Restos de Colecção: Martins & Rebello

27 de outubro de 2013

Martins & Rebello

A empresa de lacticínios “Martins & Rebello, Lda.” foi fundada em Lisboa a 30 de Janeiro de 1906, por António Cardoso Rebelo e Alfredo Martins. Esta sociedade começou em Lisboa com a comercialização da “Manteiga União" e nesta altura já eram detentores de uma unidade de produção em Sátão.

                    Carro da “Manteiga União” no Carnaval de 1913                           Embalagem da “Manteiga União”

 

Ainda em 1906 iria mudar as suas instalações fabris da manteiga "União" para Pinheiro Manso no concelho de Vale de Cambra, no distrito de Aveiro.

Em 1920 Serafim Figueiredo entra na sociedade "Martins & Rebello, Lda." e afirma:

«Primeiro trabalhava-se com as carroças, depois vieram as camionetas, a folha de flandres para a embalagem da manteiga, a embalagem de madeira, o vasilhame adequado e as máquinas para as fábricas; já durante a guerra não se poderia recorrer à assistência e ao recurso ao equipamento de origem estrangeira. Daí que o sector de laticínios tivesse que se espevitar e exigisse a criação de outras industrias em vale de Cambra (madeiras, embalagens, máquinas e equipamentos).»

A seguir fotos de 1937

Panorâmicas exteriores das instalações da “Martins & Rebello, Lda.”

 

 

 

 

Na zona da "Lomba da Vaca" a "Martins & Rebello, Lda." possuía uma considerável área de exploração pecuária, onde ainda hoje estão instalados vários edifícios utilizados para a criação e manutenção de gado bovino, bem como a cura e embalagem do queijo para posterior embarque por via marítima.

                          Cuba para corte de queijo                                             Cuba para queijo e desnatadeira de leite

Cuba para corte de queijo Cuba para queijo e desnatadeira para o leite

                         Embalamento do queijo                                                                Armazém de leite em pó

Embalamento de queijo Fabrico de leite em pó

                                       Laboratório                                                                         Lavagem do queijo

Laboratório Lavagem do queijo

                                  Pasteurização do leite                                                         Presssagem do queijo

Pasteurização do leite                Prensagem do queijo

Fabrico de manteiga

Produçaõ de manteiga Produçaõ de manteiga.2

Quadro eléctrico

Quadro eléctrico da fábrica              Quadro eléctrico da fábrica.2 

A "Martins & Rebello, Lda." foi crescendo devido ao mercado conquistado em África e pela diversidade dos produtos que produzia. Tal facto levou à natural ampliação das suas instalações em Vale de Cambra, sob projecto do arquitecto Filipe Nobre de Figueiredo tendo sido inauguradas oficialmente a 8 de Junho de 1952.

Instalações inauguradas em 1952

Martins & Rebello.2 Martins & Rebello.1

Para além do queijo "Pinheiro Manso", a empresa diversifica a sua oferta com a produção de outros tipos de queijo: queijo “Castelões”, queijo fundido em barra e o queijo triangular também fundido. A manteiga agora produzida era a manteiga da marca "Primor". Leites condensado, evaporado e achocolatado todos com a marca "Primor", e produtos dietéticos como o “Primolacto” o “Saulacto” e o “Acilacto”, todos para crianças. Produziram ainda leite em pó gordo, meio-gordo e magro e ainda o reconstituinte com o nome "Vigormalte".

No início dos anos 50 do século XX, as principais empresas de laticínios eram: “Martins & Rebello” e “Lacto-Lusa” em Vale de Cambra, “Nestlé” em Avanca, “Lacticínios MAF” em Vila da Feira, “Lacticínios Aveiro” em Aveiro e “Lacticínios SUIL” em Vila da Feira.

Nas décadas de 50 e 60 do século XX a “Martins & Rebello, Lda.” chegou a empregar 700 funcionários, tornado-se na maior empresa de laticínios do país.

1944

1944 Martins & Rebelo

                                                 1949                                                                              1958

1949 Martins & Rebello     Pub.1

1962

Em finais da década de 70 do século XX, viria a entrar em declínio, processo iniciado após 1974, e após a venda de algumas das suas unidades de produção, e de  sucessivas restruturações, viria abrir falência em 2001.

A marca "Martins & Rebello" pertencente actualmente à empresa "Indulac - Indústrias Lácteas, S.A.", e localizada na freguesia de Ossela, no concelho de Oliveira de Azeméis.

Pelo seu significado, reproduzo aqui excerto do comentário que a D. Mariana Rebello , neta do fundador António Cardoso Rebello, fez o favor de me enviar:

«A Indulac foi fundada pelo meu pai,e é de facto a continuação da Martins&Rebello (tanto que agora, até temos a marca original, como se pode ver em algumas fotografias), não se tratando assim de um roubo de nomes, mas sim de uma continuação da herança da família Rebello, de que tanto nos orgulhamos e que tanto lutamos para manter 'viva'!
O meu pai, como já veio publicado no jornal de notícias, comprou (há cerca de 3 ou 4 anos atrás) a fábrica Martins&Rebello (a de Pinheiro Manso, Vale de Cambra), o que significa que ainda está na família original

Instalações da “Martins & Rebello (M&R) / Indulac” em Ossela

 

 

Consultando o site da “Bloomberg Businessweek”, cheguei à conclusão que a empresa "Indulac - Indústrias Lácteas, S.A.", foi fundada em Ossela em 1988. Pelo que deduzo que deve ter adquirido a marca “Martins & Rebello” posteriormente a 2001.

fotos in: Arquivo Municipal de Vale de Cambra, Hemeroteca Digital, Martins & Rebello (M&R)/Indulac

14 comentários:

Bic Laranja disse...

