A empresa “Claras Transportes S.A.R.L.”, com sede no Largo General Baracho, em Torres Novas, teve origem em 1854, quando João Rodrigues Clara iniciou um serviço de trens de aluguer para passageiros entre Torres Novas e a Ponte da Asseca, em ligação ao canal da Azambuja.
Em 1866, ano oficial da fundação da empresa “João Rodrigues Clara”, iniciavam-se as carreiras de trens entre Torres Novas e as estações ferroviárias de Torres Novas e Entroncamento. Em 1912, a firma tomava o nome de “Izidro Rodrigues Clara”, filho do fundador, e introduzia os veículos automóveis, mantendo todavia os antigos trens.
Sede da “João Clara & Cª. (Irmãos), Lda.” no Largo General Baracho, em Torres Novas e provavelmente em 1938
Em 1920, é criada a empresa “João Clara & C.ª (Irmãos), Lda.”, mantendo a sua sede em Torres Novas no Largo General Baracho. A sua filial em Lisboa passaria, em 1942, para uma garagem privativa na Rua Andrade, aos Anjos, e anos mais tarde para a Rua Cidade de Liverpool, também no Bairro dos Anjos.
Autocarro “Ford” da “João Clara & Cª. (Irmãos), Lda.”
Autocarro “REO” da “João Clara & Cª. (Irmãos), Lda.”
1942 1955
Autocarro “REO” de 1937 Passeio num autocarro “Borgward”
“Volvo” de 1946
Em 1958, na sua evolução natural funda a “Claras Turismo” que em Lisboa abre a sua loja na Avenida Fontes Pereira de Melo. Viria a ser uma aposta estratégica que se reforçaria com a compra, no ano de 1961, da empresa de transporte de passageiros “Capristanos”, - com origem na firma “Capristano & Ferreira, Lda.” fundada no Bombarral em 1933 - com sede nas Caldas da Rainha, a que se seguiram outras aquisições. Em 2 de Abril de 1963, junto ás suas instalações em Leiria, inauguram a “Estalagem Claras”, na Avenida Heróis de Angola.
Loja da “Claras Turismo”, na Avenida Fontes Pereira de Melo, em Lisboa
Julho de 1963 na revista “Olissipo”
4 de Julho de 1964
1963
No final dos anos 60 do século XX até 1971, a empresa entra numa fase de expansão e adquire as seguintes empresas de transportes:
“Empresa de Viação de Vila Nova de Oliveirinha, Lda.” de Tábua
“Manuel Martins & Sebastião Martins, Lda.”, de Castelo Branco
”União Automóvel Leiriense, Lda.”, de Leiria
”Francisco Ferreira Vinagre.” de Santarém
“Henriques, Lda.” de Torres Vedras
”Empresa de Transportes Mecânicos Luso-Buçaco, Lda.”, do Luso
”Empresa Marins”, de Castelo Branco
Horários de 1968 e 1970
Em 1971, a empresa “João Clara & C.ª (Irmãos), Lda.”, mudaria a sua designação para “Claras Transportes, S.A.R.L.”. Nesta altura já era a maior empresa de autocarros de transporte de passageiros do país, com mais de 500 autocarros, 439 carreiras e 1.074,4 quilómetros concessionados. Nesta altura, já tinham o terminal da zona Sul em Lisboa na Rua Cidade de Liverpool, transferido, mais tarde para a Avenida Casai Ribeiro, excepto o “Sol Expresso” que fazia parte do “Grupo de Empresas Transportadoras Privadas” que tinha o seu terminal na rua de Entre- Campos (junto à Praça do Campo Pequeno) e, mais tarde, na Avenida Duque de Ávila, 12.
Autocarro “Guy” dos “Claras” e da “Cityrama” na Praça dos Restauradores, em Lisboa
Autocarro “AEC UTIC” 740
1971
Nova central de camionagem da "Claras", na A. Casal Ribeiro, em Lisboa
1972
Em 12 de Junho de 1975, seria, nacionalizada e incorporada na “RN - Rodoviária Nacional, E.P.”. Em 1 de Fevereiro de 1991 transformar-se-ia na “Rodoviária Tejo, S.A.”.
Autocarro “AEC UTIC” U2037
Modelo similar ao do desenho anterior já com a designação de “RN - Rodoviária Nacional”
Agradecimentos:
Bilhetes, emblemas, chapas e condecoração publicados neste artigo foram gentilmente cedidos por Carlos Caria.
Horários gentilmente cedidos por Jorge Monteiro via Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Desenhos digitais publicados, foram gentilmente cedidos por Eugénio Santos, via “Memórias de Empresas e Autocarros Antigos”.
Bibliografia: Mediotejo.net e Cabo Carvoeiro Memórias
Fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Hemeroteca Digital, Memórias de Empresas e Autocarros Antigos, Fundação Portimagem, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdios Mário Novais)
9 comentários:
Meu caro José Leite
Gostei muito deste seu artigo sobre a empresa "Claras".
Eu ainda me lembro de uma excursão que fiz com os meus pais a Aveiro nessas camionetas, quando eu tinha 6 anos!
Gostava muito do símbolo da empresa!
Os meus melhores agradecimentos!
Álvaro Pereira
Caro Álvaro Pereira
Eu é que agradeço a amabilidade do seu comentário.
Os meus cumprimentos
José Leite
José Leite, Boas Festas e mais uma vez Parabéns por este Espaço Grande e Público onde sabem pôr os olhos !
Abraço
Caro Ricardo Santos
Muito grato pelos seu votos de Boas Festas, que retribuo para si e sua família.
Abraço
Viajei muitas vezes nos autocarros dos Claras, nas décadas de 40 e 50.
Ver algumas das fotos aqui postadas, foi matar saudades.
Permiti-me descarregar duas; mas são só para meu deleite.
Bom Natal.
E saia bem, mas entre melhor ...
Obrigado
Que nostalgia ao ler este belo artigo. Parabéns ao autor.Ainda tenho mais orgulho na minha Família espoliada indecentemente pelos pseudo revolucionários... e roubada a quando das desnacionalizações pelo sr. Cavaco...
Bom dia,
Gostei bastante do artigo. É sempre bom ler coisas sobre a familia.
Muito obrigado
Meus caros, só agora mesmo acedi ao blog para recordar um pouco a imagem desta empresa. O que tenho a dizer:
.Recordo c/ alguma alegria a imagem da empresa que servia a sério.
.Lembro-me da maneira como na época éramos atendidos nas bilheteiras, pelos cobradores e demais funcionários. Fiquei sempre com a ideia que a sua admissão à empresa passava por uma selecção rigorosa, pois nunca vi nenhum funcionário proceder com atitudes incorrectas para com os clientes. Isto porque hoje assiste-se a cada grosseirismo que não dá para atender.
Viajei imensas vezes na região de Torres Novas, Tomar, Leiria, e outras, e nunca assisti a nada que me desgostasse. Aquilo que assistimos a seguir ao 24/05, a junção de diversas empresas a que chamaram RN, mas a que ainda falta muito para satisfazer o cliente, como acontecia com os Claras. Conheci outra empresa com o nome de Oliveiras de Águeda que comparo com a Claras pela limação dos funcionários. Hoje parece que o que interessa é transportar, números, mesmo que seja às 3 pancadas, o resto não conta. Não sei se algum desses funcionários, bons, com que contactei nesses anos ainda está vivo, se assim for, aqui vai o meu muito obrigado pela maneira afável fui tratado.
O Motorista junto da camioneta Isidro de Oliveira Conveniência natural da Chamusca mas viveu e faleceu em Torres Novas 11 de Dezembro de 1981
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