O Café Restaurant "Aurea Peninsular", localizado na Rua Aurea, foi dos cafés mais conhecidos de Lisboa. Esta antiga casa, teve como na sua origem um botequim com de jogos de bilhar, cartas e gamão, pertencente a José Manoel d'Aguiar, que em 11 de Agosto de 1819, tinha sido preso por não ter licença para jogos, sendo pouco depois mandado soltar, pagando 38$400 réis de multa.
No ano de 1801, Domingos Ardição ou Ardisson fundou um café na rua Aurea, na mesma loja do Café Restaurant “Aurea Peninsular". « No tempo dos Francezes, succedeu-lhe o café de um tal Aguiar, estabelecimento que foi substituido pelo café do Nobrega, que, por seu turno cedeu o campo ao Aurea Peninsular. »
Em 1827, já era dono desse botequim José Joaquim Nobrega, filho dum antigo empregado do Arsenal da Marinha, que lhe chamou de "Café do Nobrega". Este novo proprietário ampliou o café tomando mais duas portas contíguas e a loja ficou ocupando do número 89 ao 93. Antes de 1855 terá falecido já que nesse ano se anunciava que o Café da viúva do Nobrega se vendia cerveja de Guichard, do Porto. Este café encerraria em 28 de Junho de 1855, dia em que foi a leilão o mobiliário, constituído por dois bilhares, mesas com tampo de pedra, mesas de madeira para jogo de cartas, cadeiras, candeeiros de gás e de azeite, relógio, etc.
1900
1904
«Antes de se estabelecer a illuminação a gaz em Lisboa, o Nobrega era illuminado por candieiros de azeite, que recebiam concerto no Faz-Tudo da travessa da Assumpção, onde tambem se concertavam os candieiros do Marrare, do conde de Farrobo e do marquez de Vianna.» in “Os Cafés de Lisboa” de Tinop (Pinto de Carvalho) na revista “Serões”
Em 16 de Outubro de 1855, este botequim reabre, depois de ter sido adquirido por um novo proprietário, que o reformou «de fond en comble», acabando com as sobre-lojas e apelidando-o de Cafe Restaurant "Aurea Peninsular".
O "Jornal do Commercio" noticiava deste modo a sua reabertura:
«Hontem abriu-se no antigo botequim do Nobrega um café denominado café Aurea Peninsular; pertence ao proprietario do do largo de Santa Justa. É um estabelecimento dos mais decentes de Lisboa. Parece ter pouca luz em consequencia de ser bastante escuro o papel que forra a sala e a casa de bilhar. A cozinha está bem arranjada e com exemplar aceio».
Por último e depois de ser adquirido por novos proprietários, em 1897, - a firma "Rosales & Peres" - o Café Restaurant “Aurea Peninsular” sofre a sua quarta reforma e reabre em 22 de Maio de 1897. Resistiria até ao final da primeira década do século XX, altura em que o edifício onde estava instalado é profundamente alterado, para aí se instalar a sede do "Banco Colonial Português", que ocuparia praticamente todo o edifício, com a excepção do 2º andar que permaneceria sede da companhia proprietária do edifício, a “Companhia de Seguros Luso-Brasileira Sagres”, desde a sua fundação em 1917, e que mudaria de designação para “Companhia de Seguros Sagres, S.A.R.L.” em 1939.
23 de Maio de 1897
1 de Outubro de 1907
Bibliografia: “Lisboa d’Outros Tempos” (1899) de Pinto de Carvalho (Tinop)
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca Nacional Digital
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