o sócio de nome "augusto" cardoso. O nemo dele foi meso de josé francisco cardoso e sim junto com o senhor joaquim machaz fizeram o nome do hotel tivoli. Obrigado por me lembrar como é bom ser neto do meu meu avô, apenas queria dar esta informação do nome para , se puder, corrigir e ficar com a história mais completa. Novamente, obrigado pelo artigo e fotos excelenetes, vou guarda-las para enviar à minha mãe e tias pois viveram toda a sua vida de juventude nesse espaço.
Caro Fernão Cardoso
Muito grato pelas suas palavras e correcção.
Os meus cumprimentos
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