O edifício do Café e Salão de Chá “Palladium”, localizado na Avenida da Liberdade, 1, junto ao “Elevador da Glória”, existia desde finais da década de 70 do século XIX. Este edifício terá sido construído no final da década de 70 do século XIX, contando apenas com um piso acima do solo. Em 1909, é adquirido pelo Dr. Henrique Bastos, que confia ao jovem arquitecto Manuel Joaquim Norte Júnior (1878-1962) o projecto de acrescentar um 2º piso e nova fachada para o edifício. A obra ficaria concluída em 1912, ano que se instala a "Casa de Saúde para Cirurgia". Como refere o jornal "Folha de Lisboa" em 1916 «Foi expressamente construida para o fim em que está ocupada, e sob as vistas do proprietario; por isso é inutil acrescentar que tanto a construção como as instalações não podiam deixar de ser como são, perfeitas e completas ...»
Edifício da "Casa de Saúde para Cirurgia" do Dr. Henrique Bastos
Esta Casa de Saúde, que ocupava todo o edifício, encerraria em 1919, ano em que se instala o club e restaurante "Palais Royal", propriedade da firma "Restaurant Club Avenida, Limitada" sendo seu diretor Francisco José Ramalho. Este viria a encerrar em finais de 1924,vindo, posteriormente, as suas lojas a ser ocupadas pela firma “Bernardino Correa & Cia.” representante e importador dos automóveis “Dodge Brothers” e da “Unic”, fabricante de camions e «omnibus». No restante edifício, e a partir de 1930, instalou-se a sede da "Sociedade Comercial Philips Portuguesa".
Stand da firma “Bernardino Correa & Cia.” representante e importador dos automóveis “Dodge Brothers” e da “Unic”
1929
Sede da “Philips Portuguesa” com o stand da firma “Bernardino Correa & Cia.”, em 1930
Em 17 de Dezembro de 1932, viria a ser inaugurado o Café e Salão de Chá “Palladium”, com a sua concepção e decoração da responsabilidade do arquitecto Raúl Tojal (1899-1969). Era propriedade da firma “Tavares e Ferreira”, sendo que um dos sócios era do avô paterno do escritor Luiz Francisco Rebello (1924-2011), que por sua vez era igualmente dono do Café “Imperium”, localizado na Rua de Santa Justa junto ao “Elevador de Santa Justa”.
17 de Dezembro de 1932
Notícia da inauguração no “Diario de Lisbôa”
1935
Julho de 1941
Esplanada do “Palladium” na Avenida da Liberdade, projectada pelo arquitecto Cassiano Branco e construída em 1943
1943 24 de Dezembro de 1953
Em 1979 o Café e Salão de Chá “Palladium”, seria transformado em centro comercial, denominado “Palladium Shopping Center”, mantendo praticamente intactos os seus elementos decorativos e pormenores Art Déco de especial relevo, como sejam colunas, painéis alegóricos, plafonnières, gradeamentos e corrimãos.
Entretanto, depois de encerrado o “Palladium Shopping Center”, e ao consultar o blog “Cidadania Lx” em 6 de Abril de 2016, tive conhecimento que está em apreciação na CML o projecto de demolição do interior, como atesta excerto da carta enviada ao Vereador da CML, Arquitecto Manuel Salgado, pelos responsáveis deste grupo de intervenção urbana:
«Tivemos conhecimento de que se encontra em apreciação nos Serviços que V.Exa. tutela, um pedido de informação prévia (Proc. 291/EDI/2015) que prevê a demolição do interior do edifício que albergou no piso térreo (e na cave) o antigo Centro Comercial Palladium (Avenida da Liberdade, nº 1). (…)»
Lembro que existiu um Café “Palladium” , na cidade do Porto cuja história poderá ser consultada, neste blog, no seguinte link: “Armazéns Nascimento e Café Palladium”.
Entrada do Café “Palladium” no Porto
fotos in: Hemeroteca Digital, Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Arquivo Municipal de Lisboa, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Lisboa SOS
3 comentários:
Aqui fica o comentário do confrade "Bic Laranja", que eu, por engano, apaguei em vez de "publicar":
«Hão-de demoli-lo. Estamos fatalmente condenados à pobreza da barbárie. Nem na queda do império romano se viu vandalismo tão sofisticado. Isto hoje passa por progresso.»
Com os meus agradecimentos, os meus cumprimentos
José Leite
Realmente é triste a falta de respeito pelo tão rico património. Parece que estes o destes arquitectos contemporâneos,destroem por inveja,por incapacidade de criar além do Betão,ferro e solda. Fui empregado de mesa nos paladiums de Lisboa e do Porto nos anos 50/60.
Conheci e frequentei este café a partir do ano de 1966, altura em que TODO o 1º piso era ocupado por excelentes mesas de snooker e de bilhar. Não há, nesta "memória" nenhuma referência a isso, o que me deixa um pouco confuso, uma vez que, quando eu comecei a frequentá-lo, as mesas já lá estavam há anos... É a minha memória que me atraiçoa, ou é alguma falta de rigor nesta descrição?
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