A “Papelaria Emílio Braga, Lda.” foi fundada na Rua Nova do Almada, em Lisboa, por Emílio da Silva Braga, em 7 de Fevereiro de 1905. Com as suas oficinas de tipografia situadas na Rua do Arco do Bandeira, especializou-se em cadernos para fins comerciais, legais e “livros” de contabilidade, sendo desde logo considerada uma das melhores papelarias de Lisboa.
Loja da “Papelaria Emílio Braga, Lda.” na Rua Nova do Almada
Oficinas tipográficas na Rua do Arco do Bandeira
A propósito da recém inaugurada loja, na Rua Nova do Almada, a revista “Illustração Portugueza” escrevia:
« (...) A nova casa honra o desenvolvimento citadino.
A sua instalação, harmoniosa de simplicidade e de elegancia, fica bem ao 'dècor' da grande artéria em que demora.
Um interior a estuque branco, alindado de florões no teto, e a branco Ripolin e ouro nas 'vitrines', nos mostruarios e nos balcões, guardada uma colecção infindavel de artigos de escritorio e de lavores, em que se distingem os acessorios de pintura e arte aplicada e os livros de escrita comercial. A encadernação que produz estes e outros livros é uma secção que trabalha num fundo dependente do estabelecimento e o qual é dotado de todos os maquinismos modernos que exige a maior perfeição do seu genero industrial.
A Papelaria Emilio Braga, Lda tambem possue secção de tipografia, para o que dispõe da sua oficina na Rua do Arco do Bandeira, provida de duas 'Diamantes', uma 'Liberty', uma maquina de cilindros, grande, uma 'Rapid' e uma guilhotina.
Com tais recursos mecanicos, não admira que a nova firma possa incumbir-se de trabalhos que, após a execução, resultam verdadeiros 'specimens' tipograficos.»
Nas minhas pesquisas encontrei no jornal “O Tempo” datado de 7 de Fevereiro de 1889, o seguinte anúncio de uma «Typographia e Papelaria» propriedade de Alfredo da Costa Braga, com loja na na Rua Nova da Palma …
7 de Fevereiro de 1889
… o mesmo acontecendo com o seguinte anúncio no jornal “Folha de Lisboa” datado de 10 de Dezembro de 1900, desta vez de uma outra “Typographia”, com “succursal” na Rua Nova do Almada e pertença de J. da Costa Braga. Pelo facto de os apelidos serem iguais ao de Emílio da Silva Braga, e a área de negócio ser a mesma, sugere-me, repito sugere-me, que Emílio da Silva Braga fosse familiar directo destes dois proprietários, talvez filho de um deles.
10 de Dezembro de 1900
1944
Equipe de futebol do pessoal da “Emílio Braga & C.ª, Lda.”, com Emílio Braga (filho) no centro da foto
Anos mais tarde a “Emílio Braga & C.ª, Lda.”, já pelas mãos do Emílio Braga (filho), muda de instalações para uma loja na Rua de São Julião, a par de uma filial que mantinha na Rua Alexandre Herculano. Em 16 de Maio de 1952, mudaria de novo a sua loja-sede da Rua de São Julião para a Rua da Madalena, assim como as suas oficinas tipográficas.
Nova loja na Rua da Madalena
Entrevista de Emílio Braga (filho) à rádio, em 1 de Janeiro de 1956
Oficinas tipográficas na Rua da Madalena, nº 99
11 de Dezembro de 1951
30 de Maio de 1952
7 de Fevereiro de 1955
Foi nas caves das oficinas tipográficas da "Emílio Braga & C.ª, Lda." da Rua da Madalena nº 99, que foi produzido o material de campanha do General Humberto Delgado às presidenciais de 1958, à luz de velas e isqueiros a fim de iludir a polícia política.
Emílio Braga (filho) que seria, igualmente, proprietário do “Grande Hotel” em Caldas de Felgueiras, permaneceria á frente da empresa "Emílio Braga & C.ª, Lda." até 1960.
Na mesma década inaugurava nova filial, desta vez na Avenida de Roma, que se manteria até há poucos anos
Nas portas dos seus estabelecimentos os placards publicitários informavam que … «Nestas casas não se paga luxo» e «A casa que mais barato vende». Em 1953, seria punida pelas autoridades por «expôr gravuras coloridas indecentes pelo excesso de nudismo».
Filial da Rua Alexandre Herculano
Quase a completar um século de existência, a “Papelarias Emílio Braga Lda.” pertençe à quarta geração da família e continua a fabricar o mais emblemático dos seus produtos: o famoso “Galocha”, baptizado a partir da técnica empregue, a “encadernação de galocha”. Trata-se de um caderno de bolso, distinto e característico, de capa dura e resistente forrada a papel “chagrin” e com lombada e cantos reforçados em tecido colorido, ainda hoje de produção totalmente artesanal.
Livros com a famosa “encadernação de galocha”
Actualmente a empresa “Papelarias Emílio Braga, Lda.”, como já referido anteriormente, a dois anos de completar o centenário da sua fundação, mantém apenas a sua loja na Rua Ary dos Santos, no Prior Velho, promovendo as suas vendas também no seu site na internet.
Exterior e interiores da loja da “Papelarias Emílio Braga, Lda.”
fotos in: Papelarias Emílio Braga, Hemeroteca Digital, IÉ-IÉ, A Vida Portuguesa
1 comentário:
Fui cliente das Papelarias Emílio Braga. Já só conheci o
Sr. Veríssimo, penso que seria sobrinho do Sr. Braga, e também a sua filha e genro. Havia certo tipo de produtos de papelaria que só lá se encontravam. Os tempos da informática teriam contribuído para o seu declínio. Curiosa a publicidade de uma das suas ações de marketing "Perder hoje" em que ofereciam 50% de desconto. E eu que pensava que essa era uma técnica moderna, muito usada agora pelos grandes Supermercados!...
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