O "Café Suisso" foi fundado em 1848, no Largo de Camões (actual Praça Dom João da Câmara), em Lisboa, por dois irmãos suíços, um dos quais de seu nome João Meng, que tinha uma padaria na Rua da Escola Polythecnica.
Quando o “Café Suisso” abriu, o prédio mandado construir por António José da Silva, um ferrageiro da Rua das Portas de Santo Antão esquina com o Beco do Forno, ainda não estava concluído. No começo, a sua actividade distribuiu-se entre a pastelaria e café, acabando por se resumir exclusivamente a Café.
João Meng, que morava numa sobreloja do Café, era «obsequioso afavel, parecendo ter vindo ao mundo entre uma curvêta e um sorriso, o Meng jámais deixou de superintender no seu botequim, sempre em mangas de camisa. Com o dobar dos annos largou o café a um seu empregado, que, por fallecimento, o legou aos seus creados Leonardo e Antonio. Em 1848, percorriam as ruas tres musicos italianos, um clarinete e dois harpistas, que tocavam no Suisso e a quem o chroniqueiro matutino alludia n'estas linhas: - ‘Dão concertos por qualquer finta no café Suisso da praça de Camões e no Marrare do Polimento’»
No “Novo Guia do Viajante” de 1865
Pormenor da lateral para a Rua Primeiro de Dezembro do “Café Suisso”
Lista dos principais Botequins ou Cafés de Lisboa em 1880
«Nos primeiros anos, o Café estava praticamente deserto durante a tarde. à noite misturavam-se ali fadistas e cocheiros famosos com os estudantes, conselheiros, funcionários público e ministros. Os jogos da moda imperavam pelos quatro cantos da grande sala, iluminada a gás: gamão, xadrez e dominó. Saraiva de Carvalho, antes e depois de ser ministro, era o mais conhecido cliente que jogava gamão. Vencia quase sempre e muitas vezes ensinou ali mesmo o jogo a potenciais adversários do sexo feminino.» in “Lisboa Desaparecida” Vol I.
Nos seus tempos áureos o “Café Suisso”, que se localizava no prédio contíguo ao do famoso “Café Martinho” teve como clientes, Rebello da Silva, Saraiva de Carvalho, general Pinto Carneiro, o matemático Marrecas Ferreira, Brito Limpo, Notta Pegado, e outras pessoas ligadas às letras e ciências.
Na revista "Olissipo": «Café Suisso Restaurant - é a tabuleta a toda a largura ocupada pelas quatro portas. Diante abancam cidadãos de respeitável bigode e respeitável "coco", um ou outro chapéu mole, democrático; à roda os criados de peitilho engomado, laço preto e avental branco comprido, a bandeja debaixo do braço, olhando também ... »
Enquadramento do “Café Suisso” e do seu vizinho “Café Martinho” na Praça Dom João da Câmara
«Em 1898, o Suisso cambiou de proprietarios, e hoje vê narcisar-se, nas laminas dos seus espelhos, uma segunda edição, incorrecta d'esses figurões, que o humorista Thackeray daguerreotypou no The Book of Snobs.». A partir desta altura o “Café Suisso” inicia o serviço de restaurante, passando a “Café Restaurant Suisso”
1941
A demolição do edifício do "Café Suisso" e do edifício adjacente onde tinha estado instalado o "Grande Hotel de Inglaterra", depois de decidida em Março de 1948, teria início em 7 de Fevereiro de 1952. Com a demolição do edifício desaparceria o “Café Suisso”.
"Grande Hotel de Inglaterra" antes da sua demolição e após a mesma já com o “Café Suisso” encerrado
Os dois prédios já demolidos e o projecto dos novos edifícios que viriam a ser construídos
fotos in: Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian (Estúdio Mário Novais), Hemeroteca Digital
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