O “Estádio 28 de Maio” em Braga, com uma capacidade para cerca de 30.000 espectadores e projectado pelo arquitecto e engenheiro Travassos Valdez, foi inaugurado no dia 28 de Maio de 1950, com a presença do Presidente do Conselho, Doutor Oliveira Salazar e o Presidente da República, Marechal Óscar Carmona. A partir de 1974 passaria a designar-se de “Estádio 1º de Maio”.
Para a inauguração foram convidados os grupos desportivos da região e organizou-se uma grande parada desportiva. Para complemento realizaram-se dois jogos de futebol onde se disputaram duas taças, uma entre o “Futebol Clube do Porto” e o “Sporting Clube de Braga”, que empataram, e o “Sport Lisboa e Benfica” e o “Sporting Clube de Portugal”, com a vitória do Benfica. Nesse dia um mar de gente, inundou logo pela manhã a cidade e para sempre ficou o dia assinalado como um dos maiores dias de Braga.
«Muitas horas antes de se abrirem as portas do Estádio, já se aglomeravam junto delas alguns milhares de pessoas, aguardando ansiosamente o momento da entrada. O esplendoroso recinto, cujas harmoniosas linhas de conjunto já há dias descrevemos, oferece, depois de cheio nos seus trinta mil lugares, um aspecto surpreendente.
Quando chegou o sr. dr. Oliveira Salazar ouviram-se grandes manifestações, que culminaram o entusiasmo popular perante a imponência do grande melhoramento.» in: “Diario de Lisbôa”
Postal da inauguração do “Estádio 28 de Maio” com o respectivo selo comemorativo
A ideia da construção de um Estádio em Braga nasce com o crescimento desportivo do “Sporting Clube de Braga”, fundado em 19 de janeiro de 1921, e que se assumia, à época, como a principal colectividade desportiva da cidade. Até esta altura o clube utilizava como palco o Campo da Ponte com bancadas em madeira e desprovido de capacidade para receber a imensa massa humana que aderia ao clube. Desde 1921 (data da fundação do clube), foram surgindo campos improvisados onde o “Sporting Clube de Braga” chegou a jogar, tais como o campo dos Peões, o campo da Rua do Raio e ainda no Campo da Vinha, que foi o primeiro palco de futebol em Braga.
Mas os sucessos do clube logo obrigaram a pensar-se em construir um campo novo, do clube e da cidade. Lançada a ideia logo se principiou por interessar não só as forças vivas da cidade, como o próprio Estado que através de Fundos como o do Desemprego, desbloqueou as verbas necessárias para o empreendimento. Para o projecto, que a princípio era mais modesto do que afinal veio a resultar, foi escolhido o arquitecto e engenheiro Travassos Valdez, que concebeu um estádio que ombreasse com o “Estádio Nacional”, no Jamor, e como este construído em pedra. São estes os dois únicos estádios de Portugal em pedra.
Decorrido o ano de 1946, e querendo não só a Câmara Municipal de Braga como o próprio Estado assinalar em Braga o 20º aniversário da revolução do 28 de Maio de 1926, resolveram aproveitar a data para a cerimónia do início da sua construção, pois que já se tinha acordado em que Braga iria ter um magnífico campo desportivo. Assim uma velha escavadora, abriu um cabouco, e foi nele depositado a primeira pedra.
«Deus cria, o homem tenta, a obra nasce.»
Na entrada do “Estádio 28 de Maio” a seguinte inscrição:
«ESTE MONUMENTO CONSAGRA A REVOLUÇÃO NACIONAL DESENCADEADA PELO EXÉRCITO NA CIDADE DE BRAGA EM XXVI-V-MCMXXVI TRIUNFANTE SEM LUTA, GLORIOSA SEM SANGUE, PORQUE NA VERDADE A VOZ DE COMANDO FOI APENAS A EXPRESSÃO MILITAR DUMA ORDEM IRRESISTÍVEL DA NAÇÃO»
O Estádio é constituído por bancadas unidas em forma oval, com a mesma estatura, recortadas apenas no lado Norte onde surge um monumental pilar paralelepipédico onde se identifica em bronze o nome do estádio, com a heráldica da cidade a coroar, estando da parte de fora o escudo nacional. Na bancada Poente uma elegante construção quebra a harmonia do recinto: é a tribuna de honra onde se sentava a elite. Na zona frontal do recinto vemos dois conjuntos escultóricos de baixo-relevo, em bronze da autoria do escultor Barata Feyo. No painel da esquerda observam-se seis figuras segurando elementos olímpicos como os louros, as taças, a chama olímpica e até um astrolábio, podendo-se ler, na parte superior do conjunto, as inscrições: “TEMOS DE DAR AOS PORTUGUESES PELA DISCIPLINA DA CULTURA FÍSICA O SEGREDO DE FAZER DURADOURA A SUA MOCIDADE EM BENEFÍCIO DE PORTUGAL”, e um pouco mais abaixo: “O PODER AO SERVIÇO DO DESPORTO”.
No painel do lado direito observam-se outras seis figuras, cada uma representando várias modalidades olímpicas tais como o lançamento do dardo, estafeta, andebol, etc.; encimando o conjunto escultórico, podem-se ler as seguintes inscrições da autoria de Luís de Camões: “OH GENTE FORTE E DE ALTOS PENSAMENTOS”. As influências gregas neste anfiteatro minhoto não se ficam por aqui, pois junto ao pilar principal do estádio encontra-se uma pedra de tons alvos, possivelmente em mármore, que provém de ruínas da antiga civilização clássica e que foi trazida da Grécia para Braga, e colocada aqui para estabelecer um paralelo entre este recinto e os belos anfiteatros gregos onde nasceu o espírito olímpico. No início dos anos 90 do século XX, foi acrescentado ao recinto desportivo uma pista de tartan, o que aumentou a funcionalidade do estádio.
Em 28 de Setembro de 2012 o “Estádio 1º de Maio”, em Braga, é classificado como “Monumento de Interesse Público” pelo “IGESPAR”.
1 comentário:
Boa tarde. Muito obrigado pelo seu artigo. Gostava de saber um pouco mais sobre a pedra da antiga civilização grega. Onde obteve essa informação? Um abraço
Enviar um comentário