As Oficinas Municipais encontravam-se dispersas pela cidade de Lisboa, em pequenos núcleos oficinais de apoio às diversas actividades. Só em 1914 se deu inicio a construção do Complexo de Alcântara, entrando em funcionamento apenas nos finais desta década. Este espaço agrupava as oficinas de serralharia, carpintaria civil e de carros e oficinas de pintura. Mais tarde, no início dos anos 20 do século XX, deu-se um processo de concentração de todas as oficinas municipais, com excepção das afectas ao Corpo dos Bombeiros, tomam então a designação de "Oficinas e Armazéns Gerais da CML".
Hipomóveis dos talhos municipais e de transporte de passageiros no início do século XX
Entrada e vista geral das Oficinas e Armazéns Gerais
Administração Edifício nº 1
Escritório de expediente geral Sala de contabilidade
Em 1926/1927, este espaço, que ocupava uma área de 3.687 metros quadrados, congregava todas as oficinas municipais: Serralharia, Carpintaria, Carroças, Cantaria, Pintura, Funileiros, Canalizadores, Tipografia e Encadernação, Correeiros, Tanoeiros e Electricistas. entre outros. Integravam também estes serviços, a fábrica de tijolos e vasos e o forno de cal, nelas laborando 654 operários.
Direcção dos Serviços Técnicos-Especiais em 1940 :
1ª Repartição (Iluminação e Aferições) : eng. José Máximo de Castro Nery
2ª Repartição (Viação e Transportes) : eng. João leal Mendes de Abreu (interino)
3ª Repartição (Oficinas, Armazéns e Subsolo) : eng. João lela Mendes de Abreu
Batalhão de Sapadores Bombeiros: Comandante - Capitão Joaquim Fernandes de Conceição Gomes Marques
Carpintaria de carroças Fundição de metais e oficina de carroças
Oficina de ferreiros Oficina de correeiros
Direcção dos Serviços de Salubridade em 1940 :
1ª Repartição (Limpeza e Regas) : eng. Jaime Pereira
2ª Repartição (Higiene Urbana) : Dr. José Chaves Ferreira
Oficina de serralharia civil Oficina de serralharia mecânica
Oficina de torneiros mecânicos Oficina de carpintaria civil
Oficina de tipografia Oficina de encadernação
Ao departamento de Aferições cabia-lhe fiscalizar os pesos e as medidas do comércio, a qualidade dos materiais usados nessas medidas e ainda a permanente aferição dos taxímetros e automóveis, cuja actividade em 1938 se resumiu a:
Utensílios de pesar e medir aferidos : 21.778
Utensílios de medir, conferidos : 8.187
«Táxis» aferidos : 1.959
«Táxis» reaferidos : 1.079
Contadores de água: 5.304
Contadores de gás : 8.228
Averbamentos realizados : 1.201
Requisições para serviço externo : 2.913
Requisições de taxímetros : 3.037
Departamento de Aferições
Com o final da II Guerra Mundial verificou-se a recuperação dos transportes mecânicos da Câmara Municipal de Lisboa existentes e sua substituição gradual por equipamentos mais modernos. Assim passam a integrar a frota municipal uma nova tipologia de veículo desenvolvida pelo exército norte-americano que seria a percursora da marca «Jeep». Deste modo são adquiridos tanto veículos desta marca como de outras marcas europeias como a «Land-Rover», marca que substituirá a hegemonia da «Jeep» neste sector da frota municipal.
Lembro que os "Transportes Mecânicos" da CML integravam desde «Hipomóveis» (carros de tracção animal), motorizadas, carros de distribuição de carnes para os talhos municipais, carros de remoção de lixos, para regas, salubridade, de transporte diverso, para reparação de iluminação pública, transporte de água etc.
Em 1935, a frota dos serviços de limpeza era constituída por 30 viaturas automóveis, com os respectivos "chaufeurs" e 439 hipomóveis, dirigidas por 310 carroceiros. No final da década, o número de viaturas automóveis aumentou para 114 e os hipomóveis ganharam mais 55 unidades.
Veículos de transporte e especiais da CML em 1939
Nas instalações das "Oficinas e Armazéns Gerais da CML", além dos serviços já referenciados, destaque para uma nova Garagem, com uma área útil de 3.890 m2 e capacidade para albergar 170 viaturas, e uma nova Estação de Serviço, que contemplava um recinto de lavagem e desinfecção de viaturas mais consentâneo, com as novas exigências impostas ao serviço. Em 1921 foi contratado o primeiro mecânico de automóveis
Garagens e estação de serviço
Durante o período pós-guerra a renovação da frota, resultou da seguinte forma:
- A quantidade de viaturas motorizadas disponíveis, com um numero de aquisições que rondam as 366 viaturas (78% das quais correspondem a viaturas pesadas e 15% a viaturas ligeiras).
- A diversidade de funções e soluções técnicas aplicadas, que permitem aumentos significativos dos níveis de desempenho, nos sectores tradicionais e a aplicação de viaturas motorizadas a novas funções.
- A significativa redução da percentagem de «Hipomóveis Municipais» em circulação, valor que decresce dos 40% do total da frota em 1946, para um valor residual situado abaixo dos 4% em 1951.
Em 1954, a remoção com hipomóvel ficou reduzida a 2,6%. Nos anos 60, a frota ganhou viaturas de remoção com sistema rotativo, que no início dos anos 80 foi apetrechada com o sistema de remoção hermética. Consultar o post Recolha de Lixos e Lavagem de Ruas .
De momento, nestas instalações mantêm-se ainda alguns serviços e um grande refeitório para funcionários. As oficinas e as garagens das viaturas de recolha dos resíduos sólidos saíram de Alcântara para os Olivais, no final da década de 80.
Aspecto actual da entrada das instalações em Alcântara
fotos in: Museu dos Transportes Municipais de Lisboa, Hemeroteca Digital
4 comentários:
José,
Perco-me, com enorme prazer, neste manancial de cultura e memórias, relembrando algumas e acordando outras…
O seu blogue é, sem reservas, um magnífico legado que se pode e deve transmitir às gerações actuais e futuras.
Grata pela sua existência,
Fátima Castro
D. Fátima
Muito lisonjeado fico com as suas amáveis palavras.
E deixa-me sem palavras ...
Muito lhe agradeço o seu comentário que muito me sensibilizou.
Cumprimentos
José Leite
O José sem palavras?
Isso é que não pode acontecer nunca!...
Com amizade,
Fátima Castro
D. Fátima
Gostei.
Mas sossegue que ...
« - Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.»
Com amizade
José Leite
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