Mais um verbete cheio de interesse.
Cumpts.

José Leite disse...

Caro "Bic"

Grato pelo seu comentário

Cumprimentos

José Leite

Manuel Tomaz disse...

As empresas são como as pessoas: Nascem, vivem e morrem. Esta, como outras, em que foram lideres no mercado, um dia acabam! Se a memória não me falha, nos anos 50/60, conheci uma loja de venda ao público da Martins & Rebelo, no Largo do Camões, em Lisboa.
Os meus cumprimentos,
Manuel Tomaz.

José Leite disse...

Caro Manuel Tomaz

Tem toda a razão. Umas duram mais que outras, mas todas têm o mesmo fim.

Ainda ontem estive a finalizar um artigo, a publicar brevemente, sobre a “Companhia Nacional de Fiação e Tecidos de Torres Novas, S.A.R.L”., que conseguiu resistir 165 anos ...

Cumprimentos

José Leite

Anónimo disse...

A Indulac é propriedade do Pedro Rebelo, meu primo em segundo grau e bisneto do António Cardoso Rebello,

José Leite disse...

Caro(a) Anónimo(a)

Muito grato pela informação.

Os meus cumprimentos

José Leite

André Rebello da Silva Glória de Sá disse...

Boa noite. Antes de mais muitos parabéns pela excelente página José Leite. Eu também sou bisneto de António Cardoso Rebello por via da minha avó e sua filha Alice Mota Rebello e gostaria de saber qual o ramo de ascendência desse meu primo Pedro Rebelo aqui mencionado em comentário. Será filho do meu primo António Rebelo que reside em Vale de Cambra? Bem, espero que esta coisa da Indulac não seja mais um caso de roubo de nomes senão vamos ter de instaurar processos judiciais para defender o bom nome da família.

José Leite disse...

Caro André Rebello

Muito grato pelas suas amáveis palavras.

Quanto à questão que coloca, como há-de compreender não lhe sei responder.

Aguardemos que alguém "se acuse" ...

Os meus cumprimentos

José Leite

Mariana Rebello disse...

Boa tarde!
Antes de mais, parabéns pela página!
Sou filha do Pedro Rebelo, e neta de António Cardoso Rebelo (neto de António Cardoso Rebello)
A Indulac foi fundada pelo meu pai,e é de facto a continuação da Martins&Rebello (tanto que agora, até temos a marca original, como se pode ver em algumas fotografias), não se tratando assim de um roubo de nomes, mas sim de uma continuação da herança da família Rebello, de que tanto nos orgulhamos e que tanto lutamos para manter 'viva'!

Este post comoveu-me bastante, muito obrigada pelas memórias e por não deixar que tão grande empresa caia no esquecimento!

O meu pai, como já veio publicado no jornal de notícias, comprou (há cerca de 3 ou 4 anos atrás) a fábrica Martins&Rebello (a de Pinheiro Manso, Vale de Cambra), o que significa que ainda está na família original :)

Cumprimentos
Mariana Rebello

José Leite disse...

D. Mariana Rebello

Muito grato pelo seu precioso esclarecimento.

O objectivo deste blog é não deixar esquecer tudo o que este país construíu de bom, e menos bom (porque não?), ao longo do século XX (principalmente) até 1974.

Isto porque a seguir a 1974, tentou "varrer-se" da história o trabalho e sacrifício de muitos industriais e trabalhadores deste país.

Fico feliz que esta empresa a exemplo de outras - poucas por sinal - resistiram às "intempéries" ...

Já procedi à devida alteração no artigo.

Os meus cumprimentos e agradecimentos

José Leite

Mario Augusto Passos de Paula disse...

Prezados Rebellos E Martins.

Muito muito orgulho e satisfação, trabalhei na empresa Martins e Rebello. Em sua unidade de Avis - Alentejo. Morei em Ponte se Sor. Com prazer vimos a marcar se consolidar no Mercado. Com suas qualidades.
Sou Brasileiro. Fui convidado para trabalhar neste grande empresa, como mestre queijeiro, na década dos anos 90. Hoje de volta ao Brasil, vivo de boas recordações desta época.
Queijos Castelões e primor eram os lideres de mercado.
Feliz e saber que a marca continua.

mariop@grupobv.com.br

Anónimo disse...

Bom dia,
a todos foi com surpresa e muita satisfação que encontrei este vosso artigo sobre uma grande empresa chamada Martins & Rebello onde iniciei o meu percurso profissional trabalhei na delegação do Porto na ~zona Industrial da Maia.
Fico agradado que os familiares dos fundadores não deixem "morrer" este nome assim como algumas das suas prestigiadas marcas

Anónimo disse...

Boa tarde...curiosamente, quando alinhavava umas palavras para colocar na quinta-feira no meu facebook, dei com esta bela informação acerca da Martins e Rebello....vivi de perto o apogeu e depois o declínio da unidade da Martins e Rebello aqui na vila de Avis, onde residem dezenas e dezenas de ex-trabalhadores que ainda hoje falam da "sua"Martins e Rebello com saudade....

zeza disse...

so e pena nao terem mantido algo taobom como era o vigormalte, facam uma nova producao de vigormalte e de certeza que as vendas vao ser optimas.