Em 1762, no contexto da “Guerra dos Sete Anos”, Portugal esteve à beira de entrar em guerra com Espanha, pelo que D. José ordenou uma reforma do exército, dirigida pelo Conde de Lippe, que incluiu o «(...) reforço da defesa terrestre e marítima do Reino». Para reforçar a defesa da barra do Tejo, a Coroa mandou edificar quatro fortalezas na linha de Cascais, a de Catalazete, em Oeiras, e as Baterias de Crismina, Galé e Alta, no Guincho. Apresentando planimetrias semelhantes, a estrutura destas baterias correspondia a um corpo angular, com parapeito e plataforma, atrás da qual foi edificado o paiol e o espaços dos aquartelamentos.
Com o final do conflito, estas fortificações perderam as suas funções militares, sendo progressivamente desactivadas, até que nas primeiras décadas do século XIX apresentavam «sinais profundos de arruinamento». Durante as Guerras Liberais, em 1831, D. Miguel ordenou que fossem realizadas obras de reparação nas três baterias, de modo a que pudessem receber novamente peças de artilharia e as respectivas guarnições. Com a vitória das tropas de D. Pedro em 1833, as fortalezas são novamente desactivadas e votadas ao abandono.
Antiga Bateria no Guincho Forte do Abano
Forte São Jorge de Oitavos (entre o Guincho e Cascais)
No final do século XIX, as baterias foram desclassificadas como fortificações militares e vendidas em hasta pública. A “Bateria Alta ao Norte da Praia da Água Doce” no Guincho, a 7 quilómetros de Cascais, foi praticamente destruída, e depois de abandonada até 1956, ano em que mudou de proprietário. Esta última aquisição já era parte de um ideia de construir um hotel no que restou da fortificação. Construído sobre o projeto do arquitecto Jorge Santos Costa, foi inaugurado em 1959, sob o nome inicial da “Estalagem do Guincho”, passando ainda no mesmo ano a “Hotel do Guincho”, tendo-se aproveitado muito pouco do que restava da fortificação.
Plano de arranjo da Marginal em 1934, entre a Praia do Abano (à esquerda) e a Praia de Cresmina (à direita) com a praia do Guincho ao centro
Antiga “Bateria Alta a Norte da Praia da Água Doce” e o projecto executado para a ”Estalagem do Guincho”
Em Portugal, a fixação de instalações hoteleiras em fortes, fortalezas e castelos remonta à década de 1940. Na maior parte dos casos, a configuração dos edifícios pré-existentes não foi facilmente adaptável a estrutura hoteleira. Quatro exemplos de hotéis fortificados ou pousadas dos anos 1950 e 1960 são: Pousada da Berlenga, Pousada de Setúbal, Pousada de Palmela e Fortaleza do Guincho Hotel.
30 de Dezembro de 1959
Em Novembro de 1998 o antigo “Hotel do Guincho” propriedade da “Sociedade Estoril-Sol”, e depois de uma profunda transformação, dá lugar ao “Fortaleza do Guincho Hotel e Restaurante”, já propriedade do “Grupo Lisboa” do Dr. Stanley Ho, também accionista maioritário da mencionada “Sociedade Estoril-Sol”.
“Fortaleza do Guincho Hotel e Restaurante”
“Fortaleza do Guincho Hotel e Restaurante”, de 5 estrelas e com o seu restaurante premiado, em 2001, com 1 estrela Michelin, oferece 27 quartos assim distribuídos:
- 8 Quartos “Courtyard”, localizados no claustro, com vista mar lateral através uma pequena janela de fortaleza.
- 16 Quartos “Superiores”, no piso superior, todos com varandas fechadas com chaise longue.
- 3 Suites “Júnior”, também no piso superior.
O “Fortaleza do Guincho Hotel e Restaurante”, é membro da prestigiada associação hoteleira "Relais & Chateaux", fundada em 1941 e com sede em Paris.
fotos in: Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian, Arquivo Municipal de Lisboa, Delcampe.net, Hotel Fortaleza do Guincho - Relais & Chateaux
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